domingo, 28 de junho de 2015

A RENÚNCIA É UMA SAIDA

27/06/2015
 

A REPORTAGEM-BOMBA DE VEJA: O EMPREITEIRO CONTA TUDO – Renuncie, Dilma! Faça ao menos um bem ao Brasil. Ou aguarde o impeachment, o que vai custar mais caro aos pobres

Abre VEJA - Revelações de Pessoa
A economia vai mal. Muito mal. Mas a política está muito pior. É discutível se a crise econômica piora a política, mas é certo que a crise política piora a economia. É a fraqueza do governo que dá as cartas. Dilma não sabe o que dizer, o que fazer, o que anunciar. E, um ano e três meses depois de iniciada a operação Lava Jato — depois de muitos desacertos, ainda em curso, protagonizados também pela Procuradoria-Geral da República, sob o comando de Rodrigo Janot, e pelo juiz Sergio Moro —, eis que cai a máscara, eis que a verdade se desnuda: UMA VERDADEIRA MÁFIA TOMOU CONTA DO ESTADO BRASILEIRO. E ELA PRECISA SER TIRADA DE LÁ PELA LEI.
Vá à banca mais próxima e adquira um documento: a edição desta semana da revista VEJA. Em 12 páginas, você lerá, no detalhe, como atuou — atua ainda? — a máfia que tomou conta do Brasil e como se construiu o establishment político que nos governa. O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e ex-amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva, resolveu contar tudo. Ficou preso mais de cinco meses. Só fez o acordo de delação premiada depois de ter deixado a cadeia.ESTE BLOGUEIRO FALASTRÃO, COMO LULA ME CLASSIFICOU NO CONGRESSO DO PT, SENTE-SE, DE ALGUM MODO, VINGADO. Vingado também contra as hostes da desqualificação e do cretinismo da esquerda e da direita burra e desinformada. NÃO HÁ NEM NUNCA HOUVE CARTEL DE EMPREITEIRAS, COMO SEMPRE SUSTENTEI. O QUE SE CRIOU NO BRASIL FOI UMA ESTRUTURA MAFIOSA DE ACHAQUE.
É claro que as empreiteiras praticaram crimes também. Mas não o de formação de cartel. Insistir na tese do cartel CORRESPONDE A NEGAR A ESSÊNCIA DO MODELO QUE NOS GOVERNA.
Achaque Edinho
O achaque
VEJA teve acesso ao conteúdo da delação premiada de Ricardo Pessoa, homologada pelo ministro Teori Zavascki. É demolidor. Segue, em azul, um trecho do que vai na revista:
Em cinco dias de depoimentos prestados em Brasília, Pessoa descreveu como financiou campanhas à margem da lei e distribuiu propinas. Ele disse que usou dinheiro do petrolão para bancar despesas de dezoito figuras coroadas da República. Foi com a verba desviada da estatal que a UTC doou dinheiro às campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2014. Foi com ela também que garantiu o repasse de 3,2 milhões de reais a José Dirceu, uma ajudinha providencial para que o mensaleiro pagasse suas despesas pessoais.
A UTC ascendeu ao panteão das grandes empreiteiras nacionais nos governos do PT. Ao Ministério Público, Pessoa fez questão de registrar que essa caminhada foi pavimentada com propinas. O empreiteiro delatou ao STF essas somas que entregou aos donos do poder, segundo ele, mediante achaques e chantagens. Relatou que teve três encontros em 2014 com Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma e atual ministro de Comunicação Social.
Nos encontros, disse, ironicamente, ter sido abordado “de maneira bastante elegante”. Contou ele: “O Edinho me disse: ‘Você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando”. A abordagem elegante lhe custou 10 milhões de reais, dados à campanha de Dilma. Um servidor do Palácio chamado Manoel de Araújo Sobrinho acertou os detalhes dos pagamentos (…).
Documentos entregues pelo empresário mostram que foram feitos dois depósitos de 2,5 milhões de reais cada um, em 5 e 30 de agosto de 2014. Depois dos pagamentos, Sobrinho acertou com o empreiteiro o repasse de outros 5 milhões para o caixa eleitoral de Dilma. Pessoa entregou metade do valor pedido e se comprometeu a pagar a parcela restante depois das eleições. Só não cumpriu o prometido porque foi preso antes.
(…)
RetomoEdinho, claro, nega. Será preciso agora saber quem é o tal Manoel Araújo Sobrinho, que tem de ser convocado pela CPI nas primeiras horas da segunda-feira. Ricardo Pessoa sempre foi considerado o homem-bomba do caso, muito especialmente por Lula e pelo Palácio do Planalto. Ele é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público como o coordenador do “Clube do Bilhão”. O nome é meio boboca, e duvido que tenha existido algo parecido. Mas é inegável que ele exercia uma espécie de liderança política entre os empresários.
Escrevi aqui umas quinhentas vezes que INSISTIR NA TESE DO CARTEL CORRESPONDIA A NEGAR A NATUREZA DO JOGO. Empresas, quando se cartelizam, fazem uma vítima do outro lado. Sim, as vítimas da roubalheira são os brasileiros, é inegável. Mas, do outro lado da negociação com as empreiteiras, estava a Petrobras, a contratadora única, que determinava os preços, e no comando da empresa, a máfia que tomou conta do governo e impunha as suas vontades.
Achque caneco
Máfia cachaceira
Quando falo em máfia, não forço a mão nem recorro a uma figura de linguagem. Havia até senha secreta para entregar dinheiro aos petistas, segundo Ricardo Pessoa. As palavras, nem poderia ser diferente, referem-se, vamos dizer, ao universo alcoólico. Tudo compatível com um Poderoso Chefão chamado “Brahma”. Leiam esta passagem da reportagem, em que o empreiteiro conta como era entregue O DINHEIRO VIVO AO TESOUREIRO DA CAMPANHA DE LULA, EM 2006.
Segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, a UTC contribuiu com 2,4  milhões de reais em dinheiro vivo para a campanha à reeleição de Lula, numa operação combinada diretamente com José de Filippi Júnior, que era o tesoureiro da campanha e hoje trabalha como secretário de Saúde da cidade de São Paulo.
Para viabilizar a entrega do dinheiro e manter a ilegalidade em segredo, o empreiteiro amigo de Lula e o tesoureiro do presidente-candidato montaram uma operação clandestina digna dos enredos rocambolescos de filmes sobre a máfia. Pessoa contou aos procuradores que ele, o executivo da UTC Walmir Pinheiro e um emissário da confiança de ambos levavam pessoalmente os pacotes de dinheiro ao comitê da campanha presidencial de Lula. Para não chamar a atenção de outros petistas que trabalhavam no local, a entrega da encomenda era precedida de uma troca de senhas entre o pagador e o beneficiário.
Ao chegar com a grana, Pessoa dizia “tulipa”. Se ele ouvia como resposta a palavra “caneco”, seguia até a sala de Filippi Júnior. A escolha da senha e da contrassenha foi feita por Pessoa com emissários do tesoureiro da campanha de Lula numa choperia da Zona Sul de São Paulo. Antes de chegar ao comitê eleitoral, a verba desviada da Petrobras percorria um longo caminho. Os valores saíam de uma conta na Suíça do consórcio Quip, formado pelas empresas UTC, Iesa, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, que mantém contratos milionários com a Petrobras para a construção das plataformas P-53, P-55 e P-63.
Em nome do consórcio, a empresa suíça Quadrix enviava o dinheiro ao Brasil. A Quadrix também transferiu milhares de dólares para contas de operadores ligados ao PT. Pessoa entregou aos investigadores as planilhas com todas as movimentações realizadas na Suíça. Os pagamentos via caixa dois são a primeira prova de que o ex-presidente Lula foi beneficiado diretamente pelo petrolão.
Até agora, as autoridades tinham informações sobre as relações lucrativas do petista com grandes empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, mas nada comparável ao testemunho e aos dados apresentados pelo dono da UTC. Depois de deixar o governo, Lula foi contratado como palestrante por grandes empresas brasileiras. Documentos obtidos pela Polícia Federal mostram que ele recebeu cerca de 3,5 milhões de reais da Camargo Corrêa. Parte desse dinheiro foi contabilizada pela construtora como “doações” e “bônus eleitorais” pagos ao Instituto Lula. Conforme revelado por VEJA, a OAS também fez uma série de favores pessoais ao ex-presidente, incluindo a reforma e a construção de imóveis usados pela família dele. UTC, Camargo Corrêa e OAS estão juntas nessa parceria. De diferente entre elas, só as variações dos apelidos, das senhas e das contrassenhas. “Brahma”, “tulipa” e “caneco”, porém, convergem para um mesmo ponto.
Vaccari pixuleco
Pixuleco
Leiam a reportagem da VEJA. Ao longo de 12 páginas, vocês vão constatar que o país foi literalmente assaltado por ladrões cínicos e debochados. João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro do PT que foi objeto de um desagravo feito pela Executiva Nacional do partido na quinta, depois de um encontro de Rui Falcão com Lula, chamava a propina de “pixuleco”. Segue um trecho.
O empreiteiro contou que conheceu Vaccari durante o primeiro governo Lula, mas foi só a partir de 2007 que a relação entre os dois se intensificou. Por orientação do então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, um dos presos da Operação Lava-Jato, Pessoa passou a tratar das questões financeiras da quadrilha diretamente com o tesoureiro. A simbiose entre corrupto e corruptor era perfeita, a ponto de o dono da UTC em suas declarações destacar o comportamento diligente do tesoureiro: “Bastava a empresa assinar um novo contrato com a Petrobras que o Vaccari aparecia para lembrar: ‘Como fica o nosso entendimento político?’”. A expressão “entendimento político”, é óbvio, significava pagamento de propina no dialeto da quadrilha. Aliás, propina não.
Vaccari, ao que parece, não gostava dessa palavra. Como eram dezenas de contratos e centenas as liberações de dinheiro, corrupto e corruptor se encontravam regularmente para os tais “entendimentos políticos”. João Vaccari era conhecido pelos comparsas como Moch, uma referência à sua inseparável mochila preta. Ele se tornou um assíduo frequentador da sede da UTC em São Paulo. Segundo os registros da própria empreiteira, para não chamar atenção, o tesoureiro buscava “as comissões” na empresa sempre nos sábados pela manhã.
Ele chegava com seu Santa Fé prata, pegava o elevador direto para a sala de Ricardo Pessoa, no 9º andar do prédio, falava amenidades por alguns minutos e depois partia para o que interessava. Para se proteger de microfones, rabiscava os valores e os porcentuais numa folha de papel e os mostrava ao interlocutor. O tesoureiro não gostava de mencionar a palavra propina, suborno, dinheiro ou algo que o valha. Por pudor, vergonha ou por mero despiste, ele buscava o “pixuleco”. Assim, a reunião terminava com a mochila do tesoureiro cheia de “pixulecos” de 50 e 100 reais. Mas, antes de sair, um último cuidado, segundo narrou Ricardo Pessoa: “Vaccari picotava a anotação e distribuía os pedaços em lixos diferentes”. Foi tudo filmado.
Retomo
Aí está apenas parte dos descalabros narrados por Ricardo Pessoa. E agora? Até havia pouco, parecia que o petrolão era fruto apenas de empresários malvados, reunidos em cartel, que decidiram se associar a três funcionários corruptos da Petrobras — tese de Dilma, por exemplo — e a alguns parlamentares, a maioria de segunda linha, para roubar o país. Faltava o cérebro dessa operação, que sempre esteve no Poder Executivo.
Eis aí. Nunca houve cartel. Eu estava certo! O depoimento de Ricardo Pessoa — que não se deixou constranger pela prisão preventiva e que, tudo indica, confessou o que quis, não o que queriam ele confessasse — REVELA A REAL NATUREZA DO JOGO.
Ainda não terminei. Em outro post, vou chamar Rodrigo Janot e o juiz Sergio Moro para um papinho sobre lógica elementar.
Leia na revista:
Achaque 15 milhões
Achaque Gim Argello
achaque Dirceu
achaque TCUAchaque Collor
Achaque Mercadante
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Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 19 de junho de 2015

FALTA A FOTO DE SADAN HUSSEN

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Grupo denuncia prefeita de Camamu ao MP; denúncias incluem nepotismo e abuso de poder

Grupo denuncia prefeita de Camamu ao MP; denúncias incluem nepotismo e abuso de poder
Foto: Divulgação

O Ministério Público da Bahia apura denúncias de abuso de poder, malversação de dinheiro público, licitações dirigidas para beneficiar empresas fantasmas, além de desvio de verbas federais do Fundeb e de nepotismo, envolvendo a Prefeitura Municipal de Camamu. O alvo das apurações é a prefeita da cidade, Emiliana Assunção (PP), eleita em pleito suplementar, em 2013, e irmã do ex-prefeito Zequinha da Mata, atual secretário de Governo, apontado pelos denunciantes como o “prefeito de fato”. 

Outro irmão de Emiliana, Manoel Assunção, ocupa o cargo de secretário de Finanças. As denúncias foram entregues ao MP em 2014 e renovadas na terça-feira (16) por uma comitiva composta pelo deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB-Ba), deputado estadual Rosemberg Pinto (PT) e lideranças de Camamu, a ex-prefeita, Ioná Queirós, os vereadores Ronaldo Figueredo (Nal da Canal-PCdoB) e Manoel Luis (PT), pela presidente do Conselho da Criança e do Adolescente de Camamu, Rita de Cássia Cardoso, e as professoras Juciaria Barbosa e Joice Aderne. Entre os documentos entregues ao MP estão licitações dirigidas, fotos de reformas de colégios interrompidas, e indícios de que, como acusam os edis, o vereador Enock Sousa de “alugar sua própria casa ao Executivo, em transação nunca explicada”, conforme afirmou Nal da Canal.

domingo, 14 de junho de 2015

ROUBO A VISTA

12/06/2015
 - REINALDO AZEVEDO NA VEJA


Dilma e a volta da CPMF: mais uma conversa de estelionatários

Sabem como é… Em caso de dificuldade, arranque mais dinheiro da sociedade. Afinal, os companheiros precisam sustentar suas pantomimas, e o dinheiro tem de sair de algum lugar.
A presidente Dilma Rousseff autorizou seu ministro da Saúde, Arthur Chioro, a fazer proselitismo por aí em favor da volta da CPMF. Agora, ele busca o apoio dos governadores e, segundo disse no Congresso do PT, já conversou com a maioria deles. “É preciso dar sustentabilidade ao sistema. E o partido já mostrou o caminho.” O governo deve apresentar a sua proposta no segundo semestre, durante a Conferência de Saúde.
Uma das ideias é estabelecer um piso de movimentação a partir do qual se cobraria o imposto. É impossível! Não tem jeito: a única forma de aplicar esse tipo de taxação é mesmo fazê-la incidir sobre qualquer movimentação.
Dilma foi eleita faz sete meses. Prometeu mundos na área da saúde, mas não disse de onde sairiam os fundos. Ora, deveria ter anunciado ao distinto eleitor que pretendia recriar a CPMF. Não disse. A conversa é parte do estelionato.
Joaquim Levy, ministro da Fazenda, diz não haver perspectiva para a volta do imposto: “Não que eu esteja vendo”.
Por Reinaldo Azevedo
12/06/2015
 às 16:06

Itália suspende de novo extradição de Pizzolato

Não é por acaso, creio, que o direito italiano é uma das referências do brasileiro. A extradição de Henrique Pizzolato foi, mais uma vez, suspensa. O Conselho de Estado acatou novo recurso impetrado por sua defesa nesta sexta. Tem caráter provisório.
Informa a Folha:
“O Conselho de Estado, que barrou a extradição, é um colegiado formado por parlamentares e juristas e é a última instância da Justiça administrativa da Itália. A notícia da suspensão da extradição causou surpresa e revolta entre diplomatas brasileiros em Roma que haviam discutido os detalhes da extradição do petista com autoridades dos ministérios do Interior e da Justiça italianos.”
O interessante nessa história é que não se trata mais de recurso sobre o mérito, mas sobre procedimentos. A Justiça do país já decidiu que não há impedimento nenhum para a extradição.
Convenham: nesse particular, a Justiça italiana não faz inveja à brasileira.
Por Reinaldo Azevedo
12/06/2015
 às 15:57

Bravateiros!

Ah, sim: o PT já mudou de ideia. Ainda que Rui Falcão tenha vituperado contra doações privadas no seu discurso de ontem, o partido já desistiu da recusá-las. Leiam esta fala.
“A minha opinião é o que o PT deve aguardar o marco regulatório do país e, a partir daí, o diretório nacional delibere definitivamente sobre o assunto”.
É de Márcio Macedo, novo tesoureiro da legenda.
Pronto!
Era tudo de mentirinha! O partido só estava forçando a mão para ver se conseguia proibir as demais legendas de receber doações legais.
E que fique claro, não é? O problema não está nas doações legais, mas nas ilegais. Inclusive nas ilegais lavadas pela legalidade, área em que o PT andou se especializando.
Por Reinaldo Azevedo
12/06/2015
 às 15:45

Lula quer também Okamotto acima da lei, além de si mesmo. Ou: Uma resposta de Temer para o Poderoso Chefão petista

Luiz Inácio Lula da Silva não se conforma de, por enquanto, ser ele o único brasileiro acima da lei — ou, sei lá eu, abaixo… Ele quer que tal privilégio se estenda também a Paulo Okamotto, o seu faz-tudo e um pouco mais. Por isso, informa a Folha, ligou para Michel Temer, vice-presidente e coordenador político do governo, para saber que diabos havia acontecido. E o que havia acontecido? A CPI aprovou a convocação de Okamotto para explicar a doação de R$ 3 milhões que recebeu da Camargo Corrêa. O rapaz deve ter o que dizer, já que é presidente do tal instituto. Lula, o palestrante mais caro do mundo, recebeu ainda R$ 1,527 milhão da empreiteira por intermédio da LILS, a empresa de palestras do companheiro, da qual Okmotto também é sócio. LILS, como se sabe, são as iniciais de Luiz Inácio Lula da Silva. Como se nota, a Polícia Federal já pode dar início à Operação Acrônimo II.
Ninguém conhece Lula tão bem como Okamotto, com as prováveis exceções de Marisa Letícia e Rosemary Noronha, mas aí em outros campos da experiência humana, e esta lembrança fica por conta do Dia dos Namorados. Okamotto é personagem de uma celebração mais contínua. Sabem como é, todo dia é dia dos companheiros. Em 2005, lembro, veio à luz um suposto empréstimo que o PT teria feito a Lula. O chefão petista negava o dito-cujo, mas Okamotto confirmou e ainda disse que ele próprio devolvera o dinheiro, mas esquecera de avisar o chefe. Entenderam? Teria pagado a dívida do chefe com recursos do próprio bolso. Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves. Sim, o caso parece meio bobo. Só o relembro para evidenciar a proximidade.
Mas voltemos ao telefonema. Lula estava nervoso. Como se fosse o Fortão do Bairro Peixoto da República, foi tirar satisfações com Temer, acusando o PMDB de ter atuado de forma deliberada para complicar a vida do petista. Huummm… E, como Temer é presidente do PMDB e coordenador político, deveria ter alguma explicação a dar, certo?
O vice-presidente, ora vejam!, deixou claro o óbvio: não participara da decisão. Eduardo Cunha, presidente da Câmara (PMDB-RJ), próximo de Hugo Motta (PMDB-PB), que preside da CPI, já havia dito que não tinha nada com isso. Ou por outra: não se tratava de uma conspiração. Será que Temer disse a Lula o que vai a seguir? Bem que poderia. Vamos lá.
“Veja bem, Lula, a gente sabe como são essas coisas. Pensemos no seu caso. E sou coordenador político do governo, e gasto boa parte do meu tempo tentando convencer os petistas a apoiar medidas que a presidente considera essenciais à governabilidade. É curioso, não é, Lula?, que tenha de ser eu a convencer os petistas a apoiar o governo. E não parto do princípio de que você e Rui Falcão conspirem para derrubá-lo. É que, a despeito de qualquer coordenação, os parlamentares agem também segundo a sua consciência. Note, Lula, se, em casos que podem conduzir o país à ingovernabilidade, parlamentares do próprio PT não atuam como ordem unida, você há de compreender a dificuldade em mantê-la em casos que nada têm a ver com o destino do país, mas só com o destino de Paulo Okamotto e, claro!, seu. Convém, Lula, como diria Karl Marx, que você não confunda a sua comédia pessoal com a história do país e o desgoverno dos seus negócios com a governabilidade.”
Essa parte final, creio, o vice-presidente não disse de jeito nenhum! É sabidamente um homem cordato, educado. O que não é o caso de Lula, aquele que, nesta sexta, resolveu comemorar, ainda que de modo oblíquo, as demissões nas empresas jornalísticas.
Mais reclamações
Lula aproveitou o encontro da Bahia para dar uma carraspana nos deputados petistas: como é que permitiram a convocação de Okamotto? Alexandre Padilha, aquele que não consegue nem jantar num restaurante em São Paulo, braço-direito de Fernando Haddad, o que explica muita coisa, fez coro. O chefão petista evocou uma de suas obsessões: segundo disse, o iFHC também recebeu dinheiro da empresa. Por que não foi convocado?
Não sei que resposta lhe deram os petistas, mas eu dou a minha: vai ver é porque o ex-presidente não tem como interferir em contratos da Petrobras, né? Essa parece ser uma causa bastante eficiente.
Okamotto tem uma explicação singular para a sua convocação:
“Você faz luta política e tenta potencializar. Toda vez que tem evento importante do PT, há algum tipo de movimentação em algum lugar para tentar desqualificar o partido, isso é uma coisa notória. Sempre acontece alguma coisa na véspera das coisas do partido”.
Ele se referia ao fato de que a convocação coincidiu com o início do congresso do partido. Tenham a santa paciência! Lembro que o PT queria adiar o julgamento do mensalão porque, afinal, se daria em ano eleitoral. Dado o calendário e até que não mude, o STF deveria, então, julgar processos envolvendo políticos só em anos ímpares — e, ainda assim, só quando o PT não tivesse marcado algum evento.
Okamotto ainda explica:
“Se for para explicar as doações da empresas, já é público e notório que Lula faz palestras para ramo de construção, bancos, alimentos, indústria de bebidas. Quando são palestras de caráter empresarial, elas costumam ser cobradas, tem cachê. Tem contrato e é tudo contabilizado.”
Pronto! Tudo explicado. O líder do partido que se diz socialista e que convoca Dilma a resistir ao capitalismo, como fez Rui Falcão em seu discurso de ontem, é o maior e mais caro especialista do mundo em… capitalismo!
É impressionante que essa gente tenha conseguido enganar tanta gente por tanto tempo!
Por Reinaldo Azevedo