CAMAMU e o PONTO-CHIQUE
Vivi toda a minha infância e parte da adolescência, até os
17 anos, na minha terra natal – Camamu. Estudei, a partir do 5º ano de idade, no
Colégio São Domingos Sávio de D. Clotildes e D. Ceci. Depois, fui fazer o que
era chamado “curso ginasial” durante quatro anos no Colégio Pirajá da Silva. Aos 17 anos fui morar em Salvador na casa de
meus tios Dinorá e Zé Pinto passando a cursar o que se chamava “científico” no
colégio Central. Passei nos vestibulares para cursar medicina na Universidade
Federal da Bahia – a que escolhi – mas também na Escola Baiana de Medicina. Retornei a
Camamu em 2002, no início do ano. A convite, assumi a Secretaria Municipal de
Saúde de 2002 a 2006.
Voltemos a Camamu, que no momento é onde devo focar. Camamu
era uma Cidade com a típica vida interiorana – lenta, pacata, carente de
infraestrutura. Á época, na minha infância era comum, homens tomarem banho no
final da tarde nas fontes naturais de agua – principalmente “as Caretas” - pois
a “Fontinha” era mais usada para recolher água de beber ( lembram de Cavahaque).
Muita gente nesse tempo ganhava a vida carregando água das fontes para as
residências.
Há trinta anos passados o point em Camamu era o Ponto-Chique.
O ponto chique era o local de empinar pipas, de descer escorregando em
fragmentos de madeira ou simplesmente de reuniões de jovens, principalmente. A
casa de meu avô, Dr. Alvaro Ernesto e o terreno de tia Elza, sua irmã, eram
separados pela rua que alí está. O terreno de tia Elza era cercado por um muro
marron, bem delimitado. A área do terreno ficava entre a casa de Geraldo
Pereira e o poste que hoje tem um refletor – alí terminava o muro e tinha do
lado de fora do terreno dois postes pretos de ferro pertencente aos Correios e
Telégrafos. Dalí em diante era terreno público. Nós da família Ernesto, nunca
nos ousamos em anexar um palmo sequer do patrimônio público. A área era sagrada
para que toda a população da cidade desfrutasse
livremente. Muitos namoros começaram e muitos acabaram alí no Ponto-Chique.
Lembro-me que um casal de parentes, D.Marinalva e Sr. Alborino tinha o hábito
de passear a tardinha de maos dadas ou abraçados de sua residencia na Rua
Direita até o Ponto-Chique e lá ficvam uma duas horas. A família de Tio Milton
Coutinho - Roberto, Getúlio, Carolina e
Zé Eduardo juntamente comigo e meus irmãos fazíamos dali um local para o lazer
e para o descanso e até reflexão. Luiz de Djanira, Otaviano, Carlito de
Amenália, Maria Assunção, Barbinha, os filhos de João Soldado e os irmãos de
Bolachão vivíamos todos por alí uma boa parte dos nossos dias. Bartira, Charles, Lindoia...
Hoje, para mim, o Ponto-Chique é um local sagrado.
Quando retornei a Camamu em 2002, o Prefeito Zequinha da
Mata me convidou para assumir a Secretaria Municipal de Saúde. O mesmo Zequinha
que junto com Célio Querino, Augusto Souza e outros amigos vivemos nossa infância atrelado ao
Ponto Chique. Os filhos de Sr. Manoel Vasconcelos, de Sr. Milton de Zuca e de
Sr. Capitãozinho e D. Dete frequentavam o Ponto-Chique. Em dias de festa na
Igreja de Senhor do Bomfim na Cidade Baixa, nós os moradores da Cidade Alta
corríamos ao Ponto-Chique para, daquele ponto privilegiado, observarmos o
movimento. O Ponto-Chique é, portanto, um referencial histórico e cultural da
cidade de Camamu e seus habitantes. Que as fontes de água não tivessem sido
preservadas, paciência. Mas o Ponto-Chique, não! Nós, os Ernestos, já perdemos
mais de 600 hectares de terra no Tiriri e não reclamamos de ninguem. Eu estou
fazendo este apelo veemente para preservar o Ponto-Chique como área pública por
que sou Camamuense e amo minha cidade. Não quero para meu uso particular.
A Prefeitura de Camamu tinha um projeto de construir alí um mirante e no local onde hoje é minha residência e que pertenceu aos meus pais, avós e bisavós, seria um Centro de Cultura. Com o meu retorno a Camamu, o Prefeito à época retrocedeu da desapropriação, por que um dos donos se apossou de pleno direito da sua propriedade, do nosso imóvel e me deu cópia do projeto. Como Camamuense damos valor a nossa terra. Veja Chico Vasconcelos com o projeto de restauração da Igreja de Nossa Senhora da Assunção – somos todos agradecidos a Chico.
A Prefeitura de Camamu tinha um projeto de construir alí um mirante e no local onde hoje é minha residência e que pertenceu aos meus pais, avós e bisavós, seria um Centro de Cultura. Com o meu retorno a Camamu, o Prefeito à época retrocedeu da desapropriação, por que um dos donos se apossou de pleno direito da sua propriedade, do nosso imóvel e me deu cópia do projeto. Como Camamuense damos valor a nossa terra. Veja Chico Vasconcelos com o projeto de restauração da Igreja de Nossa Senhora da Assunção – somos todos agradecidos a Chico.
*OBS: Este Blog dará espaço para que o "proprietário" se manifeste e apresente seus argumentos e seus documentos.
Quem ama cuida
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