quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

LIBERDADE, LIBERDADE - PARIS

Hoje, em Paris, tentaram provar, mais uma vez, que balas são mais poderosas que canetas e teclados.
Quando jornalistas são assassinados, isto é feito para amedrontar,intimidar e silenciar toda uma profissão. Quem não tem medo do quarto poder? E sem uma imprensa livre, quem nos guardará dos guardiões?
  • Alvaro Camamu Mas, nem ameaças nem balas vencem a inteligência humana nem a liberdade de opinião. Balas podem matar pessoas mas, não matam idéias, nem matam caráter.

  • Mas não se matam cavalos?
    Na obra genial de Horace Mccoy , um retrato da depressão dos anos de 1930 e a Grande Depressão americana.
    Era comum, à época, casais dançarem horas (e dias) a fio por algum dinheiro, onde se esperava alguma salvação ao que viviam. A miséria e falta de perspectiva de vida.
    Uma aberração social com justificativa do desespero.
    Como o mundo mudou, desde então.
    Mas, hoje se matam chargistas. Em nome não mais da sobrevivência. Mas da certeza que somente o sectarismo radical – o fundamentalismo – pode proporcionar.
    São jornalistas. Um tipo especial deles. Como um Chico Caruso, que nos Roda-Vivas da TV Cultura faz ao vivo, o que a maioria só conseguirá fazer – escrevendo – horas após, através de laudas escritas.
    O poder da síntese. A primeira linha de gente contra absurdos e desvios éticos. O humor aliado ao esclarecimento. A LIBERDADE exercida em cada traço.
    Mas não se matam outros?
    Sim. Infelizmente sim. Terroristas não escolhem alvos. Preferem escolher o terror de atacar a quem não se imagina ser a meta de tamanho ódio. São inocentes. Pois estes não reagem. E assim, como em uma guerra de só um exército, os bárbaros sabem usar a covardia.
    Hoje, o fundamentalismo foi além do terror. Atingiu, com um golpe certeiro, a liberdade de imprensa, o savoir faire de quem usa a inteligência e mordacidade para transformar o mundo e transformar os absurdos no que são: absurdos ainda maiores.
    Mas não se matam cavalos? Sim, se matam. E a outros. Matam seres humanos. A democracia. A diversidade religiosa. A dignidade da transcendência.
    Como em um novo conto de ficção, assistimos a realidade do absurdo.
    Agora não mais uma dança de dias em busca de alguns trocados por sobrevivência.
    Os valores são outros. O medo, terror, intimidação e silêncio da imprensa.
    A LIBERDADE de imprensa – e o direito nosso, de leitores – de ter-se acesso por nosso arbítrio ao que ler, ver ou ouvir, é ESSENCIAL para a continuidade de nossa história. De civilização. Da qual os terroristas e censores insistem em não fazer parte.
    Hoje não foram cavalos mortos. Foram jornalistas, na França, por ousarem expor o ridículo da farsa e do sectarismo.
    Talvez fique claro por que PRECISAMOS lutar pela LIBERDADE PLENA da imprensa em todo o mundo. Sem controles, ameaças ou intimidações.
    Afinal um dia alguém perguntou: “mas não se matam cavalos?” para legitimar o absurdo.
    Hoje a resposta é trágica. Não só. Se matam jornalistas que emprestam sua arte e humor e recebem em troca o controle social mais intenso: a pura e simples extinção da existência.
    Sabemos como o terror é. Sabemos como ele começa. Suportamos o crescimento em nome de valores que nos são caros. Nunca imaginamos como termina.
    Um dia, se não lutarmos TODOS os dias, a resposta será diversa: “sim, se matam cavalos, jornalistas e quem mais se oponha ao que penso e exijo!”.
    A raiz do fundamentalismo religioso é a mesma do sectarismo idológico. Ambas nascem de grupos que se acreditam superiores a todos os outros. E que afirma que quem discorda é digno de ser controlado. Ou eliminado? A história nos dá a resposta.
    Hoje em Paris, mataram jornalistas especiais. Para calar o que o jornal CHARLIE (JE SUIS CHARLIE!) representava como LIBERDADE.
    Amanhã, em qualquer lugar do mundo, poderá ocorrer a mesma prática.
    Ou cavalos e jornalistas são a mesma coisa?

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