QUEBRA MOLAS, por Alvaro
Trafegamos em péssimas rodovias - mal planejadas, mal construídas, geralmente cheias de buracos e quebra-molas. Há muitos quebra-molas espalhados nas rodovias baianas. Muitos. Em todas as rodovias, as municipais, as estaduais e as federais. Todo mundo vê o exagero, mas,
ninguém diz nada. Não diz nada nem faz nada. Do jeito que vai, com o passar do tempo haverá mais
quebra-molas do que estradas, mais quebra-molas do que carros, mais
quebra-molas do que motoristas, mais quebra-molas do que pessoas no mundo. Ninguém de bom senso sabe onde vai parar
a obsessão por inventar mais alguma coisa sem critério, com total interferência no trânsito de veículos como se vê e a compulsão por construir mais quebra-molas. A indústria de quebra-molas deve agradecer. Os líderes
comunitários também agradecem, afinal de contas, defender a comunidade é, dentre
outras coisas, construir mais quebra-molas, pelo que se vê. Que sejam construídos, pontes,
estradas, viadutos e quebra-molas, mas, o bom-senso precisa imperar. Mesmo por
que, não há pedestre que um dia não necessitasse ou vá necessitar de um veículo automotor e não
há um dono de carro que nunca foi ou será pedestre. As vias públicas não têm
donos. Os quebra-molas não podem ter padrinhos. Nem promotores de vendas nem legisladores patronos.
Não conheço os detalhes da legislação que ordena jurídica e
administrativamente a instalação de quebra-molas. Mas, o bom senso indica que
está havendo muito exagero. Os quebra-molas surgem de onde não se espera, atravessam na frente dos carros
como animais silvestres famintos na selva. Eles nos atacam enquanto
motoristas. Atrasam as viagens. Quebram
os veículos - danificam pneus, suspensões, tubos de descarga... Além, o que é pior, de fazer mal à saúde física e
mental do motorista ou de qualquer usuário de veículos automotor, seja ônibus,
caminhão ou carro de passeio. Os quebra-molas irritam o motorista no trânsito,
agridem a coluna vertebral e causam dor muscular e articular, além de cefaleia.
Ora, se todos, sem exceção, precisam de carros e quebra-molas, e se todos, ao
mesmo tempo são usuários das vias
públicas e de veículos automotores, a quem a proliferação desmedida de quebra
molas tenta proteger? Só como exemplo, viaje de Ilhéus a Bom Despacho pela Ba.001, durante o percurso caia em buracos que fazem o carro tremer todo, além de cortar os pneus e lhe forçar a usar o step, ondule em mais de trezentos quebra-molas e depois fique quatro horas na fila do Ferry. Quando você chegar em casa cansado, exausto, ouça pacientemente sua esposa fazendo queixas de seu filho mais novo ou lhe mostrando uma conta atrasada para pagar.
Bom, vamos a uma proposta de solução, para não ficar apenas
na crítica. Já passou da hora, os órgãos de proteção do cidadão devem urgentemente reunirem-se
par discutir o problema, que é de todos. As prefeituras precisam sair na frente
e convidar os secretários, os vereadores para, de modo
suprapartidário, em audiência pública, discutir uma solução que seja formalizada na legislação
municipal. Se o problema só puder ser
resolvido definitivamente na esfera estadual que sejam convocados os senhores
deputados e acionada a Assembleia Legislativa. Em resumo, esse é um problema
que atinge a todos e por isso mesmo a comunidade deve discuti-lo franca e
abertamente para encontrar uma solução de consenso. Senão, pelo menos a Bahia, será chamada: a República dos Quebra-Molas.
O que não pode continuar é a proliferação abusiva desses aparatos, que atrasam as viagens sensivelmente. Não se tem nenhum estudo
sério da real necessidade da geringonça na escala que se está implantando. Se a população
constrói desordenadamente suas residências nas margens das rodovias, que sejam criadas as vias alternativas
passando por longe das cidades e com proibição de construção de moradias muito próximas ás margens. Os políticos eleitos devem se mobilizar para que,
ao pedirem os votos novamente para elegerem-se num futuro pleito encontrem os
cidadãos dispostos a ouvi-los. Se foram com a mesmice serão vaiados.
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