terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

IMAGEM DO DIA

Protestos bloqueiam trânsito para caminhões em rodovias do oeste catarinense

Lula é um oportunista.

24/02/2015
 às 20:31 - Reinaldo Azevedo na Veja

Milicianos petistas partem pra porrada. Ou: Lula é um irresponsável. Lula é um aproveitador. Lula é um oportunista. Lula é um vampiro da institucionalidade. Lula é sanguessuga na nacionalidade. Ou: Marilena Chaui sentiu prazer ao ver o povo apanhando?

Quando petistas resolvem promover um ato “em defesa da Petrobras”, sabendo tudo o que sabemos sobre a roubalheira na estatal, é claro que estão procurando o confronto; é claro que estão provocando o adversário — que, no caso, é o povo brasileiro. O PT, encarnado por Luiz Inácio Lula da Silva, a CUT e a FUP (Federação Única dos Petroleiros) resolveram organizar uma patuscada nesta terça, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio. Os valentes dizem defender a punição dos corruptos — só faltava anunciar o contrário — , mas denunciam uma suposta campanha contra a empresa. O que é, obviamente, mentira.
Pois bem. Muitos brasileiros, vítimas do assalto institucionalizado, decidiram protestar nas proximidades da ABI. E aí aconteceu o que os trogloditas estão querendo há muito tempo. Vestidos com camisetas vermelhas, com a sigla do partido, demonstrando que estão especialmente treinados para o confronto, os brutamontes partiram pra cima dos que protestavam contra a roubalheira na base da porrada.
Atenção! Vocês lerão por aí que houve troca de socos e pontapés. Sim! Mas que fique claro: quem partiu pra cima dos opositores foram os petistas, inconformados com as pessoas que gritavam “Fora PT” e que cobravam o impeachment de Dilma.
Lula é um irresponsável.
Lula é um aproveitador.
Lula é um oportunista.
Lula é um vampiro da institucionalidade.
Lula é sanguessuga na nacionalidade.
É claro que um ato com essas características jamais poderia ter sido marcado — não a esta altura dos acontecimentos. Todo mundo sabe ser mentira que existam pessoas interessadas em prejudicar ou em vender a Petrobras.
Quem destruiu a empresa foi o PT.
Quem nomeou os ladrões foi o PT.
Quem está no comando na empresa nos últimos 13 anos é o PT.
Escrevi aqui anteontem que o partido não está se dando da gravidade dos problemas que se conjugam. Perdeu a leitura da realidade. É impressionante que um ex-presidente da República, líder inconteste do maior partido do país, incentive manifestações que fatalmente terminarão em confronto. E assim é porque o povo está indignado.
Com a baixaria desta terça-feira, o que Lula e seus tontons macoutes estão fazendo é incentivar as manifestações de protesto marcadas para o dia 15 de março. Dilma deveria chamar o seu antecessor e lhe passar uma descompostura. Mas, ora vejam, para tanto, seria necessário que ela fosse, no momento, a chefe política dele. Ocorre que ele a considera nada menos do que sua subordinada.
Lula está com inveja da Venezuela.
Lula está com inveja de Nicolás Maduro.
Lula acha que chegou a hora de rachar algumas cabeças.
Se Dilma não tomar cuidado, o seu mentor (ainda é? ) vai ajudar a apeá-la do Palácio. Aos brasileiros indignados, uma dica: não cedam à provocação dos reacionários, aproveitadores e bandidos vestidos de vermelho.
Ah, sim: Marinela Chaui disse que estaria lá. Estava? Ela, que tanto escreveu sobre democracia, ao ver o povo apanhando dos milicianos petistas, sentiu o quê? Vergonha? Comichão intelectual? Prazer?
Por Reinaldo Azevedo

IMAGENS FANTÁSTICAS

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PEDALE MAIS SE CANSE MENOS

23/02/2015
 às 18:49 \ Tema Livre - Ricardo Setti na Veja

As bicicletas elétricas já viraram, rapidamente, tudo aquilo que a propaganda dos “e-carros” diz que eles vão ser

(Foto: E-bike.com.pt)
Uma e-bike como esta da Coluer chega a 30 km/h (Foto: E-bike.com.pt)
POLÍTICA DE UMA RODA SÓ
Artigo de José Roberto de Toledo publicado no jornal O Estado de S. Paulo
A prefeitura da metrópole argumenta com estatísticas: o uso de bicicletas na cidade cresceu 10% no último trimestre e bateu seu recorde. Elas já são 16% do tráfego de veículos no centro da cidade. É preciso fazer mais ciclovias e estações de aluguel.
Não, não é o paulistano Fernando Haddad. É seu colega londrino, que investe R$ 4 bilhões para melhorar a infraestrutura cicloviária de Londres e aumentar a segurança dos ciclistas. Fora do Brasil, o transporte a pedal não é uma mesquinha questão partidária. É uma imposição econômica.
Todo ano, o mundo produz mais de 130 milhões de bicicletas – o dobro do que fabrica de carros. E essa diferença continua crescendo, entre outros motivos, porque uma invenção centenária está, enfim, seduzindo o mercado: a e-bike.
A bicicleta motorizada existe desde o fim do século 19, mas apenas nos últimos anos a tecnologia evoluiu ao ponto de popularizar a produção de motores elétricos realmente eficientes e de baterias leves, recarregáveis e duradouras. Tudo isso combinado a sensores que captam o movimento e a força da pedalada e transferem para a roda a energia que faltava. O resultado é uma bicicleta que aplaina qualquer cidade.
Um ciclista neófito e com sobrepeso é capaz de subir os três quarteirões da ciclovia da Rua João Ramalho, uma das mais íngremes ladeiras paulistanas, sem ter um infarto – porque o motor elétrico complementa a pedalada com a força necessária. No plano, uma e-bike chega, sem esforço, a 25 km/h. Não é brinquedo. É muito mais um meio de transporte do que de lazer.
(Foto: E-bike.com.pt)
O motor elétrico dá impulso em percursos exigentes (Foto: E-bike.com.pt)
A e-bike já virou aquilo que a propaganda diz que o carro elétrico será um dia. Os números são incomparáveis. Enquanto as vendas de automóveis híbridos no mundo se contam aos milhares, as e-bikes são produzidas aos milhões. Tudo começou na China, onde o desenvolvimento dessa tecnologia é uma prioridade de Estado desde 1991. Hoje, nove em cada dez e-bikes são chinesas. Mas europeus e norte-americanos tentam recuperar o terreno perdido.
As vendas de e-bikes na Alemanha crescem 45% ao ano. Nos EUA, 80%. Um dos inventores da mountain bike, Gary Fisher disse aos fabricantes de bicicletas dos EUA no seu último congresso: “As e-bikes vão eclipsar as mountain bikes. Isso vai ser maior do que qualquer coisa que vocês já viram. E é melhor darem duro, porque, senão, a indústria automobilística vai tomar conta”.
As grandes montadoras de veículos e os fabricantes de autopeças já perceberam a oportunidade e entraram no mercado. Bosch e Yamaha, por exemplo, desenvolveram sistemas integrados de motor e bateria que podem ser adaptados a bicicletas comuns de outros fabricantes. Audi, Ford, Porsche e Smart – para citar algumas marcas que estão se adaptando das quatro para duas rodas – desenvolveram e vendem e-bikes. Não é difícil entender o motivo.

CAMINHONEIROS PARAM ESTRADAS

24/02/2015
 às 15:01

Protesto avança e caminhoneiros param estradas em oito Estados

Na Folha:
O protesto dos caminhoneiros avança e os bloqueios em rodovias do país já chegam a oito Estados nesta terça-feira (24). Até ontem à noite, sete Estados tinham registro de paralisações em estradas, mas, nesta manhã, manifestantes interromperam o trânsito também em rodovias na Bahia, que já tem problemas em 5 pontos. Além do Estado baiano, as regiões afetadas são Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. As principais queixas dos caminhoneiros continuam sendo o aumento no preço do diesel, dos pedágios e dos valores dos tributos sobre o transporte, o que eleva os custos de transporte em um cenário desfavorável para reajustes nos preços do frete.
Apesar de não ter uma liderança unificada e pauta conjunta, o movimento, que começou na semana passada. O movimento ganhou força desde esta segunda-feira (23), quando começaram a causar prejuízo a produtores rurais e indústrias nas regiões com bloqueios. Durante a madrugada, as manifestações também chegaram a São Paulo. Ao menos dez caminhoneiros fecharam por 20 minutos a rodovia Presidente Dutra no sentido São Paulo, próximo à cidade de Guarulhos. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), a interdição provocou uma lentidão de 2 km, mas o trecho já foi normalizado e não existem mais bloqueios.
Bloqueios
Em Arapongas (PR), os caminhoneiros continuavam parados às 10h50 desta terça-feira (24). Eles afirmam que estão lá desde as 9h de domingo. Em Minas Gerais, os caminhoneiros protestam em sete pontos da rodovia Fernão Dias (BR-381). Por causa da paralisação, os motoristas que trafegam no sentido São Paulo encontram trechos de lentidão entre os quilômetros 616 ao 617, 676 ao 677 e do 496 ao 513. Já na direção de Minas Gerais, ocorrem trechos de lentidão entre os quilômetros 681 ao 677, 637 ao 636, 521 ao 513 e do 622 ao 617.Também foram registradas interdições em outras duas rodovias mineiras. Na BR-381, os bloqueios ocorrem próximo às cidades de Igarapé e Oliveira Perdões. Já na BR-040, os manifestantes realizam bloqueios próximo das cidades de Nova Lima e Contagem.
No Rio Grande do Sul, os motoristas encontram pontos de bloqueios em oito rodovias federais nesta manhã. Na BR- 472 é registrado bloqueio próximo à cidade de Boa Vista do Buricá e na BR-293 a interdição é na cidade de Candiota. Na rodovia BR-116, são registrados bloqueios nas cidades de Capão do Leão, Seberi e Camaquã. Já na BR-285 os motoristas enfrentam dois bloqueios próximos ao município de Ijuí.
Quem trafega pela BR-158 encontra três paralisações dos manifestantes, duas delas perto da cidade de Cruz Alta e um em Carazinho. Também há registros de protestos de motoristas que prejudicam o trânsito na BR-468, em Palmeira das Missões; dois pontos da BR-392 na cidade de Pelotas; uma interdição na BR-386, em Sarandi.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

HIV - CUIDADO


FIMDOMUNDISTÃO – Polícia investigará gays que passam HIV de propósito

Por Edgar Maciel, no Estadão. Ainda voltarei ao assunto.A Polícia Civil vai abrir inquérito e fará investigações online de grupos de homossexuais que transmitem o HIV para parceiros sexuais propositalmente. A prática foi revelada pelo Estado no domingo. O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, mobilizou a área de inteligência em internet da polícia para tentar identificar donos dos blogs que compartilham dicas de como contaminar outras pessoas sem serem percebidos. O pedido foi feito pelo secretário da Justiça e da Defesa e Cidadania, Aloísio de Toledo César. Em conversa com Moraes, ele pediu rigor nas investigações do que classifica como um “ato horrorizante”. “Entendo que a homossexualidade é uma opção pessoal que deve ser respeitada, mas não se pode admitir, em hipótese nenhuma, que pessoas de baixo nível moral se esforcem para transmitir o HIV a outras”, afirmou. 
Disfarce
Segundo Toledo, Alexandre de Moraes orientou as equipes do Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) para agirem disfarçadamente na identificação dos grupos. Serão analisados salas de bate-papo, páginas na internet, blogs e até clubes e saunas de sexo. “Combinamos de estimular todas as ações que possam evitar que essas pessoas continuem a retransmitir o vírus de forma criminal”, disse Toledo. “Quando a transmissão se aperfeiçoa dessa forma dolosa, o entendimento da Justiça é de que a figura jurídica configura como uma tentativa de homicídio, com pena mais grave”, complementou. Segundo o artigo 130 do Código Penal, a pena para quem transmite o vírus sem o consentimento do parceiro é de até 4 anos de prisão. 
Dicas
A investigação da polícia começa depois que o Estado divulgou que adeptos da modalidade bareback, na qual homens gays transam com parceiros sem camisinha, têm compartilhado técnicas para fazer sexo sem proteção ou furar o preservativo. Conhecidos como o “clube do carimbo”, divulgam fotos, vídeos e dicas com o “passo a passo” da contaminação. Em uma das páginas, as frequentes postagens alertavam que o carnaval e as férias escolares são momentos propícios para “carimbar” (quando o soropositivo retransmite o vírus), principalmente os jovens. Para os secretários, os criminosos só serão identificados se as vítimas denunciarem. “São casos complicados e muitas vezes são escondidos pelas próprias famílias. Para facilitar o processo de investigação, é necessária a denúncia dos casos à Polícia Civil”, avaliou Toledo.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

FHC BATE DURO

20/02/2015
 às 18:06 \ Política & Cia

FHC BATE DURO: Dilma usa tática de quem rouba — e depois grita “pega ladrão”

Fernando Henrique: (Foto: Wilton Junior/Agência Estado)
O ex-presidente Fernando Henrique: “Uma vez que a própria presidente entrou na campanha de propaganda defensiva, aceitando tática infamante (…), sou forçado a reagir”  (Foto: Wilton Junior/Agência Estado)
O ex-presidente respondeu às declarações da chefe do governo, que culpou a gestão do presidente de honra do PSDB por não ter iniciado uma investigação sobre desvios na Petrobras. FHC diz que a roubalheira do petrolão é um “processo sistemático” que envolve os governos Dilma e Lula
De VEJA.com
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso respondeu nesta sexta-feira às declarações da presidente Dilma Rousseff, que lançou mão da velha tática petista e culpou o governo FHC por não ter iniciado uma investigação sobre os desvios na Petrobras na década de 1990.
Em nota, o ex-presidente afirma que Dilma aceitou “a tática infamante da velha anedota do pungista que mete a mão no bolso da vítima, rouba e sai gritando ‘pega ladrão’”.
FHC salientou o fato de Dilma tratar do trecho da delação premiada em que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirma que começou a receber propina da empresa holandesa SBM offshore em 1997, mas ignorar as demais revelações feitas por ele.
“O delator a quem a presidente se referiu foi explícito em suas declarações à Justiça. Disse que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor. Somente a partir do governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou sistemática”, afirmou.
E questiona: “Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época?”.
Ainda segundo o ex-presidente, o petrolão não é caracterizado por desvios de conduta individuais de funcionários da Petrobras – nem são os empregados, em sua maioria, os responsáveis.
“Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da presidente Dilma e do ex- presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários”.
O ex-presidente encerra a nota recomendando mais cuidado a Dilma diante dos fatos. “Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de consciência”, afirma.
Ao tratar da delação de Barusco, a presidente se calou sobre a mais grave informação prestada pelo delator: a de que o tesoureiro do PT João Vaccari Neto recebeu até 200 milhões de dólares em propina do escândalo do petrolão.
EIS A ÍNTEGRA DA DECLARAÇÃO PUBLICADA POR FHC EM SUA PÁGINA NO FACEBOOK
“Até agora, salvo lamentar o caráter de tsunami que a corrupção tomou no caso do “Petrolão”, não adiantei opiniões sobre culpados ou responsáveis, à espera do resultado das investigações e do pronunciamento da Justiça.
“Uma vez que a própria Presidente entrou na campanha de propaganda defensiva, aceitando a tática infamante da velha anedota do punguista que mete a mão no bolso da vítima, rouba e sai gritando “pega ladrão”!”, sou forçado a reagir.
“1. O delator a quem a Presidente se referiu foi explícito em suas declarações à Justiça. Disse que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor; somente a partir do governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou sistemática. Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época?
“2. Do mesmo modo, a delação do empreiteiro da Setal Engenharia reafirma que o cartel só se efetivou a partir do governo Lula.
“3. No caso do “Petrolão” não se trata de desvios de conduta individuais de funcionários da Petrobras, nem são eles, empregados, em sua maioria, os responsáveis. Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da Presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de Administração da empresa e Ministra de Minas e Energia) e do ex- presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários.
“4. Diante disso, a Excelentíssima Presidente da Republica deveria ter mais cuidado. Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de consciência. Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor”.
Fernando Henrique Cardoso
Ex-presidente da República”

A CULPA E DO SENHOR

20/02/2015
 às 19:05 \ Direto ao Ponto

O palavrório de Dilma sobre o Petrolão avisa que o estoque de vigarices chegou ao fim

A interrupção do surto de mudez teria sido menos desastrosa se a presidente resolvesse desviar milhões de olhares concentrados na roubalheira do Petrolão recorrendo a qualquer das seis ideias de jerico arroladas na enquete da vez. Caso anunciasse o início das obras da Transposição das Águas do Rio Amazonas, por exemplo, Dilma Rousseff teria demonstrado que a inventividade dos consultores Lula e João Santana ainda dá para o gasto.
Mesmo a promessa de construir 6 milhões de creches até 2018 pareceria menos absurda que a mágica de picadeiro reapresentada na abjeta entrevista desta sexta-feira: culpar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pela transformação da Petrobras numa usina de ladroagens a serviço dos governos lulopetistas, operada pelo partido que virou bando, pela base alugada e por gatunos de estimação disfarçados de empresários ou executivos.
Há dois dias, sob o título “Lula pariu a primeira ideia para adiar o desabamento do poste de terninho”, a coluna publicou a charge do Alpino em que o padrinho sopra a sugestão à afilhada: “Que tal a gente botar a culpa no governo anterior?” Nesta tarde, a tentativa de incluir o Petrolão na “herança maldita de FHC” inventada pelos farsantes no poder transformou em furo de reportagem o post sarcástico reproduzido abaixo. E confirmou que o estoque de vigarices chegou ao fim.
Como sabem até os índios das tribos isoladas, os bebês de colo e os napoleões-de-hospício, o maior esquema corrupto de todos os tempos é uma realização dos governos Lula e Dilma. Da produção à distribuição, da montagem do roteiro à escolha do elenco, da direção à maquiagem, do cálculos das comissões e propinas ao recrutamento dos figurantes, tudo no Petrolão tem as digitais do PT e seus comparsas. O mais ruinoso faroeste brasileiro será o mais revelador documentário sobre a era em que o país foi dominado pelo grande clube dos cafajestes.
O truque da ilusionista aprendiz é destroçado pelo que se lê no site de VEJA, começando pela vigorosa réplica de FHC. Dilma jamais perde a oportunidade de desferir um tiro no próprio pé, mas poucas vezes os estragos foram tantos. Ao amparar-se no depoimento de Pedro Barusco para atirar em Fernando Henrique, por exemplo, a bucaneira sem mira nem bala chancelou todas as revelações feitas pelo ex-gerente executivo da Petrobras. Entre outras safadezas colossais, Barusco  que confessou ter abastecido os cofres do PT com 200 milhões de reais desviados da estatal.
Tudo somado, o palavrório de Dilma só serviu para atestar que, depois de mais de 12 anos de tapeação, os farsantes no poder se enfurnaram no que é mais que um beco sem saída. É a trilha que termina no penhasco.
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

só o que a lei permite

18/02/2015
 às 22:42

Saia daí, Cardozo! PF é Polícia Judiciária; o senhor não tem nada com isso! Ou: Advogados podem fazer o que a lei não proíbe; ministro, só o que a lei permite

Vamos botar um pouco de ordem na orgia, como diria o Marquês — o de Sade, não o de Rabicó, que nunca foi um dos Três Porquinhos. É claro que advogados, quaisquer advogados, têm o direito de falar com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ou outro. Se a República souber qual é a pauta, então, tanto melhor, não é?, já que paga a o salário do ministro e todos os custos diretos e indiretos que a função enseja. Mas digamos que um advogado vá conversar com Cardozo para cuidar de uma crise existencial, para debater as últimas descobertas da medicina, para discutir se o país precisa tomar antidepressivo, ansiolítico ou um regulador de humor… Pode não ser nada disso. Selo! Isto! Vai que um ministro seja um filatelista. Fico cá imaginando as sinuosidades desse saber… Talvez seja um mundo fascinante, à espera da nossa entrega dedicada.
O que não pode — e aí não pode mesmo! — é o ministro da Justiça receber advogados de réus para debater o encaminhamento de uma ação que corre por caminhos alheios — até onde sabe — à intervenção da autoridade em questão. A menos que os poderes tentaculares e eventualmente extraoficiais ou extracurriculares do ministro consigam operar prodígios na Polícia Federal e no Ministério Público Federal.
Cardozo e alguns doutores estão tentando, vamos dizer, reagir além do razoável à retórica sempre exacerbada de Joaquim Barbosa e criar uma reação corporativa de advogados, como se alguém estivesse querendo cercear o direito de defesa. Uma ova! O fato é que VEJA informou o conteúdo de uma conversa entre Cardozo, Sérgio Renault — um dos advogados da UTC — e o petista Sigmaringa Seixas, que estava presente, até onde se sabe, porque petista e também amigo de Lula; não consta que alguém o tenha constituído como causídico. E os assuntos tratados na conversa são graves. Cardozo informou que a oposição se enrola na Lava Jato depois do Carnaval, e todos trataram da conveniência de Lula entrar na parada. Com que poder? Com que propósito? Eis o busílis.
Vamos, então, botar ordem nas coisas. A PF é uma polícia judiciária; atua sob o comando da Justiça. A sua subordinação ao ministro é meramente administrativa. Se irregularidades ou arbitrariedades estão sendo cometidas, isso é assunto para o Tribunal Regional Federal do Rio Grande do Sul, não para Cardozo. Ou será que o ministro é capaz de me dizer o que ele tem a ver com o peixe e os peixões? Se, por qualquer razão, o TRF ignorar reclamações de transgressões óbvias, o caminho é o Conselho Nacional de Justiça. Cardozo é só um atalho que conduz ao achincalhe do Estado de Direito.
O juiz Sérgio Moro se pronunciou a respeito. Escreveu: “Existe o campo próprio da Justiça e o campo próprio da política. Devem ser como óleo e água e jamais se misturarem. A prisão cautelar dos dirigentes das empreiteiras deve ser discutida, nos autos, perante as Cortes de Justiça. Intolerável, porém, que emissários dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir o processo judicial e as decisões judiciais com autoridades políticas, em total desvirtuamento do devido processo legal e com risco à integridade da Justiça e à aplicação da lei penal”.
Nesta página, sempre se fala tudo, sem receio de a quem incomodar. Sim, acho as tais reuniões intoleráveis, mas nada há de intolerável em que um defensor busque os recursos que estiverem a seu alcance — desde que não saia cometendo crimes por aí. Incomoda-me, na reação de Moro, que toda a carga negativa se volte contra os acusados e seus defensores. Ora, quem cometeu a, como direi?, transgressão funcional foi Cardozo. É ele a autoridade. Quem não deve se entregar a certos desfrutes, convenham, é o senhor ministro. Os advogados PODEM FAZER TUDO O QUE A LEI NÃO PROÍBE, e a lei não proíbe que falem com ministros. Já CARDOZO PODE FAZER SÓ O QUE A LEI PERMITE. E eu quero saber onde está escrito que lhe é permitido manter conversas como aquela.
O PSDB decidiu abrir três frentes para tentar levar Cardozo a se explicar no Congresso. Vão pedir a sua convocação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, na CPI da Petrobras na Câmara e na eventual CPI Mista. Ainda a ser criada. O PPS, por sua vez, entrou com um requerimento para que a Comissão de Ética Pública da Presidência examine o comportamento do ministro. É o mínimo.
Para encerrar
Já deixei claro aqui o que penso. Acho uma desnecessidade, manter, a esta altura, a prisão preventiva dos réus. Os motivos previstos no Artigo 312 do Código de Processo Penal já não se aplicam mais. Não estou interessado em cortar cabeças, em demonizar pessoas, em ser justiceiro. Eu defendo que os presos passem a responder em liberdade justamente porque acho que será a melhor aplicação do Estado de Direito.
E, por isso também, cobro a demissão sumária de José Eduardo Cardozo. É evidente que este senhor perdeu a condição de ser ministro da Justiça. Para ser justo com a minha própria análise histórica, corrijo o que acabei de escrever: ele nunca teve condição de ser ministro da Justiça.
Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

PT - PARTIDO ENGOLIU O ESTADO


13/02/2015 - Por Reinaldo Azevedo

Costa, Cardozo e a sem-vergonhice institucionalizada

Paulo Roberto Costa disse em depoimento que não foi o único diretor da Petrobras a receber propina. Taí uma coisa em que acredito. De resto, isso já está dado, não é? Todos sabemos que há outros. E eu vou mais longe, e é este o ponto que me interessa: que razão haveria para o esquema vigorar apenas na Petrobras? Não se está diante de um desvio, mas de um método.
O que me incomoda na tese do Ministério Público Federal, que sustenta a formação de cartel de empreiteiras? A suposição de que elas decidiram se unir para fraudar contratos com a Petrobras. Não! O que se viu na estatal é um modelo de relação do estado com o setor privado. E quem dá as cartas e tem o monopólio da aplicação da lei é esse estado.
Isso tem história e até resquícios de teoria política. Não duvidem de que existem alguns “magos” do pensamento que acham que é assim mesmo que se faz: eles estariam apenas usando de algumas fissuras morais do “sistema” para poder implementar a sua nova ética. Coisa, em suma, de canalhas. E, claro, em meio aos ladrões que se ancoram numa, vá lá, ideologia, há os batedores de carteira de sempre, já que a bandidagem sabe reconhecer os seus iguais, ainda que estes aleguem outros propósitos.
Reportagem da mais recente edição da VEJA, que já está nas bancas (leia post anterior), demonstra que José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça,  começou a se mexer nos bastidores para garantir às empreiteiras que tudo se acalma a partir do Carnaval. E essa garantia foi dada muito especialmente ao advogado Sérgio Renault, defensor da UTC.
O dono da UTC é Ricardo Pessoa, acusado de ser o coordenador de um certo  “Clube das Empreiteiras”. É amigo pessoal de Lula e considera que foi jogado às cobras. Num manuscrito, deixou claro que a natureza do jogo é mesmo a política e sugeriu que as empreiteiras investigadas foram francas colaboradoras da campanha de reeleição de Dilma.
A promessa de paz
Nos bastidores, corredores e porões de Brasília, afirma-se que, depois do Carnaval, sai a lista dos políticos. Segundo essa versão, passada adiante também por Cardozo (como é que ele sabe?), alguns nomes graúdos da oposição apareceriam envolvidos na lambança. Isso criaria a união necessária para que todos tentem se salvar, não fazendo virar o barco. Na conversa com Renault, Cardozo entendeu que Pessoa não está disposto a servir de boi de piranha.
O ministro da Justiça também saiu agora a botar sob suspeição a investigação, indagando por que ela não abarca os anos FHC, já que pelo menos um delator premiado, Pedro Barusco, afirma ter começado a receber propina em 1997. Bem, é possível que sim. Mas vamos ver: Barusco era um quadro técnico. Em boa parte dos países, quando as empresas decidem comprar almas, procuraram esses cargos intermediários. Parece que foi o que aconteceu com o tal gerente, lá nas priscas eras. No Brasil, em razão do modelo — essa estrovenga que chamam “presidencialismo de coalizão” —, os políticos é que têm a primazia.
Notem: não serei eu a criminalizar a política. Cardozo tem todo o direito de achar que a presidente é inocente ou que defensores do impeachment padecem de “problema psicológico”. Articular, no entanto, uma linha de defesa, envolvendo os réus, bem, aí já é a esculhambação completa.
Mas eu não esperava dele nada diferente. Ninguém recebe o carinhoso apelido de um dos “Três Porquinhos”, como Dilma o chamou (os outros eram Antonio Palocci e José Eduardo Dutra), porque goste, vamos dizer, de ambientes assépticos.
Por Reinaldo Azevedo ShareARTIDO ENGOLIU O ESTADO

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

MAIS UMA ASSOMBRAÇÃO

13/02/2015 - Por Reinaldo Azevedo - O rotiwailer amoroso

Tomara que Pizzolato volte para aterrorizar os pilantras mensaleiros. Ou: Roberto Barroso, o falastrão do caso Battisti. Ou: O Brasil ficou com um criminoso italiano, mas acho que a Itália não quer um criminoso brasileiro…

A Corte de Cassação da Itália, a mais alta instância da Justiça daquele país, autorizou a extradição de Henrique Pizzolato, ex-gerente de marketing do Banco do Brasil, condenado a 12 anos e sete meses de prisão por peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Notem: o que fez o tribunal foi afirmar que a extradição é possível. A decisão cabe ao governo, mais especificamente ao ministro Andrea Orlando, da Justiça. A questão só chegou à alta corte do país porque Pizzolato tem dupla nacionalidade. No Brasil, quem andou a dizer sandices foi o ministro Roberto Barroso, relator do processo do mensalão no Supremo. Por que afirmo isso? Vamos lá.
Indagado a respeito do caso, Barroso afirmou o seguinte: “Se houve uma condenação, e a Itália não entregar Pizzolato para que a pena seja cumprida no Brasil, certamente haverá uma sensação de impunidade. Pior do que uma sensação de impunidade: haverá um fato real e concreto de impunidade já que há uma decisão transitada em julgado”.
Sim, eu concordo com o ministro. Mas quem é ele para falar?
Antes de chegar ao Supremo, Barroso foi advogado de Cesare Battisti, o terrorista que conseguiu refúgio no Brasil por obra do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Battisti, membro de um grupo de extrema esquerda chamado Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), foi condenado à prisão perpétua na Itália pelo assassinato de quatro pessoas. O criminoso fugiu para a França, que decidiu extraditá-lo, Seus advogados recorreram à Corte Europeia contra a extradição. Perderam. O bandido fugiu, então, para o Brasil.
Em 2009, Tarso Genro, ministro da Justiça, lhe concedeu refúgio político — embora Battisti tenha sido condenado na Itália por crime comum. Em sua justificativa, o petista escreveu uma das peças mais patéticas da história. Afirmou, o que é escandalosamente mentiroso, que Battisti tinha sido vítima de um julgamento de exceção, durante os chamados “Anos de Chumbo”. A expressão designa o tempo em que a Itália enfrentou tanto o terrorismo de extrema esquerda como o terrorismo de extrema direita. Ocorre que, atenção!, jamais deixou de ser uma democracia.
O governo da Itália pediu a sua extradição, e a questão chegou ao Supremo. O grande e midiático defensor de Battisti, na fase final do julgamento, foi justamente Barroso. O Supremo tomou, então, uma das mais escandalosas decisões de que se têm notícia, prestem atenção: considerou, sim, ilegal o refúgio concedido ao italiano, mas disse que caberia ao presidente da República dar a palavra final, nos termos do Tratado de Extradição. Lula fez o quê? Concedeu o refúgio — contra o tratado. O Supremo voltou a se pronunciar. Consideraram a decisão de Lula ilegal os ministros Gilmar Mendes, Ellen Gracie e Cezar Peluso. Viram a decisão do petista como ato de soberania de Estado Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio. Ou por outra: seis ministros consideraram que o presidente é soberano para tomar uma decisão ilegal.
Agora volto a Barroso. Perguntaram a ele se o caso de Pizzolato não era semelhante ao de Battisti. Ora, é claro que é! Com duas diferenças: o terrorista não tinha dupla cidadania e cometeu crime de morte. O ministro, claro, negou a semelhança: “Não há nenhum tipo de analogia possível, nem muito menos eu imaginaria que uma democracia madura como a italiana, com instituições consolidadas, teria a preocupação de retaliar numa situação como essa.”
Espero que não! Espero que o governo da Itália não decida ficar com um criminoso brasileiro, assim como o governo do Brasil decidiu ficar com um criminoso italiano. Até porque não seria retaliação, mas burrice.
Torço para que Pizzolato volte e aterrorize os pilantras mensaleiros. Quanto ao ministro Barroso, dizer o quê? Deveria ser menos falastrão. 
Por Reinaldo Azevedo

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

“Bob” é Dirceu

2/02/2015
 às 15:49

Atenção! “Bob” é o nome de um amigo de Dirceu, que já foi seu assessor e carregador de malas, que tinha autorização para sacar dinheiro do mensalão que estava no Banco Rural

Vejam esta foto:
DÚVIDA – O que será que o ajudante Bob Marques carregava na mala da foto? Documentos, autorizações de saque, fotos de Fidel Castro? Os dois, segundo Bob, são amigos há mais de vinte anos (Foto: Ernesto Rodrigues/AE)
DÚVIDA – O que será que o ajudante Bob Marques carregava na mala da foto? Documentos, autorizações de saque, fotos de Fidel Castro? Os dois, segundo Bob, são amigos há mais de vinte anos (Foto: Ernesto Rodrigues/AE)
Então, no esquema do petrolão, Dirceu era “Bob”? É uma porcaria que a gente tenha lugar reservado na memória para os escândalos, que vão se multiplicando. Fazer o quê? Faz parte da nossa profissão, infelizmente.
Recomendo aos investigadores que também puxem pela memória. No dia 3 de agosto de 2005, a VEJA publicou uma reportagem (eu a reproduzo abaixo, em azul) em que informava que Bob Marques, um assessor de Dirceu e, literalmente, carregador de malas, tinha autorização para sacar dinheiro do mensalão do Banco 
Rural. É preciso ver se o “Bob” de agora não é o mesmo “Bob” de antes. Tendo a achar que sim, né? Por que tamanha falta de imaginação com os apelidos?
Leiam a reportagem intitulada “Aonde Dirceu vai, o Bob vai atrás”. O assessor recorreu à Justiça para receber da VEJA R$ 100 mil de indenização por danos morais. O pedido foi negado pelo juiz Manoel Luiz Ribeiro, da 3ª Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros, na capital paulista (aqui a está a decisão). No dia 1º de outubro de 2012, lembrei neste blog a história do Bob.*
Não foi só o depoimento de Renilda Santiago que colocou o ex-ministro José Dirceu no epicentro do escândalo do mensalão. Um documento, apreendido pela Polícia Federal na agência do Banco Rural em Belo Horizonte, revela que, entre as pessoas autorizadas a sacar dinheiro das contas do publicitário Marcos Valério, estava um dos principais ajudantes de Dirceu, Roberto Marques, conhecido como “Bob”, que cuida da agenda e das contas do ex-chefe da Casa Civil.
A descoberta surpreendeu a bancada petista na CPI dos Correios e provocou frisson entre os oposicionistas, que vêem no documento em poder da comissão o mais forte indício até agora da ligação de Dirceu com o esquema irregular de arrecadação de fundos. O documento, um fax com papel timbrado do Banco Rural, foi enviado à agência de São Paulo no dia 15 de junho do ano passado. Nele, um funcionário da agência mineira encaminha ao colega da Avenida Paulista uma autorização para o “sr. Roberto Marques receber a quantia de 50.000, referente ao cheque 414270, da empresa SMPB Comunicação”.
Os membros da CPI já sabem que, apesar da autorização dada ao ajudante de Dirceu, o saque foi feito no dia seguinte por Luiz Carlos Mazano, contador da corretora Bonus-Banval, que também estava autorizado a realizá-lo. A corretora informou que realmente tem um funcionário com esse nome, mas que o saque teria sido feito por um homônimo. O advogado da corretora, Antônio Sérgio Pitombo, vê armação. “Quando se associa o homônimo à corretora, o que se quer é agir de má-fé e desviar o foco das investigações da CPI”, diz. Não é a primeira vez que o nome da Bonus-Banval aparece na investigação do escândalo do mensalão.
Em Brasília, as investigações identificaram saques no valor de 225.000 reais cujo autor é Benoni Nascimento de Moura, funcionário da Banval. A corretora diz que está realizando uma auditoria interna para descobrir se houve alguma irregularidade cometida pelo funcionário Benoni. Quanto a Roberto Marques, a Bonus-Banval diz que não conhece nem nunca ouviu falar do ajudante de Dirceu. Pouco se sabe ainda sobre as atividades da corretora paulista, exceto que ela empregou até o fim do ano passado como estagiária Michele Janene, filha do deputado José Janene, suspeito de ser um dos chefes do mensalão. Talvez um bônus do tipo banval.
O aparecimento de Roberto Marques deve pautar os debates da CPI dos Correios, que vai ouvir nesta semana a diretora financeira da SMPB, Simone Vasconcelos. Bob é uma espécie de secretário particular de Dirceu. Faz as vezes de motorista, de despachante e de carregador de bagagem. Funcionário da Assembléia Legislativa de São Paulo, ninguém sabe direito o que ele é realmente – só que está sempre na companhia de Dirceu. Em muitas ocasiões, foi visto circulando por gabinetes do Palácio do Planalto.
Em março deste ano, Bob, sob o comando de Dirceu, foi um dos mais ativos operadores na campanha para a presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo. A parceria entre Bob e Dirceu é tão intensa que o assessor chegou a representar oficialmente o então ministro da Casa Civil em solenidades, como a organizada pela Associação para Prevenção e Tratamento da Aids, realizada em 2003, em São Paulo. “Sou amigo do Zé há vinte anos. Faço companhia a ele nos fins de semana e ajudo no que for possível”, afirma Bob. Dinheiro de Valério?
Ele garante que nada tem a ver com isso. É, segundo ele, coincidência ou armação. “Só em São Paulo existem 5.000 pessoas com o mesmo nome”, diz o amigo-secretário de Dirceu. “Nunca estive no Rural, não saquei dinheiro nenhum e se usaram meu nome foi indevidamente”, garante ele. O problema é que a CPI resolveu investigar e descobriu que a autorização foi, sim, dada ao assessor legislativo, embora ele não tenha sido o autor do saque. “Só pode ser então uma armação para complicar a vida do Zé Dirceu”, afirma. Esse Bob é mesmo esponja.
A confirmação de que o Roberto Marques do documento do Rural é o mesmo Bob ajudante de Dirceu foi dada a VEJA na última sexta-feira pelo deputado Carlos Abicalil, do PT de Mato Grosso. Sub-relator da CPI dos Correios, o parlamentar contou que foi procurado pelo próprio Marques na semana retrasada para tentar esclarecer o aparecimento de seu nome nos documentos contábeis do Banco Rural. Segundo o deputado, o assessor repassou o número de sua identidade e de seu CPF, para que ele pudesse conferir com os documentos em poder da CPI. O resultado da pesquisa, nas palavras do próprio deputado, foi o seguinte: “O número do RG conferia. Só não conferia o saque”, diz.
Acima, a autorização para o faz-tudo de Dirceu sacar R$ 50 mil da conta de Valério no Banco Rural. Quanta coincidência!!!
Acima, a autorização para o faz-tudo de Dirceu sacar R$ 50 mil da conta de Valério no Banco Rural. Quanta coincidência!!!
Dirceu sabia que o documento com o nome do ajudante apareceria cedo ou tarde. O próprio Roberto Marques contou ter conversado com o ex-ministro sobre o assunto muito antes de surgirem os rumores de que o papel existia. “Eu disse que não tinha nada a ver com isso.” Desde o início da semana passada, Dirceu procurava insistentemente falar com o presidente da CPI, o senador Delcidio Amaral. Na terça-feira, Delcidio foi à casa do ex-ministro, onde passou meia hora. Os dois tiveram uma conversa dura, segundo relatos ouvidos por membros da CPI.
Oficialmente, discutiram sobre o andamento dos trabalhos da comissão. O ex-ministro demonstrou grande preocupação com a velocidade da investigação e, principalmente, com o vazamento de documentos – um estranho incômodo para quem, em tese, nada tem a ver com o assunto. Dirceu também defendeu que seu depoimento era desnecessário. Por fim, fez uma proposta indecorosa ao presidente da CPI. Sugeriu a Delcidio que barganhasse seu depoimento em troca da não-convocação do presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, cujo nome também apareceu como beneficiário do dinheiro de Marcos Valério.
Delcidio desconversou. Outros parlamentares afirmam que Dirceu queria sumir ainda com a autorização de saque para Bob, sob a alegação de que era um papel avulso, sem validade jurídica. Sobre o aparecimento do nome de seu secretário particular, ajudante, amigo e, agora se sabe, pau para toda a obra, Dirceu mandou dizer que tudo indica tratar-se de uma “plantação” para prejudicá-lo. A convocação do ex-ministro para a CPI deverá ser aprovada nesta semana.
Por Reinaldo Azevedo