domingo, 14 de junho de 2015

ROUBO A VISTA

12/06/2015
 - REINALDO AZEVEDO NA VEJA


Dilma e a volta da CPMF: mais uma conversa de estelionatários

Sabem como é… Em caso de dificuldade, arranque mais dinheiro da sociedade. Afinal, os companheiros precisam sustentar suas pantomimas, e o dinheiro tem de sair de algum lugar.
A presidente Dilma Rousseff autorizou seu ministro da Saúde, Arthur Chioro, a fazer proselitismo por aí em favor da volta da CPMF. Agora, ele busca o apoio dos governadores e, segundo disse no Congresso do PT, já conversou com a maioria deles. “É preciso dar sustentabilidade ao sistema. E o partido já mostrou o caminho.” O governo deve apresentar a sua proposta no segundo semestre, durante a Conferência de Saúde.
Uma das ideias é estabelecer um piso de movimentação a partir do qual se cobraria o imposto. É impossível! Não tem jeito: a única forma de aplicar esse tipo de taxação é mesmo fazê-la incidir sobre qualquer movimentação.
Dilma foi eleita faz sete meses. Prometeu mundos na área da saúde, mas não disse de onde sairiam os fundos. Ora, deveria ter anunciado ao distinto eleitor que pretendia recriar a CPMF. Não disse. A conversa é parte do estelionato.
Joaquim Levy, ministro da Fazenda, diz não haver perspectiva para a volta do imposto: “Não que eu esteja vendo”.
Por Reinaldo Azevedo
12/06/2015
 às 16:06

Itália suspende de novo extradição de Pizzolato

Não é por acaso, creio, que o direito italiano é uma das referências do brasileiro. A extradição de Henrique Pizzolato foi, mais uma vez, suspensa. O Conselho de Estado acatou novo recurso impetrado por sua defesa nesta sexta. Tem caráter provisório.
Informa a Folha:
“O Conselho de Estado, que barrou a extradição, é um colegiado formado por parlamentares e juristas e é a última instância da Justiça administrativa da Itália. A notícia da suspensão da extradição causou surpresa e revolta entre diplomatas brasileiros em Roma que haviam discutido os detalhes da extradição do petista com autoridades dos ministérios do Interior e da Justiça italianos.”
O interessante nessa história é que não se trata mais de recurso sobre o mérito, mas sobre procedimentos. A Justiça do país já decidiu que não há impedimento nenhum para a extradição.
Convenham: nesse particular, a Justiça italiana não faz inveja à brasileira.
Por Reinaldo Azevedo
12/06/2015
 às 15:57

Bravateiros!

Ah, sim: o PT já mudou de ideia. Ainda que Rui Falcão tenha vituperado contra doações privadas no seu discurso de ontem, o partido já desistiu da recusá-las. Leiam esta fala.
“A minha opinião é o que o PT deve aguardar o marco regulatório do país e, a partir daí, o diretório nacional delibere definitivamente sobre o assunto”.
É de Márcio Macedo, novo tesoureiro da legenda.
Pronto!
Era tudo de mentirinha! O partido só estava forçando a mão para ver se conseguia proibir as demais legendas de receber doações legais.
E que fique claro, não é? O problema não está nas doações legais, mas nas ilegais. Inclusive nas ilegais lavadas pela legalidade, área em que o PT andou se especializando.
Por Reinaldo Azevedo
12/06/2015
 às 15:45

Lula quer também Okamotto acima da lei, além de si mesmo. Ou: Uma resposta de Temer para o Poderoso Chefão petista

Luiz Inácio Lula da Silva não se conforma de, por enquanto, ser ele o único brasileiro acima da lei — ou, sei lá eu, abaixo… Ele quer que tal privilégio se estenda também a Paulo Okamotto, o seu faz-tudo e um pouco mais. Por isso, informa a Folha, ligou para Michel Temer, vice-presidente e coordenador político do governo, para saber que diabos havia acontecido. E o que havia acontecido? A CPI aprovou a convocação de Okamotto para explicar a doação de R$ 3 milhões que recebeu da Camargo Corrêa. O rapaz deve ter o que dizer, já que é presidente do tal instituto. Lula, o palestrante mais caro do mundo, recebeu ainda R$ 1,527 milhão da empreiteira por intermédio da LILS, a empresa de palestras do companheiro, da qual Okmotto também é sócio. LILS, como se sabe, são as iniciais de Luiz Inácio Lula da Silva. Como se nota, a Polícia Federal já pode dar início à Operação Acrônimo II.
Ninguém conhece Lula tão bem como Okamotto, com as prováveis exceções de Marisa Letícia e Rosemary Noronha, mas aí em outros campos da experiência humana, e esta lembrança fica por conta do Dia dos Namorados. Okamotto é personagem de uma celebração mais contínua. Sabem como é, todo dia é dia dos companheiros. Em 2005, lembro, veio à luz um suposto empréstimo que o PT teria feito a Lula. O chefão petista negava o dito-cujo, mas Okamotto confirmou e ainda disse que ele próprio devolvera o dinheiro, mas esquecera de avisar o chefe. Entenderam? Teria pagado a dívida do chefe com recursos do próprio bolso. Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves. Sim, o caso parece meio bobo. Só o relembro para evidenciar a proximidade.
Mas voltemos ao telefonema. Lula estava nervoso. Como se fosse o Fortão do Bairro Peixoto da República, foi tirar satisfações com Temer, acusando o PMDB de ter atuado de forma deliberada para complicar a vida do petista. Huummm… E, como Temer é presidente do PMDB e coordenador político, deveria ter alguma explicação a dar, certo?
O vice-presidente, ora vejam!, deixou claro o óbvio: não participara da decisão. Eduardo Cunha, presidente da Câmara (PMDB-RJ), próximo de Hugo Motta (PMDB-PB), que preside da CPI, já havia dito que não tinha nada com isso. Ou por outra: não se tratava de uma conspiração. Será que Temer disse a Lula o que vai a seguir? Bem que poderia. Vamos lá.
“Veja bem, Lula, a gente sabe como são essas coisas. Pensemos no seu caso. E sou coordenador político do governo, e gasto boa parte do meu tempo tentando convencer os petistas a apoiar medidas que a presidente considera essenciais à governabilidade. É curioso, não é, Lula?, que tenha de ser eu a convencer os petistas a apoiar o governo. E não parto do princípio de que você e Rui Falcão conspirem para derrubá-lo. É que, a despeito de qualquer coordenação, os parlamentares agem também segundo a sua consciência. Note, Lula, se, em casos que podem conduzir o país à ingovernabilidade, parlamentares do próprio PT não atuam como ordem unida, você há de compreender a dificuldade em mantê-la em casos que nada têm a ver com o destino do país, mas só com o destino de Paulo Okamotto e, claro!, seu. Convém, Lula, como diria Karl Marx, que você não confunda a sua comédia pessoal com a história do país e o desgoverno dos seus negócios com a governabilidade.”
Essa parte final, creio, o vice-presidente não disse de jeito nenhum! É sabidamente um homem cordato, educado. O que não é o caso de Lula, aquele que, nesta sexta, resolveu comemorar, ainda que de modo oblíquo, as demissões nas empresas jornalísticas.
Mais reclamações
Lula aproveitou o encontro da Bahia para dar uma carraspana nos deputados petistas: como é que permitiram a convocação de Okamotto? Alexandre Padilha, aquele que não consegue nem jantar num restaurante em São Paulo, braço-direito de Fernando Haddad, o que explica muita coisa, fez coro. O chefão petista evocou uma de suas obsessões: segundo disse, o iFHC também recebeu dinheiro da empresa. Por que não foi convocado?
Não sei que resposta lhe deram os petistas, mas eu dou a minha: vai ver é porque o ex-presidente não tem como interferir em contratos da Petrobras, né? Essa parece ser uma causa bastante eficiente.
Okamotto tem uma explicação singular para a sua convocação:
“Você faz luta política e tenta potencializar. Toda vez que tem evento importante do PT, há algum tipo de movimentação em algum lugar para tentar desqualificar o partido, isso é uma coisa notória. Sempre acontece alguma coisa na véspera das coisas do partido”.
Ele se referia ao fato de que a convocação coincidiu com o início do congresso do partido. Tenham a santa paciência! Lembro que o PT queria adiar o julgamento do mensalão porque, afinal, se daria em ano eleitoral. Dado o calendário e até que não mude, o STF deveria, então, julgar processos envolvendo políticos só em anos ímpares — e, ainda assim, só quando o PT não tivesse marcado algum evento.
Okamotto ainda explica:
“Se for para explicar as doações da empresas, já é público e notório que Lula faz palestras para ramo de construção, bancos, alimentos, indústria de bebidas. Quando são palestras de caráter empresarial, elas costumam ser cobradas, tem cachê. Tem contrato e é tudo contabilizado.”
Pronto! Tudo explicado. O líder do partido que se diz socialista e que convoca Dilma a resistir ao capitalismo, como fez Rui Falcão em seu discurso de ontem, é o maior e mais caro especialista do mundo em… capitalismo!
É impressionante que essa gente tenha conseguido enganar tanta gente por tanto tempo!
Por Reinaldo Azevedo

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