O ano novo e a oportunidade do encontro
Texto de Álvaro de 2006
Último dia do ano.
Chegamos ao fim.
O ocaso de um novo
ciclo.
No entanto
Como todo milagre a
vida se renova
Desdobra-se em
esperanças.
As pessoas ficam mais
amáveis, mais fraternas, mais humanas
Como que nun passe de
mágica.
O ano vai-se, como todos nós um dia
Um de cada vez, cada
um na sua hora. Às vezes todos de vez.
Todos irão.
Saltaremos em outro
porto, um dia.
Na verdade somos
passageiros de um barco cheio de gente
E teremos que saltar
e deixar pra trás tanta gente querida
Tanta entes queridos
que a gente desejaria fosse eterno.
Quanta saudade na
despedida.
Mas, temos que ir
seguindo o destino.
A vida não pára e é
preciso caminhar.
Tropeçar faz parte,
mas persistir é preciso
Na busca do amor, da
fraternidade
Na busca do encontro.
E preciso ir ao
encontro do outro.
Por isso, não há
razões para adiar
A oportunidade do encontro
Ele é a véspera da
separação.
O encontro antecede a
despedida
E às vezes não temos
outra oportunidade
De chegarmos antes da
partida.
Mais que tudo o
encontro humano
É a mais rica
experiência da vida.
Nos reconhecemos no outro
Por que sozinhos
somos incapazes de nos reconhecermos.
É doloroso mas é
preciso reconhecer
Precisamos do outro e
existimos por isso.
Precisamos do
professor, do vizinho, do amigo...
Pois nos vestimos
para sermos vistos
E falamos para sermos
ouvidos.
Não podemos adiar o
encontro
Amanhã pode ser tarde
Amanhã é outro dia
E o outro pode não
estar mais lá.
Como dói chegar atrasado.
No milagre do
encontro, a relação humana
Nos faz renascer.
Atualiza-nos.
Às vezes temos
divergências.
Mas o que é a
divergência
Senão expressão de
liberdade e de individualidade?
E o que é a
divergência senão nosso direito de opinião?
Liberdade e
divergência é a retratação da presença do outro.
E a verdade?
O que é a verdade
senão a nossa própria verdade.
Existem muitas
verdades que não a nossa.
É preciso tolerância
para ouvir todas as verdades.
Senão não teremos
espectadores para ouvir a nossa verdade.
E porque devemos
respeitar?
Para que nos
respeitem.
E porque devemos
amar?
Para que sejamos
amados.
Quando não nos
sentimos amados
Nos tornamos
agressivos e mal humorados
De mal com a vida,
amargos, desalmados.
Sem entendermos o
segredo sagrado do encontro.
O amor nasce do
encontro
Através de nós se
torna gente
Por isso essa
oportunidade não pode ser negada
Sob pena de negarmos
o amor dos homens e o amor de Deus.
O desamor é um
processo lento de suicídio
Desse modo, o último
dia do ano
É véspera do primeiro
dia do ano seguinte
Uma oportunidade que
a vida nos dá
Para recomeçarmos
Deixando com as
cinzas do ano que passou
Nossas amarguras,
nossos rancores, nossas mágoas;
O dia do ano seguinte
é o dia da esperança
É a porta do templo
do encontro
Que nunca é igual a
outro dia qualquer
Porque nenhum dia é
igual a outro
Como também não há
ser humano igual
Somos únicos.
Cada dia é um milagre
de Deus
Cada ser humano
também é.
E Deus nos deu o ano
novo
Para nos renovarmos
Para nos redimirmos
Para perdermos a
vergonha de perdoar
Para descermos do
pedestal da arrogância
Para irmos ao
encontro do outro
O outro, nossa sombra
e nossa projeção
O outro nós mesmos.
O Grande outro, Jesus
Cristo.
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