quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

PADILHA ENVERGONHA SEUS COLEGAS

30/01/2014
 às 6:19 - Reinaldo Azevedo na Veja.com


Com Padilha, PT já põe em pratica o “financiamento público de campanha”. É um escárnio! Ou: Refrescando a memória do ministro

alexandre Padilha
Alexandre Padilha, ainda ministro da Saúde, fez campanha eleitoral antecipada de maneira arreganhada, desabrida, sem pudor. O ministro falou aos brasileiros nesta quarta, dia 29 de janeiro. Pretexto: anunciar a campanha de vacinação contra o vírus HPV. Sabem quando as vacinas estarão à disposição? Só em março. Ora, qual é a natureza dos pronunciamentos públicos, feitos em rede nacional de rádio e TV, prerrogativa de que só dispõe o governo federal? Anunciar um serviço, fazer um comunicado de urgência, informar algo relevante à população. Trata-se, sim, de algo relevante. Mas cabe é pergunta: é urgente?
Ocorre que Padilha, que apareceu com a sua gravata vermelha — que pertence ao uniforme de campanha dos petistas —, está deixando o Ministério da Saúde para se candidatar ao governo de São Paulo. O pronunciamento, segundo a pasta, custou R$ 55 mil. Mas esse, obviamente, é só o custo, digamos, de produção. O que o ministro estava fazendo era faturar politicamente uma ação de governo orçada em R$ 15 milhões.
Tanto se tratava de campanha que Padilha não se limitou a falar da vacinação. Aproveitou também para faturar com o programa “Mais Médicos”. O tom era de proselitismo escancarado. Disse: “Com o programa Mais Médicos, o governo federal está dando outro passo decisivo para levar mais saúde a áreas que, durante décadas, viveram esquecidas”.
É mesmo? Se a memória do ministro é fraca, a minha é boa. Em 2002, último ano do governo FHC, havia 2,7 leitos hospitalares, públicos e privados, por mil habitantes. Em 2013, havia 2,3. A Organização Mundial de Saúde recomenda 5. Em 11 anos, houve uma queda de 15%. Atenção! No país que vive uma epidemia de crack, há apenas 0,15 leito psiquiátrico por mil habitantes. É a metade do que havia em 2002, quando o PT venceu a eleição. Nos países civilizados, a média é de um leito psiquiátrico para cada mil pessoas, quase seis vezes mais. Entre 2005 e 2012, e isso inclui a gestão do doutor Padilha, o SUS perdeu mais de 41 mil leitos.
Mas, agora, temos os cubanos espalhados Brasil afora para, como disse a presidente Dilma certa feita, dar umas apalpadas nos pobres. Esses médicos, chamados “de família”, não podem realizar vários procedimentos, como cirurgias, por exemplo. No Brasil profundo, trabalham em postos de saúde e hospitais caindo aos pedaços. Considerar que a chegada dos cubanos é a redenção da saúde, em face dos números a que acabo de me referir, é um escárnio.
Padilha é o ministro de Dilma que mais fez pronunciamentos oficiais em rede nacional — cinco ao todo — e é o segundo que mais usou jatos da FAB até dezembro do ano passado. Viajou a várias capitais brasileiras, por exemplo, para receber os médicos cubanos — sempre acompanhado de assessores e fotógrafos. O material coletado, claro!, ajudará a turbinar a campanha eleitoral.
Chega a ser uma piada que o Supremo Tribunal Federal esteja a apenas um voto para formar a maioria que vai proibir as doações de empresas a campanhas eleitorais. Desde que sejam transparentes, que mal há nisso. Condenável, detestável mesmo, é este uso absurdo do dinheiro público em favor de uma candidatura.
Evangélicos
Leio na Folha: “Ontem Padilha usou o horário de almoço para assistir a um culto evangélico no auditório da Saúde. ‘Quem está aqui não é o ministro, é alguém que crê em Deus’, disse a cerca de 60 funcionários do ministério.”
Muito bem! Tem início o ritual de conversão cristão à boca da urna, quando o índice dos que acreditam em Deus no Brasil alcança 110%… Em 2010, Dilma revelou até a sua santa de devoção: a “Nossa Senhora de Forma Geral”, que ela chamou de “deusa”, fundando o cristianismo politeísta. 
Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

ANALFABETISMO

29/01/2014
 às 17:14 \ Direto ao Ponto -  Augusto Nunes na Veja.com


O Brasil alcançou um obsceno 8° lugar no campeonato mundial de analfabetismo

Como informa o site de VEJA, são brasileiros 14 milhões (ou 38,5% ) dos 36 milhões de adultos analfabetos recenseados na América Latina pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A informação aparece no relatório Educação Para Todos, divulgado nesta quarta-feira. O levantamento incluiu 160 países. No ranking dos campeões de analfabetismo, o Brasil ocupa um obsceno 8° lugar.
A péssima notícia é especialmente desmoralizante para os embusteiros que fingem ter inventado uma potência tropical. Não há nada a acrescentar ao post aqui publicado em outubro do ano passado, quando o PNAD anunciou o crescimento da taxa de analfabetismo, e reproduzido a seguir:
Ai do governo se a PNAD-2012 fosse divulgada não neste outubro, mas em junho ─ o único mês em que os brasileiros manifestam nas ruas a indignação represada no resto do ano. Ai dos vigaristas no poder se a temporada de protestos estivesse em curso quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio informou que, pela primeira vez desde 1998, cresceu o número de brasileiros com mais de 15 anos de idade que não sabem ler nem escrever: os 12,9 milhões de 2011 subiram para 13,1 milhões. Pena que o gigante tenha ficado mais analfabeto enquanto dormia.
Caso estivesse acordado, as coisas seriam muito diferentes. Os manifestantes que não aguentam desaforo durante 30 dias por ano entrariam em ação um minuto depois da descoberta obscena. Nas ruas das grandes cidades e nos becos dos vilarejos, multidões de dimensões egípcias exigiriam aos berros a erradicação do analfabetismo até a chegada do Natal e a imediata implantação de um sistema de ensino padrão Fifa. No dia seguinte, a presidente da República anunciaria na TV o lançamento do Programa Mais Professores, anabolizado pela importação em regime de urgência de 6 mil educadores cubanos fluentes em português, todos capazes de fazer até bebê de colo decorar o abecedário em uma semana e meia.
Os presidentes da Câmara e do Senado proporiam a cassação sumária do mandato de todos os parlamentares que tratam indecorosamente a gramática e a ortografia (sem direito a embargos infringentes). Os líderes da oposição oficial, reunidos às pressas, examinariam a ideia de encerrar as férias que vão completando 11 anos. E Lula, a conselho de companheiros letrados, ficaria em silêncio até que julho chegasse ao fim e o perigo passasse. Foram todos salvos pelo calendário gregoriano. Não havia manifestantes à vista quando a pesquisa monitorada pelo IBGE avisou que a taxa de analfabetismo subiu de 8,6% para 8,7%.
Livrede sobressal tos, Dilma Rousseff dispensou-se de comentar a façanha do governo mais inepto da história. Ocupado com a candidatura da chefe a um segundo mandato, o ministro da Educação repassou o assunto à economista Wasmália Bivar, presidente do IBGE. “Isso não é estatisticamente relevante”, ensinou a alquimista federal.  ”A PNAD de 2012 confirmou o patamar de 2011, o que quer dizer estabilidade”. Uma diferença de 0,1% pode ser irrelevante em pesquisas que medem o tamanho da torcida do Flamengo. Aplicado ao universo formado por 157 milhões de brasileiros, escancara o cinismo da doutora.
O índice avisa que 300 mil seres humanos foram incorporados aos 13,1 milhões de confinados nas cavernas da ignorância. A imensidão de gente que não consegue ler nem escrever é maior do que a população da Suécia (11,2 milhões de habitantes). Sem contar os 27 milhões de analfabetos funcionais ─ categoria em que se enquadra quem teve menos de quatro anos de estudo. Sem contar os que aprendem nos livros do Ministério da Educação que está certo escrever errado. Sem contar os colecionadores de imbecilidades nota 10 aprovados no ENEM. Sem contar os universitários desprovidos de raciocínio lógico.
Como a “universalização da educação básica” concebida pelo governo em 2009 só vale para quem tem de 4 a 17 anos, e como os programas de alfabetização de adultos sumiram, não há esperança de salvação para os maiores de idade. São mais de 11 milhões, metade dos quais concentrados no Nordeste. Além da inscrição no Bolsa Família, o governo deveria oferecer a esses condenados à escuridão perpétua o acesso a cursos que ensinem a escrever coisas como “Nós pega os peixe”. Virariam analfabetos funcionais. E pelo menos poderiam sonhar com a Presidência da República.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

COPA DA ROUBALHEIRA

28/01/2014
 às 16:01 \ Feira Livre - Augusto Nunes na Globo.com


O trovador Alamir Longo e a Copa da Roubalheira: ‘Yes, we can!’

ALAMIR LONGO
I
Teremos Copa,
mas que maravilha!
Pois com pão e circo
essa nação rebrilha.
II
Grandes arenas
sendo inauguradas,
lindas, majestosas…
e superfaturadas.
III
Será uma festança,
verdadeira farra!
cantaremos lindos
cantos de cigarra.
IV
Que ninguém duvide
porque nós podemos…
não nos falta nada,
aqui tudo temos.
V
Educação perfeita,
segurança mil!
a saúde é show,
é padrão Brasil.
VI
O transporte urbano
então nem se fala:
nisso somos craques!
só temos trem bala.
VII
Somos padrão FIFA
em aeroportos,
em nossas rodovias
raros são os mortos.
VIII
Por isso estaremos
esperando a Copa
ruminando ansiosos
feito boi de tropa.
IX
No auge da fama
então gritaremos
imitando Obama:
“Sim, nós podemos!”

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

MAIS SOBRE DEPRESSÃO

25/01/2014
 às 16:00 \ Tema Livre - Ricardo Setti na Veja.com

Vídeo da Organização Mundial da Saúde faz analogia entre depressão e um enorme cão negro

Muita gente tem um cachorro preto
Muita gente tem um cão negro na alma: a tantas vezes incompreendida doença que é a depressão — difícil de tratar, mas tratável
Por Rita de Sousa
Vídeo da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra a depressão como um enorme cachorro negro, que é carregado, alimentado, escondido como uma sombra, um peso-morto, quase como uma obsessão.
A ideia do vídeo surgiu após o livro do ilustrador australiano Matthew Johnstone Black Dog of Depression, ou O cachorro preto da depressão, abordar o tema com a sensibilidade e seriedade que o assunte exige.
O vídeo já rodou o mundo, e merece ser compartilhado e assistido. Aqui, com legenda em português, foi uma indicação do leitor e amigo do blog Reynaldo-BH.

ARTE EM FOTOGRAFIA

26/01/2014
 às 14:00 \ Tema Livre - Ricardo Setti na Veja.com


FOTOS PARA ENCANTAR: quando o que conta é o detalhe

Fotos minimalistas, onde o detalhe é quem conta a história; onde o menos é mais.
O trabalho do fotógrafo, aqui, é contemplativo, de concentração e observação, de simplicidade. Trata-se de um jogo de foco e equilíbrio, de desnudar a essência da imagem.
Essa bela seleção é do site de fotografias DeMortalz.
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LEIAM TAMBÉM:

OS OUTROS GRANDES - BANCOS - TAMBEM DEVEM TER CAIXA PRETA

25/01/2014
 às 15:32 \ O País quer Saber - Augusto Nunes na Veja.com

A caixa-preta da Caixa

Publicado na edição impressa de VEJA
MARCELO SAKATE
Os governos gozam de um privilégio perigoso: fabricar dinheiro. Nos períodos de recessão forte os governos podem ─ e devem ─ abrir a torneira de liquidez monetária para tentar reanimar a atividade econômica. Perigoso por quê, então? Porque imprimir dinheiro não significa criar riqueza. Se errar a mão e imprimir mais dinheiro do que a economia precisa para funcionar, o governo arrisca-se a criar uma bolha inflacionária ─ que nada mais é do que o aumento artificial dos preços pelo excesso de liquidez no mercado.
Nos últimos anos, em reação à queda no ritmo de crescimento do PIB, a equipe econômica de Dilma Rousseff resolveu elevar o volume de crédito como forma de incentivar o consumo e, assim, dar um empurrão na economia. Não funcionou. Nem podia. Os números mostram que nos últimos dez anos o consumo dos brasileiros aumentou 115%, enquanto, no mesmo período, a indústria nacional cresceu apenas 20%.
Não é preciso ser um gênio para ver nessa disparidade o retrato de uma política econômica que se equivoca em incentivar o consumo, quando o gargalo está na produção. Não se resolve com mais crédito uma situação em que a demanda dispara, enquanto a oferta de produtos fica estagnada. Claramente, a indústria brasileira não está conseguindo competir em preço e qualidade com os produtos importados. As fábricas brasileiras precisam aumentar exponencialmente sua produtividade, e isso não se consegue com mais crédito ─ que implica mais gastos do governo, maior desequilíbrio fiscal e, claro, juros mais altos.
Os economistas são quase unânimes em localizar o maior empecilho ao avanço sustentável do PIB no próprio governo. Em particular, nos gastos crescentes, o que obriga o Banco Central a elevar os juros, em um perigoso círculo vicioso. Como a Caixa Econômica Federal (CEF) entra na história? Por ser um banco estatal de varejo inteiramente controlado pelo governo, a CEF é um dos instrumentos mais acionados da equivocada política oficial de aumento do crédito. Desde 2008, a Caixa vem crescendo a taxas superiores a 35% ao ano. Vale lembrar que o crescimento de um banco pode ser medido pelo volume de empréstimos que ele concede. A participação da Caixa no total de crédito disponível no Brasil triplicou, saltando de 6% para 18%.
O risco dessa política está no fato de a quantidade de dinheiro liberado pela Caixa ter avançado em uma velocidade muito superior à do aumento do seu capital. Uma análise da agência de classificação de risco Austin Rating dá a dimensão do desequilíbrio. Em 2008, o volume de crédito da Caixa era equivalente a 5,8 vezes seu patrimônio. Em setembro passado, essa relação era de 17,4 vezes. No Itaú Unibanco, o maior banco privado do país, os financiamentos correspondem a cinco vezes o capital. O recomendável é que um banco empreste até o equivalente a nove vezes o seu patrimônio. Um banco é tanto mais vulnerável quanto maior for o múltiplo do volume de crédito em relação ao capital. Segundo esse critério, adotado internacionalmente, a Caixa está muito exposta. Mas seus correntistas e poupadores não correm risco. Se a instituição tiver um problema sério de inadimplência, terá de ser socorrida pelo Tesouro Nacional ─ ou seja, pelos brasileiros que pagam impostos, não têm nenhuma influência na gestão de risco do banco estatal e só são chamados na hora de pagar a conta. Por se valer desse privilégio, equivalente à prerrogativa de imprimir dinheiro, a Caixa está na contramão do sistema financeiro. Diz Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating: “Os bancos privados avaliaram o cenário iminente e decidiram ser mais restritivos na concessão de crédito. A Caixa fez a leitura de que, com o recuo dos bancos privados, ela pode ganhar mercado. Aposta também que a inadimplência ficará sob controle. O tempo vai dizer se foi uma estratégia correta”.
A real situação financeira da Caixa é difícil de ser avaliada porque o banco tem seu capital fechado, ficando livre do grau de transparência exigido das companhias com ações na bolsa, como é o caso do Banco do Brasil. Também diferentemente do BB, cuja administração é comandada por funcionários de carreira, na Caixa os principais cargos estão nas mãos de políticos do PT ou da base aliada. Seu presidente, Jorge Hereda, foi secretário em prefeituras petistas no ABC paulista. Um episódio revelador dos riscos a que a Caixa se expôs foi a sua associação ao PanAmericano, em 2009. O banco estatal pagou 739 milhões de reais para ficar com 49% das ações do banco. Meses depois, viu-se que o PanAmericano fraudava balanços e tinha um rombo de 4,3 bilhões de reais. Mais recentemente, a direção da Caixa decidiu prorrogar em um ano o pagamento de um empréstimo de 461 milhões de reais contraído pela OSX, a empresa naval de Eike Batista. A OSX entrou com pedido de recuperação judicial dias depois.
A despeito de todos os artifícios, não há mais como esconder que o modelo de sustentação da Caixa aumenta o endividamento do governo ─ e contribui para o círculo vicioso que emperra o Brasil. Alerta Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas: “Os desequilíbrios causados pelo uso político dos bancos públicos chegam muitos anos depois, mas chegam. É preciso transparência. Os brasileiros têm o direito de saber como o seu dinheiro está sendo usado”.

domingo, 26 de janeiro de 2014

ROLEZINHOS

26/01/2014
 às 6:57 Fragmento do texto de Reinaldo Azevedo, em seu blog, na Veja.com


O pau volta a comer em São Paulo. Incentivo à baderna vem hoje do Palácio do Planalto e do PT. E digo por quê

Carro particular é incendiado por vândalos durante protesto (Foto: Tiago-Chiaravalloti-Futura-ress-Folhapress)
Carro particular é incendiado por vândalos durante protesto (Foto: Tiago-Chiaravalloti-FuturaPress-Folhapress)
Sim, vou comentar a baderna que alguns bandidos disfarçados de manifestantes promoveram em São Paulo neste sábado, num protesto contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, que reuniu, segundo a PM, 1.500 pessoas. Como sempre, depredação de lojas e ônibus, um veículo incendiado confronto com a polícia. E, para não variar, lá estavam os mascarados. O texto vai ficar longo. Mas tempo não lhes falta neste domingão, certo? Vamos lá. No Rio também houve alguma confusão. Em outras capitais, a convocação não reuniu mais do que algumas dezenas. Para que trate do evento de ontem, no entanto, preciso recuperar algumas coisas. Terei de falar um pouco dos rolezinhos e da reação do governo federal e dos petistas ao fenômeno. Vamos lá.
Manifestante com um lança-chamas. Ninguém vai chamá-la de "pacífica" (Foto: Ivan Pacheco)
Manifestante com um lança-chamas. Ninguém vai chamá-la de “pacífica” (Foto: Ivan Pacheco)
Escrevi neste blog meu primeiro texto sobre os rolezinhos no dia 13 de janeiro. É curto, meus caros, e vale a pena reproduzi-lo na íntegra. Mui modestamente, a minha bola de cristal antecipou o que viria com impressionante precisão. Releiam (em azul).
*
Esquerdistas bocós (existem os não bocós?) já estão de olho no “rolezinho”. Aqui e ali, noto a vocação ensaística de alguns dos meus coleguinhas na imprensa. Já há gente, assim, treinando o olhar para teorizar sobre mais essa erupção — e irrupção — da luta de classes. É fácil ser bobo. Fosse mais difícil, não haveria tantos bobalhões. Daqui a pouco o Gilberto Carvalho chama os teóricos dos “rolezinhos” para um bate-papo no Palácio do Planalto.
O “rolezinho”, que até pode ter começado como uma brincadeirinha irresponsável nas redes sociais, está começando a virar, vejam vocês!, uma questão política — ao menos de política pública. A coisa pode se tornar mais séria do que se supõe. Infelizmente, noto que muita gente, inclusive na imprensa, está tentando ver essas manifestações como se fossem uma espécie de justa revolta de jovens pobres contra templos de consumo da classe média.
Isso é uma tolice, um cretinismo. Os shoppings têm se caracterizado como os mais democráticos espaços do Brasil. São áreas privadas de uso público, muito mais seguras do que qualquer outra parte das cidades brasileiras. Os pais preferem que seus filhos fiquem passeando por lá a que façam qualquer outro programa, geralmente expostos a riscos maiores. É uma irresponsabilidade incentivar manifestações de centenas ou até de milhares de pessoas num espaço fechado. Ainda que parte da moçada queira apenas fazer uma brincadeira, é evidente que marginais acabam se aproveitando da situação para cometer crimes, intimidar lojistas e afastar os frequentadores.
Esse negócio de que se trata de uma espécie de revolta dos pobres contra os endinheirados é uma grossa bobagem. Boa parte dos shoppings de São Paulo, hoje em dia, serve também aos pobres, que ali encontram um espaço seguro de lazer. A Polícia precisa agir com inteligência para que se evite tanto quanto possível o uso da força. É necessário mobilizar os especialistas em Internet da área de Segurança Pública para tentar identificar a origem dessas convocações.
É preciso, em suma, chegar à raiz do problema. As redes sociais facilitam essas manifestações, como todos sabemos, mas é evidente que elas não são espontâneas. Há pessoas convocando esse tipo de ação, que pode, sim, como se viu no Shopping Metrô Itaquera, degenerar em violência.
No dia em que os shoppings não forem mais áreas seguras, haverá fuga de frequentadores, queda de vendas e desemprego. E é certo que estamos tratando também de um sério problema de segurança pública. Num espaço fechado, em que transitam milhares de pessoas, inclusive crianças, os que organizam rolezinhos estão pondo a segurança de terceiros em risco.
E que ninguém venha com a conversa de que se trata apenas do direito de manifestação num espaço público. Pra começo de conversa, trata-se, reitero, de um espaço privado aberto ao público, que é coisa muito distinta. De resto, justamente porque os shoppings têm essa dimensão pública, não podem ser privatizados por baderneiros que decidiram ameaçar a segurança alheia.
Encerro notando que o Brasil precisa ainda avançar muito na definição do que é público. Infelizmente, entre nós, muita gente considera que público é sinônimo de sem-dono. É justamente o contrário: o público só não tem um dono porque tem todos.
Retomo
Como se pode ver:
1: nego que os rolezinhos tenham um caráter político:
2: nego que os rolezinhos sejam fruto da exclusão social;
3: nem especulo sobre a possibilidade de ser uma criação do PT; é claro que não é!;
4: aponto o óbvio: shoppings são espaços que também servem aos moradores da periferia;
5: afirmo que têm de ser coibidos por uma questão de segurança.
6: O QUE CONDENO NO MEU TEXTO É A TENTATIVA DAS ESQUERDAS DE POLITIZAR O ROLEZINHO. É PRECISO SER MUITO BURRO PARA AFIRMAR QUE EU ATRIBUO ESSES EVENTOS ÀS ESQUERDAS. O diabo é que há gente burra aos montes — e outras tantas de má-fé.
E muitos outros textos se seguiram a esse. E não adotei tal ponto de vista apenas aqui, é claro! Afirmei a mesma coisa na Rádio Jovem Pan. Na Folha, na  coluna no dia 17, escrevi:
“Setores da imprensa e alguns subintelectuais, com ignorância alastrante, tentaram ver o “rolezinho” como manifestação da luta de classes.” Ou ainda: “Jovens que aderem a eventos por intermédio do Facebook não são excluídos sociais, mas incluídos da cultura digital, que já é pós-shopping, pós-mercadoria física e pós-racial.”
Mais:
“Não se percebia, originalmente, nenhuma motivação de classe ou de “raça” nessas manifestações. Agora, sim, grupos de esquerda, os tais “movimentos sociais” e os petistas estão tentando tomar as rédeas do que pretendem transformar em protesto de caráter político.”
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AGORA, DIGO EU:
Uma coisa é carta: o brasileiro não está mais  tão pacífico
 como se apregoa.

Ve-se, portanto, que a massa está querendo fazer algo, mas não sabe o que. Como se comportariam os hóspedes do planalto central se os "rolezinhos" mudassem o palco para apresentação do espetáculo? Se os “pobres da periferia” resolvessem ocupar espaços públicos como o prédio do Congresso Nacional ou a sede do Governo Federal, ou os prédios dos Ministérios ou até afrontar a Polícia Federal e ficassem plantados, lendo a bíblia, aos milhares, no estacionamento dessas instituições? Motivos não faltam para se fazer protestos contra os políticos e os governos. Vai chegar a hora de manifestantes invadirem a Papuda para soltar os presos. Com uma parte da cúpula do PT na cadeia "tocar fogo no mundo" pode igualar a todos e facilitar para quem está atrás das grades. Mas, nos espaços privados de uso público, pode?
 Perto de campanhas políticas para eleições todo mundo procura faturar. O negócio é ideologizar qualquer tipo de protesto. Serve a alguns. 

sábado, 25 de janeiro de 2014

HERANÇA GENÁTICA

25/01/2014
 às 7:56 \ Feira Livre - Augusto Nunes - Veja.com


A fusão de duas imagens convida a um passeio pelos mistérios da genética

Neste fim de semana, a coluna convida o leitor a conhecer o inventivo projeto Genetic Portraits, concebido pelo fotógrafo canadense Ulric Collete. A ideia central é explorar as semelhanças genéticas entre familiares com a fusão de imagens de duas pessoas numa única foto. “Tudo começou por acidente”, conta Collete. “Trabalhando num outro projeto, coloquei minha foto e a de meu filho lado a lado e reparei nos traços comuns”. Ele explica que, apesar de aparentemente simples, a execução da ideia requer conhecimentos técnicos e muito esforço. “Tiro dezenas de fotos das pessoas em um mesmo ambiente, depois comparo todas as imagens, escolho os melhores ângulos e junto tudo no Photoshop”. O resultado é fascinante, como atesta a amostragem abaixo reproduzida. Confira:
10-nathan-ulric
Filho e pai: Nathan, 7, e Ulric, 29, o fotógrafo
01-anne-pascale
Irmãs: Anne-Sophie, 19, e Pascale, 16
02-daniel-isabelle
Pai e filha: Daniel, 60, e Isabelle, 32
03-christophe-uric
Irmãos: Christophe, 30, e Ulric, 29
04-marie-nsira
Filha e mãe: Marie-Pier, 18, e N’sira, 49
05-denis-william
Pai e filho: Denis, 53, e William, 28
06-laval-vincent
Pai e filho: Laval, 56, e Vincent, 29
07-laurence-christine
Gêmeas: Laurence e Christine, 20
08-karine-dany
Irmãos: Karine, 29, e Dany, 25
09-veronique-francine
Filha e mãe: Véronique, 29, e Francine, 56
11-denis-mathieu
Pai e filho: Denis, 60, e Mathieu, 25
12-alex-sandrine
Gêmeos: Alex e Sandrine, 20
13-julie-isabelle
Mãe e filha: Julie, 61, e Isabelle, 32
14-amelie-daniel
Filha e pai: Amélie, 33, e Daniel, 60
15-francine-catherine
Mãe e filha: Francine, 56, e Catherine, 23
16-justine-ulric
Primos: Justine, 29, e Ulric, 29