domingo, 14 de julho de 2013

SOBRE UM HOSPÍCIO CHAMADO BRASIL

SOBRE UM HOSPÍCIO CHAMADO BRASIL

Autor: Álvaro
                             
 Na maioria dos países desenvolvidos onde a saúde funciona, o governo gasta 4 (quatro) mil dólares por pessoa por ano. No Brasil, gasta-se menos de 1 (um). Que a legislação do país obriga escolas, clubes sociais e estádios de futebol a disporem de cardioversores e medicamentos para ressuscitarão cardiovasculares já sabemos, mas que mais de noventa por cento das Unidades de Saúde da Família não dispõem desses aparelhos, muito pouca gente sabe. Que nos últimos cinco anos o número de enfermeiros quase que dobrou, já sabemos. Que o salário nessa categoria profissional quase caiu pela metade, nem todos sabem. Hoje os enfermeiros mendigam salários e querem arrancar dos médicos prerrogativas inerentes ao ato médico, específicos da profissão - e tudo isto incentivado pelo Ministério da Saúde através de portarias malandras, enviadas por canais subterfúgios em vésperas de eleições para tampar velhos buracos de transamazônicas inacabadas. Como já disse em outras oportunidades: eles estão rolando a maçã podre e envenenada entre os profissionais da saúde que estão mordendo a isca. Estão fazendo terrorismo profissional. Estão premiando guerrilhas setorizadas. O desserviço prestado é completo.
O ministro Padilha falta com a verdade quanto aponta o gargalo na só atenção básica - mas que é setorizado. O maior e quase insolúvel gargalo está na média e alta complexidade, cuja solução não depende da importação desse tipo de médico (na verdade, são para-médicos de quarteirão), cuja convocação e recrutamento se fará ao arrepio da lei com anúncios para "cubanos, espanhóis e portugueses" verem, tudo alardeado em horário nobre em  rede de televisão. Para ilustrar o drama: até tratamento de canal dentário e cirurgia de gengiva (endodontia e periodontia) tratando-se de odontologia - não se consegue fazer pelo SUS, facilmente. Imaginem cirurgia oftalmológica, neurocirurgia, tratamento de câncer, transplante. Imaginem transfusão de sangue, nutrição parenteral, cirurgia bariátrica.
 O presidente do Senado, Renan Calheiros, tentando ressuscitar sua imagem de bom moço, guinchados pelos apelos das vozes roucas das ruas, já entendeu: os médicos precisam da relação trabalhista formalizada ou da carreira de estado precedida de concurso público. Hoje, os profissionais médicos encontram-se, na maioria dos casos, prestando serviço aos municípios, que são intermediados por ONGs e Fundações que cobram mais de 10% mensalmente como taxa de administração para financiar campanhas eleitorais dos prefeitos. Os médicos, não conhecendo a cara de seus chefes, são tratados como números e dispensados como lixo. Enfrentam ainda a cobiça de outros profissionais da área da saúde que já tiveram seus salários defasados como conseqüência das porteiras abertas nos cursos universitários de fundo de quintal facilitados pelo governo faz-de-conta que teima em produzir  dados estatísticos fantasiosos do Brasil maravilha, a ilha de fantasia que João Santana cobra rios de dinheiro para projetar na telinha o filmete de enganação para milhões de bolsistas oficiais.
 Com o "PAC da saúde" o Governo Federal impõe, por MEDIDA PROVISÓRIA, a criação de um SERVIÇO CIVIL OBRIGATÓRIO, exclusivamente para médicos à medida que obriga os estudantes de medicina, para que tenham seu diploma validado,  serem obrigados a trabalhar dois anos para o SUS. Os médicos foram escolhidos como cobaias ou como alvos suas experiências sociais perversas de políticos entronizados. Nem dentistas, nem engenheiros, nem advogados, nem professores, nem psicólogos, nem sociólogos. SÓ MÉDICOS. Então chamem a Comissão de Direitos Humanos. É um caso de amor ou de ódio. Que é um caso pensado, já sabemos.
 É muito bom que o psicólogo faça o diagnóstico psicológico e o tratamento psicológico correspondente - mas, sem prescrição de medicamento pois, no seu currículo profissional não há nada que respalde a prescrição de medicamentos. Que o fisioterapeuta avalie e indique o tratamento em fisioterapia mas sem prescrição de medicamentos. Que o enfermeiro faça a consulta de enfermagem e indique a melhor intervenção de enfermagem, mas, sem prescrição de medicamentos. A prescrição de medicamentos depende de uma preparação curricular específica e de um treinamento supervisionado para esta finalidade que envolve o risco de vida ou morte. O enfermeiro é treinado para a aplicação de medicamentos o mpedico para a prescrição e para a aplicação. Mas, se todos querem praticar todos os atos do médico, que todos façam medicina ou então que todas as especialidades da área de saúde sejam especialidades médicas. E que para todo mundo o acesso seja tão difícil como é para o médico. Que a exigência curricular seja igual para todos. Não é possível que só na hora da colheita a multidão apareça. No caso de vacinas é um assunto para ser avaliado - só no caso de vacinas - que se poderia usar um protocolo.
 Os governantes de plantão querem instituir profissões por decreto sem mudar a grade curricular, sem considerar experiências práticas, ao sabor de suas conveniências, do calendário eleitoral ou do ciclo menstrual de seus governantes de plantão. Uma coisa é certa, se os políticos e seus dependentes, fossem obrigados por lei a freqüentar escolas públicas, e utilizar os serviços do SUS, e proibidos de usar carros blindados e de ter seguranças particulares o Brasil mudaria para melhor em um mês, EM APENAS UM MÊS. Como está, não sei se é o caso de só internar o ministro ou o Governo todo. Se for o governo todo a vaga deve ser reservada no HOSPÍCIO.


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