segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

FRAGMENTOS


FRAGMENTOS, COLHIDOS E TRABALHADOS

                                                                                                                                  Por Alvaro


Choramos ao nascer.
Morremos com o silêncio, o silêncio da morte.

Nesse intervalo  de tempo
perdemos muito tempo com coisas vãs.
Na ânsia de ensinar, mostrar saber,
deixamos de aprender muitas coisas importantes.
Trafegamos muito no terreno da ambição,
da cobiça, da inveja, do egoísmo.
Gostamos mesmo de estar no palco
os outros, plateia.

De repente, nos damos conta
que somos terreno árido, não arado, não irrigado.
A polidez se apossa de nós por muito pouco tempo.
Lampejos, apenas.  Faíscas, quando muito.
Somos tomados pelo espírito fraterno poucas vezes.
Falamos mais do que ouvimos.


Por isso:
E preciso constatar que a brevidade da vida
é espantosa e os fenômenos que a envolvem são admiráveis.
Sabemos muito do mundo que nos cerca – sobre moedas, coptas bancárias, metragens de terrenos, modelos de carros, marcas de vinho.
Não vemos tantos caminhos mais simples...
Mas, sabemos muito pouco, pouquíssimo mesmo sobre nós mesmos.
Não temos tempo de conviver conosco
Não entramos dentro de nós apenas por pressa
Somos um oceano desconhecido, não sondado.
Nossa cultura não nos leva a buscar
o autoconhecimento, a reflexão, a filosofia, a religião.

Ou qualquer utopia, qualquer.
Para ser um PHD em orgulho basta estar vivo um dia,
Mas, para ser um especialista em humildade
é necessária uma vida inteira de aprendizado
é necessários sofrer, sentir saudade, morrer.
O ideal é que todo ser humano se coloque
como uma criança curiosa e pura.
Há pais que jamais admitem ser criticados por seus filhos.
Usam o “cale a boca, menino”.
Há professores que,
ao serem questionados ou criticados por seus alunos dizem:
você não entende nada de nada, me respeite.
A maioria,
silencia a voz de outros, inibe a criatividade, poda a arte da observação
e decepa a capacidade de pensar.
Há executivos que não podem ser interrogados por subalternos por sentirem sua autoridade diminuída, afrontada.
Não exploram a inteligência de outros , não incentivam a ousadia, a inventividade.

Sufocam mentes, asfixiam a liberdade.
Querem o sucesso da empresa, mas falham em incentivar mentes livres e criativas. Não sabem que os grandes líderes tornam os pequenos grandes.
Quem usa o poder para dominar e ofuscar os outros, apenas,
e não para libertá-los não é digno de ter o poder.
Quem usa seu conhecimento para diminuir os outros,
não é digno da sabedoria.

Devemos respeitar até o que aparentemente é incoerente e irracional – às vezes a gente é que não está entendendo.
Um mendigo e o presidente de uma nação, um trabalhador braçal que vive em pleno anonimato e um ator de Hollwood, que vive em pleno estrelato, têm a mesma sofisticação intelectual e a mesma dignidade humana.
Não é a toa que os grandes artistas ou foram considerados doentes mentais ou pessoas excêntricas, marginais, esdrúxulas.
Admirar os outros pode ser útil, mas,
supervalorizá-lo é inútil, ou, pior, pode ser destrutivo, pois  assim diminui, e faz perder a própria identidade.
Supervalorizar o outro também faz mal ao outro: ofusca a realidade, superinfla o ego
 e engana.

Mais vale um adversário que às vezes nos critica
do que um aliado que sempre nos elogia.
Não podemos ser gaiolas que só aprisionam nossos amigos
nem correntes que não libertam nossos filhos.

É preciso coragem para ser solto, livre, desapegado
e pagar um preço por isso.

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