A MATANÇA É GERAL, LÁ E CÁ,
por alvaro
Jornalista japonês, vítima mais recente de sequestro e condenação a morte por extremistas.
Dois terroristas fortemente armados e bem camuflados, invadiram a sede
do Charlie Habdo em Paris fuzilando 12
cidadãos indefesos, a maioria jornalistas que usavam a charge como ferramenta
de comunicação de massa. O pecado dos jornalistas foi criticar o islã retratando
em charge o profeta Maomé figura religiosa equivalente ao nosso Jesus Cristo no
cristianismo. Há fortes indícios, para não dizer a certeza, de que organizações
extremistas islâmicas planejaram e participaram da logística para que os
terroristas cumprissem sua missão, para que chegassem ao final daquela
empreitada com o sucesso que os radicais esperavam e desejavam - a aniquilação
da vida de opositores ao islamismo, tanto que os executores gritaram
"vingamos o Profeta". Pelo menos quatro grandes expoentes da charge,
jornalistas franceses que inspiraram outros chargistas mundo afora, foram
aniquilados em uma ação que durou pouco mais de cinco minutos em plena capital
francesa à luz do dia no centro de Paris. O mundo ocidental ficou estarrecido,
ainda mais quando a Europa tradicionalmente acolhe milhares de cidadãos oriundos
de países que cultuam o islamismo. O terrorismo moderno pratica uma guerra que
não declarada por um Estado, mas por
organizações, grupos menores armados e até por lobos solitários.
Em 1989 na França, irrompeu-se uma revolução iluminista que influenciou
o mundo e que se iconizou com o lema: Igualdade, Fraternidade e Liberdade. A
revolução francesa inaugurou uma nova era. Países europeus, mas, também, outros
fora da Europa, como os Estados Unidos da América do Norte, cultivam a
liberdade de pensamento e de expressão como valor máximo da cidadania, como
pressuposto da existência de um regime democrático. Na verdade, o regime democrático
só prospera onde a liberdade é respeitada e a cidadania é plena. E, nas
democracias modernas a liberdade de pensamento e de expressão é a arma das
oposições para que, fora do poder, não vire cadaver com o corpo vivo. Por isso
mesmo o papel dos derrotados numa eleição é fazer oposição. Quem ganha uma
eleição manda e detém o poder e manda, quem perde faz oposição: fiscaliza e
critica. Na verdade, a aniquilação da oposição só ocorre em tiranias - que não aceitam nem toleram críticas.
Ocorre que, alguns grupos
radicais de diversas inspirações - neste caso particular, em Paris,
fundamentalistas islâmicos - querem impor sua crença e sua cultura aos não
muçulmanos - ao ocidente cristão e aos judeus em Israel e também querem
alcançar os judeus que vivem espalhados pelo mundo residindo em qualquer país.
Para tanto, não medem esforços para atingir o alvo nem limitam seus métodos. Basta lembrar o "11 de setembro" em
Nova Iorque, o ataque ao metrô na Espanha, o assassinato de judeus na Argentina
e agora, a ação no Charlie Habdo, em Paris. Vivenciamos uma perseguição
generalizada de cristãos, principalmente no oriente árabe. Os cristãos são
proibidos de cultuar sua religião, são expulsos de seus territórios, são
condenados à morte por algum tirano que
ordena massacres ou condena à morte de algum recanto do mundo. Opositores, para
os grupos fundamentalistas, devem ser literalmente eliminados. Defendem o
extermínio de nações e mesmo de países e cidades como é o caso de Gerusalém em
Israel, que é habitada majoritariamente por judeus mas, que é sistemática ininterruptamente provocado por grupos
terroristas identificados e também é alvo de atentado executado por grupos
radicais islâmicos na vizinha palestina, principalmente os da faixa de Gaza.
Vê-se portanto que para os fundamentalistas
islâmicos e também paro outros grupos radicais, eliminar o opositor através de
assassinato individual ou em massa, através de ações terroristas planejadas com
cidadãos simpatizantes do islamismo extremista, são recrutados, treinados e patrocinados
por tiranos espalhados principalmente pelos países que professam o islamismo.
Maomé, o Profeta do islamismo, não pode ser criticado, retratado ou ignorado -
quem professa o islamismo não aceita. Por isso mesmo, as charges do Charlie
Habdo ´foram intoleráveis, desencadeando ações de retaliação ao ponto da
redação do jornal se tornar alvo a ser atingida e eliminada. Alguns grupos
extremistas pregam a "guerra santa" que tem como objetivo eliminar
cidadãos que professam outras crenças e que não cultuam Maomé e Alá.
Entre nós, no Brasil, é comum os vencedores
exercerem o controle sobre os vencidos. Não é, cá no ocidente, uma prática
muito comum eliminar o adversário político matando a tiros ou explodindo
bombas. È mais comum aqui no Brasil os vencedores assassinarem a cidadania
atravás de perseguição política capaz de calar a voz de quem se opõe aos
vencedores, aqueles que detém o poder oriundo das urnas. Mas, as urnas nem
sempre contam a verdade da vontade popular, uma vez que há muitas eleições contaminadas
pela compra de votos ou por fraude e interferência indevida na apuração dos
votos. Poucos tem coragem de abrir a boca para externar sua opinião crítica
quando estão na oposição. A organização social, que forma cidadania rara e
rala, não chega a incomodar os que detém o poder. Quem ganha a eleição na
maioria das cidades brasileiras impõe-se através da cooptação ou da
perseguição. Por imposição do silêncio aos vencidos que aceitam a dominação o
medo de ser perseguido emudece os derrotados nas urnas ou então mamam nas tetas
dos governos. Como a maioria dos cargos públicos são distribuídos como favor e
compadrio e não por mérito e por competência, a maioria das famílias tem algum
membro contratado por quem detêm o poder. Sim, contratado por que a seleção por
concurso público é rara e não interessa aos poderosos por que o concursado pode
vender apenas seu trabalho poupando sua alma.
Como nas democracias o papel da oposição é tão
importante quanto o papel da situação, para tanto a oposição precisa ter voz. A
liberdade de criticar e de fiscalizar é pressuposto básico da democracia. A
resposta francesa ao atentado recente em Paris foi uma ação que reafirmou a
Liberdade como lema de um povo altivo que preza a cidadania tanto quanto a
própria vida. Em Paris os cidadãos não querm apenas estar vivo, apenas pão e
circo. Querem a liberdade de expressão como ferramenta da cidadania. Quando,
mais de três milhões de francesas saíram de casa em protesto e desafio,
reunindo-se nas praças portando lápis e canetas, liderados por inúmeros
mandatários de países europeus, principalmente, estes de mãos dadas a França
reafirmou apoiada pelo mundo ocidental que os princípios da revolução francesa
estão vivos e fortalecidos.
Enquanto grupos radicais eliminam pessoas
matando o corpo físico com a intensão de eliminar traços culturais, como crença
religiosa e vivência e prática democrática, na democracia brasileira mata-se a
cidadania através da perseguição política e do cerceamento da liberdade de
expressão quando a alma dos cidadãos é vendida junto a sua força de trabalho.
Enquanto lá, se exterminam pessoas instantaneamente de modo cirúrgico
dilacerando vísceras atravessadas por balas disparadas por fuzis e
metralhadoras, aqui, o método usado é o envenenamento homeopático que visa matar
a cidadania. Não vivemos portanto, uma democracia plena em nosso país. E, como
não há democracia pela metade, no Brasil, enquanto a cidadania não for
ressuscitada, a tirania terá o mesmo efeito - morte da cidadania - do mesmo
modo que ocorre na maioria dos países islâmicos onde o Estado não é laico e
portanto impera a teocracia, onde reis e
aiatolás inspirados por suas seitas e guiados por suas crenças, determinam
tudo, inclusive o direito de viver de seus opositores e a hora de morrer. No
ocidente democrático não estamos acostumados a esse tipo de barbárie. Temos
tradição de liberdade de culto religioso sem que a pena de morte seja imposta a
quem professa uma apenas por assim optar.
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