sexta-feira, 2 de maio de 2014

O MITO LULA - UMA REFLEXÃO

A CAMPANHA ESTÁ NAS RUAS -  E LULA?
Por Alvaro

OBS.: Caros amigos do Blog, por favor leiam antes a mensagem-resposta do articulista de Veja, via e-mail, que transcrevo abaixo:

Caro Dr. Alvaro:

Espetacular a sua colocação sobre o "volta Lula" lá no VEJA Mercados.
Obrigado pela leitura.
Fui procurar vc na internet e achei o seu blog. Li o "Veneramos alguns vira-latas". Lindamente escrito, mas não entendi quem é o cara que vc tá denunciando.
Vou tentar acompanhar os próximos capítulos.
Um grande abraço,
Geraldo
Geraldo Samor
VEJA Mercados
http://veja.abril.com.br/blog/mercados
Menos commodity, mais análise.



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Homenagem ao então Prefeito de Camamu Wanzerley Luiz de Jesus com Sr. Américo Barbosa - Camamu - 1959.



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Diante disto, vamos ao POST:

“Volta Lula”  é tão só e apenazmente um desejo petista. Um sonho. E o sonho é a realização de um desejo. Um sonho vem de um conteúdo recalcado. O sonho da marcha para o comunismo de araque e em causa própria, embora Lula nada tenha a ver com o comunismo. É a velha história do Fabianismo, dos adeptos de Gramsci defendido no Foro de São Paulo que planejou a dominação da América Latina e tem Fidel com exemplo e o finado Chaves tendo sido o maior entusiasta e executor. Um desejo absurdo que se choca frontalmente com a realidade mas que já edificou muito.  O contexto agora é outro e não aceita o mesmo velho texto, a despeito do bolsa-tudo, da distribuição de mimos em praça pública em comícios na presença de plateias alugadas, onde prefeitos são atraídos por presentes para cavocar a terra. Mesmo a despeito da fomentação do movimento sem-terras que ainda é informal. Não prospera o “Volta Lula”. O Lula é outro. O mundo também. Lendo uma análise do articulista econômico de Veja (Geraldo Samor), a quem agradeço as palavras elogiosas  que transcrevi acima, ditas quando comentei sobre a postura de Lula num suposto terceiro mandato, que não passa de puro desejo, devaneio dos petistas, volta ao passado.  O articulista falava do Lula na economia, de sua futura provável política econômica.  O Samor especulava se Lula seria estatista ou liberal. Economicamente mais a esquerda ou mais a direita. Na verdade, eu gostaria de ver o cenário  num contexto mais amplo, não me atendo apenas a economia, mas visitando o Lula político, também. Avaliando o Lula candidato. Então, que Lula é esse que tentaria um novo mandato? No cenário atual, como? É o que me proponho a especular, agora. Ao analisar corre-se o risco do erro. De certo modo, tenta-se adivinhar o futuro. O que fazer. Vamos à indagação: Quem é o Lula no contexto atual? E, quem é a Dilma no contexto atual, se o contexto não aceita o antigo texto?

“Volta Lula” é, para mim, um desejo em pleno confronto com a realidade. Não devemos só perguntar que Lula vai gerir a economia. Mas, que Lula é possível, hoje como candidato, como político, como provável e pretenso futuro presidente? O Lula que nega o mensalão? O Lula mais velho? O Lula que inventou Dilma que está naufragando? O Lula que disse que José Dirceu era o seu capitão ou o Lula que disse que Dirceu e os outros petistas de grande coturno não são de sua plena confiança. Que Lula nós temos, hoje?

Certamente um Lula sem Dilma e sem Dirceu, sem Genuíno e sem Delúbio Soares. Sem Eduardo Campos. Lula terá Dilma  a favor dele ou contra ele, num palanque diferente, arrogante e rancorosa em resposta aos gritos do "volta Lula". A criatura – o poste que Lula acendeu, estará de que lado da avenida? A criatura – a gerentona, irá se confrontar com a turma do “volta Lula”. A criatura – a mãe do PAC - irá revelar uma parte do que sabe dos bastidores? Ela mesmo - Dilma – a cria de Lula para ocupar o Planalto, vai içar carreira solo, terá luz própria para uma candidatura sem a base aliada? O que vemos na verdade, é a ocorrência de um fenômeno já cantado - a criatura, na ânsia natural de se afirmar com independência, volta-se contra o criador. E, o criador, não consegue deixar o cacoete. Quer continuar dominando a criatura.

Então, voltemos. Que Lula? Qual Lula?
O Lula depois das condenações de petistas e outros satélites, no mensalseão, com seu capitão no time petista morando na Papuda? Depois dos recentes escândalos na Petrobrás com a compra da Refinaria de Pasadena e os diretores da estatal presos, investigados ou questionados em futuras CPIs?


Que Lula, e contra quem?
Lula contra quais adversários? Contra um Serra vacilante que negou o legado de seu partido, de Fernando Henrique Cardoso, aquele que derrubou a inflação e fez reformas estruturantes. Contra um Alckmin, chamado na campanha pelos adversários maldosamente de "picolé de chuchu" que não empolgou e foi traído, abandonado por aliados? Lula contra os que negaram a origem e cuspiram no prato?  Ou Lula confrontado com um discurso político que só agora as oposições ensaiam?


Lula, em que conjuntura política, na conjuntura econômica e social adversas de agora, em meio a manifestações públicas, assassinato de policiais e queima de ônibus em praça publica? A mesma conjuntura de anos atrás, as mesmas condições, não existem. A conjuntura é outra. E o material -  PT - entrou em fadiga. Lula ficou mais rouco.  Com labirintite – tonto, portanto. Nauseabundo, com zumbidos. Que tontura e que zumbidos significam além de sintomas de labirintite?


Que Lula é esse, o da certeza da vitória? Não há nenhuma certeza. Há, sim, muita insegurança e muitas incertezas. Muita tontura e muitos zumbidos. Muita zuada e muito titubeio. Em meio a esta ebulição política dentro de um caldeirão de embate social, nada é certeza, nem Lula, nem Dilma nem Aécio nem Campos.

Que Lula que nada. Não, não há aquele Lula da fantasia petista - onipotente. Não há o Lula onipresente? A saúde não permite mais. E, não existe esse clima nostálgico entre os eleitores, que olham para frente, que querem o que não conquistaram ainda - bolsa família já é conquista. Venham com novidades. O que ainda paira no horizonte petista é um Lula virtual, irreal, fantasioso, aquele que posava entre futuros prefeitos e vereadores, entre candidatos a governador e a deputado. Esse tempo já passou, já era. Os outros Lulas, são os Lulas dos adversários. Aécio, pelo menos, não vê em Lula esse bicho papão, sonhado, fantasiado mesmo, pelos saudosistas do petismo. Para Aécio tanto faz, Lula ou Dilma. Não há, sobretudo, o Lula onisciente. 
Os deuses acordaram e ocuparam seus lugares no olimpo. Lula não foi expulso do paraíso. Mas, o paraíso - PT – está precisando passar por uma reforma ética. Que Lula?

E Dilma?Nada adianta neste ponto em que se encontra na curva, a “prisidanta”. Nada adianta, pois há saturação de um modelo e de um estilo – o estilo petista de ser e de governar. Quando Pelé estava no auge de sua carreira no futebol, um gol de canela lhe rendeu a homenagem de um gol diferente, de gênio; debochado pelo próprio Pelé que riu da asneira. Mas, é certo que quando a ave está azarenta a de baixo defeca na de cima. Neste caso, no ponto que está nossa governanta mor, não adianta maketeiro nem rezador, nem padre nem professor, nem criado nem criador. É hora de despedida, por que a reação se dá em cadeia. E, ninguém segura à enxurrada morro abaixo. Há uma surpresa atrás da outra. Um problema atropelando o outro. Mesmo assim a presidente tenta em cadeia de radio e televisão, na sua fala para o dia do trabalho, dar o que ela acha ser presente de Dilma para os extremos da pirâmide social – uma correção de 5% na tabela do imposto de renda e 10%  de esmola no Bolsa Família para quem ganha a cota mínima do benefício. Conseguiu com os mimos a reação das duas parcelas da população – a OAB entra na justiça reclamando 60% de correção na tabela e os bolsistas ficam achando que não é mais tempo de esmola e sim de uma decisão estruturante e definitiva. Em final de mandato e sem prestígio até quem serve o cafezinho demora na tarefa e ainda trás o líquido frio. Mas, sua retirada não será silenciosa, pelo que se viu no discurso em Feira de Santana na Bahia quando houve a vergonhosa "marcha dos prefeitos de pires na mão em posição de genuflexão,para ganhar máquinas de cavar terra e ter direito a fotos com Dilma. Provavelmente algum estrondo se ouvirá, partindo dela. Desta forma, o PT será refém de suas próprias encrencas, vítima de seus próprios postes. Dilma está sendo empurrada para fora com a barriga. Lula se mostra temeroso em acender alguma fogueira com a pretensão dos que gritam ”volta Lula”. Os adversários do PT estão tirando proveito político, legitimamente, da situação. Os beneficiados no poder devem dar graças a Deus, pois chegou tarde essa safra de problemas insolúveis - fruto do que plantaram ao longo dos 13 anos no poder. Demorou muito, mas chegou com força. Neste caso, não há o que fazer e, Dilma já era.

Aécio e Eduardo Campos – Não são os candidatos acabados, no ponto para uma campanha, mas, conseguem aproveitar os vazios deixados e se insinuar nutridos da  esperança de que o PT se desintegre completamente e também de olho no eleitorado que diz querer mudanças. E mudanças com ou sem Dilma. Os adversários do PT crescem e se insinuam. Impõem um discurso político. Têm, ambos, potencial de crescimento. Ainda são desconhecidos de boa parte do eleitorado, por isso, talvez, não pontuem mais alto. Mas, vale ressaltar que, no momento, as alternativas ao PT são candidatos  mais confiáveis aos agentes econômicos que os petistas. Entretanto eles, Aécio, Campos e Marina,  precisam correr contra o tempo.

E Lula + Dilma? - Não existe mais. O cristal trincou.
E o PT unido? - Não existe mais. Partiu.
E a base alugada? - Está se desfazendo. Em revoada. O bloco rachou.

E o eleitor? - Quer mudanças. Cansou.
Um candidato vitorioso - Ainda não há. Não tem.

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