VALENÇA E TAPEROÁ E AS CHUVAS
Por Alvaro
Tanto quanto
Camamu, Igrapiuna e Ituberá, também Valença e Taperoá sofrem muito com as chuvas fortes que castigam
a região. Provavelmente, Nilo Peçanha e Cairú, não ficaram livres. Parece que,
todos os municípios na Costa do Dendê foram de alguma forma atingidos pela
chuvarada, alguns mais, outros menos. Fotografamos a situação crítica em alguns
deles por onde passamos. Quando for levantado o prejuízo, se for, veremos que
situações climáticas não podem ser evitadas, mas cuidar da infraestrutura das
cidades, principalmente a drenagem fluvial, o esgotamento sanitário e a contenção
de encostas, é uma necessidade inadiável e uma responsabilidade imediata e
permanente dos gestores públicos.
Certa vez, há
mais ou menos cinco anos, numa segunda feira eu retornava do plantão como
médico na sede do município de Cairú, na Unidade de Saúde Salústio Palma,
quando fiquei bloqueado na estrada por que
em consequência de uma chuvarada como a que ocorre nesses dois dias, a via de
acesso estava intransitável. Vários carros, inclusive o ônibus da linha regular,
ficaram impedidos de prosseguir viagem. Uma enorme árvore caiu sobre a estrada,
o que não é raro acontecer. Como não há manutenção preventiva o risco é
permanente e iminente nessas condições em que vivemos nas últimas 48 horas. Não
sei se é possível por via terrestre ter acesso a cidade de Cairú. Provavelmente
não.
Na verdade
não debatemos que há uma ignorância gerencial ou uma canalhice intelectual que
desviam os gestores nas suas ações mais estruturantes, conforme atestam os
resultados pífios de seus trabalhos à frente dos municípios. Entram e saem e
tudo fica no mesmo. Só as festinhas eleitoreiras e que ficam mais caras e mais
sofisticadas. Não são valorizadas as ações de grande impacto positivo na saúde pública,
na educação, na mobilidade social. Os “pobres” que eles fazem tantas ações apelativas
a cata de votos nas campanhas eleitorais, são os primeiros a serem excluídos. O
voto do pobre não se traduz em ações políticas para melhorar a vida desses mesmos
atores sociais explorados eleitoralmente. Rede de esgoto, drenagem pluvial, pavimentação
de ruas, contenção de encostas, aparelhos públicos recreativos descentralizados,
atenção básica e escola fundamental são as reais necessidades dos mais
carentes.
Eu fico pensando
em estradas do tipo das que dão acesso a cidades como Cairú. Rodovias assim na
verdade são uma afronta aos pagadores de impostos. Não há carro que sobreviva
aquela coleção de crateras, nem que a gente seja dono de uma fábrica de suspensão
e de pneus. Na chuva então. E as arvores que parecem ameaçar os que trafegam
nessas esculturas vivas da irresponsabilidade politica e administrativa. Durante
os mais de cinco anos que eu trabalhei como médico em Cairú ficava pensando no
trajeto para o trabalho: - Onde estão, o prefeito do município e o governador do
estado que, diante desse absurdo fazem cara de paisagem e não agem
responsavelmente decidindo o que é importante – a trafegabilidade na única via
de acesso terrestre a sede do município. E o dinheiro do petróleo e do turismo
vai parar onde? A estas perguntas nem os municipalistas sazonais respondem. Mas,
alguns jornalistas e analistas políticos acreditam que é comum o dinheiro público
percorrer caminhos tortuosos até o seu fim principal que é financiar campanhas
eleitorais de político que deixam de empregar o dinheiro público devidamente e
durante o período eleitoral saem por aí comprando votos e cabos eleitorais que
só tem emprego durante o período de campanhas.
Não basta a
Ba001 que nesse outono é uma usina de triturar carros levando os proprietários
de veículos a financiarem a irresponsabilidade dos gestores em todos os níveis.
Onde está o Governador do estado e os prefeitos que lhe deram votos para sua
eleição. Os deputados estaduais precisam mostrar que são independentes na hora
de cobrarem a responsabilidade pública e gerencial do Governador. O sistema
Ferry-boat já é aquele suplício eterno, juntando-se agora com as estradas
intransitáveis, dá a impressão que não temos governador.
Entendo que
a defesa do municipalismo se casa e se completa com a defesa de uma gestão responsável
referente às necessidades básicas nas cidades, para atender o povo. Todos, em
tese, somos municipalistas, mesmo por que, o país e os estados existem nos
municípios, onde moram os cidadãos. O estado é uma entidade jurídica
administrativa da república, mas o cidadão vive nos municípios, povoando as
cidades. É, nos limites de cada cidade e de cada distrito ou povoado, onde
ocorre o real contato do político eleito com o cidadão comum – e mesmo assim
alguns não respeitam os eleitores e os cidadãos como um todo. As necessidades
são sentidas pelos munícipes. A vida humana anda pelas ruas das nossas cidades.
Vamos fortalecer os municípios sim, mas vamos gerenciar responsável e
inteligentemente os recursos públicos que já existem disponíveis nos diversos orçamentos que na verdade são recursos que
pertencem aos munícipes pagadores de impostos que são.
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