domingo, 29 de junho de 2014

PT ACUADO

27/06/2014
 às 3:34 - Reinaldo Azevedo na Veja


Acuado, o PT decide acionar a tecla da intolerância, com decreto bolivariano e lista negra de jornalistas

José Serra escreveu no Estadão de ontem um excelente artigo sobre a decadência do petismo e sua guinada autoritária — dentro do autoritarismo que já está na sua origem. Explica a razão do desarvoramento do partido e aponta como evidências do destrambelhamento o decreto bolivariano da presidente Dilma e a lista negra de jornalistas. Leiam trechos:
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O PT não é um partido muito tolerante já a partir de seus próprios pressupostos originais e de seu nome: quem se pretende um partido “dos” trabalhadores, não “de” trabalhadores, já ambiciona de saída a condição de monopolista de um setor da sociedade. Mais ainda: reivindica o poder de determinar quem pertence, ou não, a essa categoria em particular. Assim, um operário que não vota no PT, por exemplo, não estará, pois, entre “os” trabalhadores; do mesmo modo, o partido tem conferido a “carteirinha” de operário padrão a pessoas que jamais ganharam o sustento com o fruto do próprio trabalho.
A fórmula petista é conhecida: a máquina partidária suja ou lava reputações a depender de suas necessidades objetivas. Os chamados bandidos de ontem podem ser convertidos à condição de heróis e um herói do passado pode passar a ser tratado como bandido. A única condição para ganhar a bênção é estabelecer com o ente partidário uma relação de subordinação. A partir daí não há limites. Foi assim que o PT promoveu o casamento perverso do patrimonialismo “aggiornado”, traduzido pela elite sindical, com o patrimonialismo tradicional, de velha extração.(…)Não tendo mais auroras a oferecer, não sabendo por que governa nem por que pretende governar o País por mais quatro anos, e percebendo que amplos setores da sociedade desconfiam dessa eterna e falsa luta do “nós” contra “eles”, o petismo começa a adentrar terrenos perigosos. Se a prática não chega a ameaçar a democracia – tomara que não! –, é certo que gera turbulências na trajetória do País. No apagar das luzes deste mandato, a presidente Dilma Rousseff decide regulamentar, por decreto – quando poderia fazê-lo por projeto de lei –, os “conselhos populares”. Não por acaso, bane o Congresso do debate, verticalizando essa participação, num claro mecanismo de substituição da democracia representativa pela democracia direta. Na Constituição elas são complementares, não excludentes. Por incrível que pareça – mas sempre afinado com o bolchevismo sem utopia –, o modelo previsto no Decreto 8.243 procura substituir a democracia dos milhões pela democracia dos poucos milhares – quase sempre atrelados ao partido. É como se o PT pretendesse tomar o lugar da sociedade.
Ainda mais detestável: o partido não se inibe de criar uma lista negra de jornalistas – na primeira fornada estão Arnaldo Jabor, Augusto Nunes, Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Guilherme Fiuza, Danilo Gentili, Marcelo Madureira, Demétrio Magnoli e Lobão –, satanizando-os e, evidentemente, expondo-os a riscos. É desnecessário dizer que tenho diferenças, às vezes severas, com vários deles. Isso é parte do jogo. É evidente que o regime democrático não comporta listas negras, sejam feitas pelo Estado, por partidos ou por entidades. Mormente porque, por mais que se possa discordar do ponto de vista de cada um, em que momento eles ameaçaram a democracia? Igualmente falsa – porque há evidência dos fatos – é que sejam tucanos ou “de oposição”. Não são. Mas, e se fossem? Num país livre não se faz esse tipo de questionamento.
Acuado pelos fatos, com receio de perder a eleição, sem oferecer uma resposta para os graves desafios postos no presente e inexoravelmente contratados para o futuro, o PT resolveu acionar a tecla da intolerância para tentar resolver tudo no grito. Cumpre aos defensores da democracia contrariar essa prática e essa perspectiva. Não foi assim que construímos um regime de liberdades públicas no Brasil. O PT está perdendo o eixo e tende a voltar à sua própria natureza.
Leia a íntegra aqui
Por Reinaldo Azevedo
27/06/2014
 às 1:01

Pezão afirma que Aécio terá mais apoio que Dilma entre partidos de coalizão no Rio

Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
Na convenção que confirmou sua candidatura à reeleição, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou nesta quinta-feira que o tucano Aécio Neves deve ter a maior base de apoio da coligação majoritária liderada pelos peemedebistas no Estado. Nacionalmente, o PMDB fechou apoio à candidatura da presidente Dilma Rousseff, mas uma rebelião fluminense liderada pelo presidente da agremiação no estado, Jorge Picciani, converteu a máquina do partido ao movimento Aezão, com o objetivo de buscar votos em Aécio para presidente e Pezão para governador. De acordo com Pezão, mais da metade dos 18 partidos da coligação vai concentrar esforços em apoiar a campanha de Aécio. Ele afirmou que sete ou oito partidos estarão empenhados na reeleição de Dilma. Já o PSC tem candidato próprio, o pastor Everaldo. Pela manhã, Pezão tinha afirmado apoio a presidente Dilma, mas no discurso na convenção ele não citou nenhum candidato.
“Darei tratamento igualitário a todos os partidos. Mais da metade da coligação está com Aécio e sete ou oito estão com Dilma”, afirmou Pezão. O pastor Everaldo, presidenciável do PSC, subiu ao palanque ao lado de Pezão e brincou com os militantes que o movimento importante era o “Evezão”, voto em Everaldo e Pezão. “Falam de um movimento de outro candidato e você. Mas o que teremos é Everaldo e Pezão, o Evezão”, afirmou. Antes da fala de Pezão, iniciada com uma chuva de papel, outros políticos discursaram alternando pedidos de votos para Dilma e para Aécio. Na frente dos militantes, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), amenizou a frente de briga que comprou com o presidente do PMDB fluminense, Jorge Picciani, ao defender uma mobilização de prefeitos em favor de Dilma. Picciani, que lidera o Aezão, cobrou fidelidade partidária de Paes depois que o prefeito defendeu voto na presidente. Paes minimizou a divergência.
“Esse time está unido para eleger Pezão e não vai se dividir jamais”, discursou Paes. Os delegados com poder de voto na convenção aprovaram a coligação majoritária do PMDB no Rio com outros 17 partidos (PDT, PP, PSD, PTB, PSC, PSDB, PPS, DEM, PTN, PEN, PSL, PMN, PTC, PRP, PSDC, PRTB e SDD) e a lista de candidatos a deputado federal e estadual. Também foi delegado à comissão executiva efetivar deliberações futuras sobre a inclusão, ou exclusão, de partidos da coligação.
Por Reinaldo Azevedo

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