segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

UM PARTIDO QUALQUER

UM PARTIDO QUALQUER

Mas, antes, digo eu: O PT
Não sabe mais o que faz.
Não sabe mais o que dizer. 
Não sabe mais o que quer.
Joga, mas não respeita o Juiz.
Dentro de casa, jogam
Uns contra os outros, um saco de gatos. 
Nem todos, mas:
Na cadeia, alguns ratos.
Pelo jeito, o funeral como partido,
que até parecia unido.
É logo ali na frente o enterro
a cova rasa de Daniel
fica no mesmo quintal. 

Por isso, nenhuma eleição está definida
A taça, ainda não pode ser erguida
Por mais que queira a torcida
Nem terminou a partida
não teve o  apito final.
Podemos, então,
estar diante de um caso de implosão.
Agora, que dói o mensalão
Antes, por Delúbio,
profetizado: "piada de salão"
Ninguém é capaz de fazer
nenhuma previsão.

Mensalão, piada de salão?
- perguntou Barbosão.
- Não, não, não senhor,
não é não,
eu sou o relator
sou doutor
sou professor
sou prendedor
- Eu reviso o revisor.
Eu - "sou o cara".

Mas, lá dentro da consciência
há uma voz zumbindo, falando:
"duro é o chão  da sela"
Frio é água fria logo de manhã.

Dá dó ver gente assim no xilindró.
Cadeia provoca reações
rebeliões
confissões
esbravejamentos.
Estão caindo, uns sobre os outros
Como pedras de dominó
Descendo em cascata.
Ver o sol nascer quadrado
não é coisa prá soldado
nem prá aloprado
Tamos aqui maltratados
e Lula não fala nada
Ele que foi o chefão - Presidente
de então
no tempo do mensalão
na hora que acasa caiu.

O xadrez
É a medida exata 
para cada macacão.
Também é para ratos de esgoto
Que no Brasil tem de montão.

Um caso de autodestruição?
Sim, por que a oposição
Pelos resultados
Pela atuação
ainda não existe. 
Por enquanto
Persiste como entidade de outro mundo
Mas não existe como instituição
Não encarna
Fica espírito vagando
Vagabundando no éter.
Se alguns opositores persistem
Sem elo de ligação
Sem coesão partidária
Oposição, nunca serão.
Um bando de contras, apenas.


02/12/2013
 às 8:42 \ Opinião - Augusto Nunes na Veja.com


Publicado no Estadão
“… temos enfrentado dificuldades em mudar o sistema político brasileiro, verdadeira camisa de força que impede transformações mais profundas e impõe um ‘presidencialismo de coalizão’ que corrói o conteúdo programático da ação governamental.” Não, não se trata de excerto de um documento subscrito por forças que se opõem ao governo do PT. O eventual equívoco decorrerá da omissão do início da frase, que elimina qualquer dúvida: “Desde 2003, sobretudo, temos enfrentado dificuldades…” Sim, é um documento do Partido dos Trabalhadores, que diz mais: “… o partido é ainda prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção e de uma atividade parlamentar que dificulta a mudança”. Que triste!
Essa pungente confissão de rendição às forças do mal, as mesmas que durante mais de 20 anos prometeram dizimar com destemor, é de tal modo falsa que sugere uma pergunta óbvia para Lula, Dilma e companheirada: afinal, por que esperaram 10 anos para condenar a corrupção que os transformou em “prisioneiros” (e não é que é verdade?), para profligar o “presidencialismo de coalizão” do qual sempre se gabaram e para repudiar “uma atividade parlamentar que dificulta a mudança”? A resposta também é óbvia: porque há 10 anos os petistas de Lula estão comprometidos até o pescoço, numa ação mútua de cooptação, com os mais notórios representantes do que há de pior no Congresso Nacional; com as lideranças retrógradas que se alimentam da corrupção, exigem “coalizão” para se locupletarem no exercício do poder e comandam uma “atividade parlamentar” que não quer saber de mudança porque acha tudo muito bom como está.
Essas “reflexões” serão oferecidas a debate no 5.º Congresso do PT, que se reunirá em meados de dezembro em Brasília. Conclaves políticos dessa natureza se destinam, por definição, à discussão de questões programáticas. Parece claro, no entanto, como se pode inferir do documento preparado por Marco Aurélio Garcia, que mais do que tratar de programas os petistas estão preocupados no momento em neutralizar os reflexos negativos do escândalo do mensalão e da prisão de seus figurões. Vão partir, portanto, para o ataque ─ sua melhor arma de defesa ─, mais uma vez potencializando a síndrome de perseguição com a qual estimulam, até agora com grande êxito, o processo de sua identificação com as chamadas massas populares. É assim que o populismo funciona.
Há, porém, uma outra questão curiosa que o documento petista suscita, principalmente quando associada à recente e inesperada atitude de Lula de atacar com violência o Poder Judiciário e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, por conta da condenação e da prisão de seus companheiros José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. “Parece que a lei só vale para o PT”, reclamou, em evento político em Santo André.
Lula vinha adotando nos últimos meses uma postura discreta e cautelosa a respeito do julgamento do mensalão. Segundo sua própria avaliação repassada aos comandos do PT e à presidente Dilma Rousseff, o melhor no momento seria minimizar o assunto, para que ele caia no esquecimento o mais rápido possível e não contamine o debate eleitoral do ano que vem. Mas isso era o que se dizia nos círculos petistas antes da prisão de sua elite. Depois disso, até por causa dos problemas de saúde de Genoino, a reação às prisões por parte de lideranças mais próximas dos encarcerados e da militância foi-se tornando a cada dia mais emocional e ruidosa.
José Dirceu, que jamais se conformou com a maneira “conciliatória” como entende que Lula sempre tratou o assunto, depois de preso teria radicalizado essa postura e cobrado duramente do ex-presidente, por meio de amigos comuns, uma manifestação clara de solidariedade aos prisioneiros. Aparentemente, agora teve sucesso, pois, além do discurso de Lula no ABC paulista, o PT, contrariando decisão anterior de ignorar oficialmente o assunto, teria decidido prestar solidariedade aos condenados na abertura do congresso do partido, dia 12 de dezembro.
Faz sentido. Afinal, se o PT é vítima de instituições corruptas, vítimas também são seus bravos dirigentes que enfrentaram “dificuldades” para resistir à corrupção.

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