CHAMAMENTO àquilo que é ÓBVIO, por Alvaro
Quando alguém
é flagrado roubando uma galinha no quintal do vizinho e é denunciado, julgado e pode ser preso
como ladrão. Antigamente era acertado por chumbo de espingarda no traseiro. Agora tomaram as armas dos cidadãos comuns e facilitaram para os fora-da-lei. Quando alguém
abre uma bolsa alheia ou uma bolsa coletiva e usa o dinheiro que ali está para
benefício próprio está cometendo furto e sendo assim mandam para cadeia, se comprovado o crime, e a carceragem
algema. Quando doleiros trambiqueiros se mancomunam com autoridades para
desviar do Estado ou para lavar dinheiro,
fugindo do fisco, vai para cadeia até mesmo antes do julgamento. Quando alguém lidera uma greve no serviço
público, na polícia, no caso, o STF manda para cadeia, mesmo que muitas vozes discordem e a carceragem ainda algema
o cara, mesmo que enfermo, mesmo que com risco para sua própria vida e o país inteiro se cala, ninguém sai em defesa de forma contundente. Quando
alguém adultera uma bomba de gasolina e vende a terceiros o produto adulterado
pode ser punido pela justiça e pode ir parar atrás das grades, ou não? Mas,
quando licitações são fraudadas por nossos amiguinhos ficamos calados? Quando documentos que temos provas, são forjados, ficamos mudos?
Quando alguém
dirige uma instituição e não lhe confere formalidade, opera com caixa-dois,
pode ser punido com base na legislação vigente. Quando não cumprimos códigos de
ética, regulamentos, leis, constituições estamos andando fora da lei, ou não é.
Mas, se a justiça é achada na lei, bandido é quem não cumpre as leis. Gente de
bem cumpre a lei. Todo ato fora da lei é um ato praticado por bandoleiro,
bandido, gangster. Quem não gosta de ser chamado de bandoleiro anda nos limites
da lei e evita falcatruas.
Quais são as
regras num estado de direito – respeitar as leis, ou não é? Ninguém, portanto,
pode ser condenado sem que seja publicamente denunciado e julgado segundo um código
de processo legal. Uma acusação não é uma sentença. É uma presunção de culpa.
Antes de julgados, todos são inocentes – princípio da presunção da inocência. Não
se admitem tribunais de exceção no estado de direito, no regime democrático, no
nosso pacto social atual. Houve no nazismo. Houve no comunismo em Cuba, na
China e na URSS.
Todos, SEM
EXCESSÃO, têm o direito de defesa quando acusados. Todos os acusados para serem
condenados precisam se submeter ao devido processo legal, com um trâmite legal,
com todo o direito amplo de defesa, respeitado. A lei brasileira não abriga os
golpistas em nenhuma instância. Não abriga quem impõe regras e dita normas ao
seu bel prazer. As instituições – sociedades, sindicatos, cooperativas,
partidos políticos tem suas atuações limitadas na legislação vigente com regras
claras. Ninguém pode se arvorar e se autointitular dono de nenhuma instituição
cujos princípios estejam cortejados no direito coletivo e societário. Uma associação
não é o quintal de nenhum Mané.
Ora, como é
que homens maduros, profissionais, os mais diversos, pais de família, membros
da sociedade civil, que se querem respeitados, se dão ao desfrute de assistir
um grupo agir fora da lei, transitando e atuando como gangue, desrespeitando
todos os princípios civilizatórios próprios das democracias e não nos indignarmos.
Quem se mistura a porcos, farelos come. E quem se mistura com bandidos, bandido
é. Só não podemos ser acusados se não tivermos consciência daquilo que se
pratica no ambiente em que vivemos. No carnaval e nos estádios de futebol se
vive, às vezes, verdadeiros delírios coletivos. Catarse em massa. Hipnotismo
generalizado. Mas, como um treinador de futebol pode se comportar como um torcedor
comum. Como, um juiz de futebol, pode apitar pelo apito da torcida? Como um filho
de Hiran não honrar a própria lenda dentro dos Templos de Salomão. Nem fora
deles. Como?
Não é raro
acharmos que coisas ruins só acontecem com nossos vizinhos. Não é raro
exigirmos dos outros o cumprimento da lei, que respeitem os nossos direitos,
que nos deem o direito de discordar. O que dizer de cidadãos que se dizem “livres
e de bons costumes”, que vivem a aura da Igualdade, Fraternidade e Liberdade,
fecharem os olhos para a justiça, ignorando as leis. Erram os que planejam os
desmandam e os que acobertam os pecados. Conivência é ilícito penal. Depois que
eu descubro, se eu descobrir, que compartilho de uma falcatrua coletiva, se eu
não me afastar dos pecadores e não denunciá-los eu sou conivente e posso pagar
por isso. É por estes princípios que eu denuncio falcatruas para que não haja
desculpas de que tem ainda, a esta altura, alguém enganado. É também por isso
que eu não entendo que homens de barba, adultos, eleitores, pais de família, com
CPF e RG, vestindo roupa preta e avental, possa compartilhar de alguma falcatrua
coletiva premeditada por um grupo dominador alegando desculpas esfarrapadas de
que não é bem assim. Falta de vergonha. Não é possível que o mundo seja cínico
assim. Vil assim. Covarde assim. Não quero ser eu palmatória do mundo. Não seu
eu um sem pecados. Mas, não vou mudar de planeta por que tenho vergonha na cara
e acredito na justiça. Vou continuar aqui, combatendo, ingenuamente combatendo.
Para que um diploma na mão e um refinamento técnico se não trilhamos os
princípios da moralidade e se vivemos fora da lei, dando guarida a bandidos ou
praticando bandidagens de todos os tipos, mancomunados com eles. Do que adianta
uma fortuna, um patrimônio material invejável se nos comportamos como gangsters.
Do que adianta dizer sou casado, respeito o próximo, acredito em Deus, desejo o
bem, respeito à propriedade alheia, se eu me permito conviver com o caos
institucional, se faço parte da fraude e divido o arrecadado pela quadrilha?
Com a ludibriamento social.
Será que somos só casca e mentira, apenas? Macunaímas,
puramente Macunaímas?
Para que
serviram exortações ouvidas nas nossas infâncias, vinda dos nossos pais, tais
como: Sejam homens com princípios morais, respeitem os mais velhos, os direitos
dos outros. Que nossa liberdade termina onde começa a dos outros. Que bom é ser
rico de espírito. Bonito é ser bonito por dentro. Onde estão nossos sonhos de
justiça e liberdade, de busca da verdade, de decência, de humanidade. Será que
por isso mesmo é que o país dá abrigo a MSTs irrigados com dinheiro público, o
dinheiro dos impostos que pagamos para eles agredirem direitos nossos? Que
existem “Anões e Mensalões, Pasadenas” e falcatruas tais? Que o povo pobre é cantado
diuturnamente para ser comprado por “bolsas” de todos os tipos, em troca do
voto. Será que por isso que o partido que está no poder nacionalmente, tem quase
toda a sua cúpula original morando na Papuda? E a outra parte denunciada, em
algum grau de responsabilidade com desmandos. Os esquerdistas aceitam tudo em
nome da causa, e nós, IIr:.? O partido que se tornou quase hegemônico na última
década, que não é mais o partido da ética, e só era, antes de se lambuzar com o
mel do poder e da corrupção. Será que, por isso mesmo, somos o país do “levar
vantagens em tudo”, do jeitinho brasileiro, do trambique, da falcatrua, da
lambança? Do “é errado, mas é meu amigo”.
Até quando vamos ser coniventes com
bandidos? Como podemos reclamar da criminalidade que se assume, que pega em armas, que assalta, o chamado crime organizado que os jornais mancheteiam?
Como podemos
apontar o dedo para os outros sem enxergar e avaliar nossos próprios umbigos. E
lavar nossa cara com essência simbólica de soda cáustica para deixarmos de ser caras-de-pau.
O país, como nação, somos nós; não transfiramos
responsabilidades, façamos a nossa parte. O resto é conversa fiada.
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