terça-feira, 10 de dezembro de 2013

CURSOS UNIVERSITÁRIOS


Qualidade X Quantidade 

nos cursos universitários

Por, Alvaro


                             Há pouco mais de dez anos os cursinhos (de Pré-vestibular) andavam cheios. Conto o que vi, eu estava lá como professor de Biologia.  Nesses tempos que já se foram, para ingressar na universidade frequentando um dos cursos universitários, os alunos se preparavam durante todo o ano para fazer as provas de seleção com o rigor merecido e recomendado para quem quer ser um médico, um engenheiro, um professor, um juiz. Com material didático denso e “professores show”, mas que ensinavam com uma didática refinada e conteúdo detalhado enfatizando o essencial, os cursinhos eram um mal necessário. Proporcionavam aos alunos um mínimo de conhecimentos para um pretendente a vaga em Faculdades Públicas ou Privadas. De repente, os cursinhos preparatórios para vestibulares viram suas salas esvaziadas - os alunos sumiram - enquanto as salas nas faculdades ficavam abarrotadas de pretendentes a profissionais de nível universitário. Para os cursinhos a demanda caiu assustadoramente por que houve um desvio, um atalho. E, aquele aluno que direcionava seu tempo e sua atenção para aprender um mínimo necessário para ser universitário agora,  não procura mais os cursinhos preparatórios, por que o número de vagas nas diversas faculdades autorizadas parece ser maior que o de alunos pretendentes. As faculdades proliferaram  sem nenhum critério. Nas salas de aula pode ter gente que não sabe escrever um bilhete ou fazer uma conta de adição. Pode ter gente que não sabe se expressar nem fazer um requerimento ou uma solicitação escrita. Que não sabe pesquisar uma relação bibliográfica. Que não sabe escrever um ditado sem interromper o professor  a cada sílaba. Os professores sabem do que eu falando.

                             As faculdades com suas licenças de funcionamento provavelmente facilitadas,  não garantem que selecionam  os alunos.  Escancaram suas  portas e  porteiras.  Para os autorizadores dos cursos universitários – MEC  - a quantidade é o único parâmetro  que conta para o ingresso nos diversos cursos. Os donos das fabriquetas de formados também comemoram, pois suas gavetas de dinheiro se abarrotam. Qualidade é um item que não conta. Nem para entrar nem para frequentar, quanto mais para sair. Os alunos têm perfil de curso técnico, sem aquilo que deve ser um universitário – questionador, pesquisador, envolvido com a comunidade, em busca permanente de aperfeiçoamento. Um técnico é diferente de profissional universitário. Pelo menos deveria ser. E, um professor universitário não pode ser qualquer um, tem que estar preparado para tal.

                             Para os Governos de todas as esferas  exibir os números é o que importa. Mostrar que depois de determinada administração tanto por cento dos alunos de uma determinada cidade se tornaram universitários ou concluíram algum curso de graduação. E enquanto nos números dos levantamentos estatísticos se mede a quantidade n a prática, em relação ao conhecimento a realidade é outra. Paga-se a mensalidade e garante-se o título – Universitário.  Não se fazem mais universitários como antigamente.  Agora, pense em um engenheiro responsável pela construção de um viaduto onde você passa por sobre ele todos os dias. Ou, um médico “padrão cubano”, desses que estão sendo importados sem o selo de qualidade para atender os pacientes do SUS. Que dá medo dá.


                             Sem estar defendendo a primazia dos cursinhos, nem a volta ao passado, espero que, pelo menos, a seleção seja mais rigorosa. Ou, que no mínimo, haja seleção. Os números vão aumentar em relação aos que ingressam nas universidades, os que fazem faculdade, e saem com um canudo vazio ostentando a mudança de status. Mas, o mercado de trabalho vai contestar as estatísticas dos que ingressam e concluem os cursos universitários em relação a qualidade do aprendizado, em relação ao conhecimento adquirido. Concluem, mas não estão preparados para trabalhar na profissão - uma boa parte deles. Passaram mas, não aprenderam o suficiente para exercer um ofício dando segurança a quem depende dos seus serviços profissionais.  Para os responsáveis pela farsa, nesse nosso Brasil de mentirinha, da panfletagem oficial, nunca qualidade, só quantidade, só números – este parece ser o lema. Lula sabe do que eu estou falando.

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