Caixas eletrônicos com saques indisponíveis, por Alvaro
Em Itapé: o caixa do
Banco do Brasil disponibilizava, no sábado, notas de cinco reais em apenas um dos
quatro caixas. Em Ubaitaba seis caixas vazios, sem nenhuma disponibilidade para saques.
Em Ibirapitanga a situação não era diferente. Com os caixas do gigante Bradesco
vem ocorrendo falta de disponibilidade para saques nos finais de semana e
feriados, há mais de seis meses. Nos caixas eletrônicos nas agências em Camamu
e Nilo Peçanha, em Cairú e Ituberá o absurdo não para de acontecer. Não sou
profissional do direito. Não tenho informações precisas sobre a legislação. Mas,
o e espírito da lei é aparentemente subjetivo, mas, intuitivo. Por acaso quando
as pessoas não podem dispor do dinheiro que lhes pertence, não estão com sua
liberdade cerceada, com seus direitos obstruídos? Por isso eu disse que aquele
advogado era mequetrefe, ele não se dava conta do espírito da lei, sabia apenas
decorar códigos como balconistas de farmácias decoram bulas para recitar para
os consumidores desavisados.
É obvio que quando abrimos uma conta bancária estamos
assinando um contrato de prestação de serviços. Nosso dinheiro é guardado no
banco para que possamos dispor quando tivermos necessidade, dentro de algumas
regras pré-estabelecidas. Limites para saques, horário de funcionamento das
agências, saldo credor... Os bancos oferecem os terminais eletrônicos para
saque sem a presença de funcionários nas agências à noite nos finais de semana
e nos feriados. Prometem assim, um serviço 24 horas em disponibilidade. Prometem, mas não cumprem. Quando prometem e não cumprem estão rasgando um contrato,
deixando de honrar uma promessa. Se o cidadão comum quer dispor de sua grana para
pagar uma conta de taxi para transportar um filho doente ou para pagar o serviço
de um encanador no final e semana e vai ao caixa eletrônico sem que possa
lograr êxito, seu direito está sendo ferido. Uma das partes não está honrando a
palavra quando descumpre uma promessa, não repondo as notas para saques.
Pior do que o fato primário são suas repercussões. A grande imprensa
não noticia nem comenta a transgressão dos grandes do capitalismo. Os que lucram
mais. O que impões suas regras. Os que podem acionar o botão do controle das
operações. Que , só e só eles podem bloquear seus direitos e ditar as regras como se Estado fosse. E o povo sofre como carneiro. Ninguém berra. Não berra por que em nossa cultura reclamar é pecado. Vejo quase todo os dias no Face, não adianta reclamar, reclamar dá cancer, AVC, stress. Então vocês vão comer calados e eu vou berrar por todo o mundo. Se é que deveremos
voltar a guardar dinheiro debaixo do colchão, então avisem. Não é à toa que um
ex-presidente americano, Carter, voltou
a usar o expediente das cartas postadas nos correios. Ele não confia mais no
moderno aparato de informática, nos e-mails, nos faxs, nas mensagens eletrônicas de um modo geral. Morre de mede de que seu
sigilo de correspondência eletrônica seja violado. E, de volta ao passado, prefere a segurança do
velho correio tradicional com a postagem de cartas envelopadas. Se os caixas
eletrônicos não cumprem a sua função que os trambolhos sejam retirados das ruas. Não pode esses monumentos edificados para coisa nenhuma, ficar ocupando espaço nas ruas e nos prédios como messias prometidos que nunca chegam.
Razões não faltam para as desculpas. São os assaltos e
arrombamento de caixas. É o vandalismo. É a insegurança. E como teremos copa do
mundo e carnaval? Campanhas eleitorais e eleições livres? O Estado está
atestando sua falência. Mas, pagamos impostas para ter direito a segurança, boa
saúde pública, educação de qualidade. O leão morde profundamente. Impiedosamente.
Não atrasa nunca o dia da mordida. Precisamos entender que vivemos sob o regime mais escorchante do
mundo. São taxas insuportáveis para ter em contrapartida serviços precários e
desculpas sem fim.
Quando não se cumpre as leis e as autoridades se omitem em defender o direito dos
cidadãos, o povo vai as ruas, mais cedo ou mais tarde, vai cobrar a fatura. Com o povo nas ruas os
baderneiros podem se aproveitar da multidão protestando para cometer atos de
vandalismo com depredações. Quando o Estado não se faz presente, a bandidagem
se instala. Quando o estado de direito não vinga, o vazio é ocupado por máfias. Que
as autoridades se pronunciem, agora ou nunca. Sendo assim, nessa terra sem leis, do que adianta UPPs?
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