terça-feira, 20 de maio de 2014

O povo faz o quê? Chama o ladrão?

19/05/2014
 às 20:00

Quando a polícia está em greve, o povo faz o quê? Chama o ladrão?

Pois é… Lideranças das polícias civis de 13 estados responderam positivamente à convocação de uma greve para a próxima quarta-feira. Escrevi aqui há coisa de três semanas que o Brasil conheceria o inferno neste fim de maio e começo de junho, antes da Copa. Todas as demandas se juntariam; todos tentariam tirar uma casquinha. Pretende-se uma greve que junte os policiais civis, federais e rodoviários.
Minha opinião a respeito nada tem de surpreendente. Sou contra greve de qualquer servidor público, e os leitores sabem disso. E com mais determinação, oponho-me a greves de funcionários públicos que têm o direito legal de andar armados e que representam aquela fatia do Estado que detém o monopólio do uso legítimo da força.
Ora, quando um funcionário público interrompe a prestação de serviço, quem arca com as consequências? Quem é o seu patrão? É o povo. E, em qualquer caso, estejam certos: os pobres sempre pagam mais caro porque são os mais dependentes do estado. Os mais endinheirados costumam ter como minorar os prejuízos. Os que já têm pouco terão menos ainda.
Como ninguém é obrigado a ser um servidor público — trata-se, afinal, de uma escolha —, entendo que a paralisação deveria ser simplesmente proibida. Mas sei que a proposta dificilmente vingaria. Que a proibição total valha para alguns setores.
Outras formas
Os policiais, civis e militares, sabem que este blog e este blogueiro são sensíveis às suas dificuldades e defendem que tenham uma remuneração justa, compatível com a realidade brasileira. Mas há outras formas de reivindicação, que não a paralisação.
Não há alternativa a uma obviedade: policiais em greve se tornam aliados objetivos de bandidos e transformam a população em refém de suas reivindicações. Ora, não é por aquilo que entendem ser “justo” que lutam? Cabe a pergunta: é justo expor crianças, mulheres e homens de bem à sanha de marginais porque consideram que uma reivindicação sua não foi atendida?
Não faz o menor sentido. Quando a polícia está em greve, o povo faz o quê? Chama o ladrão?
Por Reinaldo Azevedo
19/05/2014
 às 19:18

Lideranças policiais de treze Estados anunciam paralisação para quarta-feira

Por Pollyane Lima e Silva, na VEJA.com. Volto no post seguinte:
A paralisação nacional de policiais, convocada para a próxima quarta-feira, já tem a adesão de lideranças de metade dos Estados brasileiros. Até o início da tarde desta segunda, agentes de treze unidades da federação aceitaram a convocação feita pela Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol). São eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Amazonas, Pará, Alagoas, Paraíba, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rondônia e Bahia. “Distrito Federal e os demais Estados devem responder até terça-feira se vão também cruzar os braços. Não recebemos nenhuma resposta negativa ainda”, disse ao site de VEJA o presidente da Cobrapol, Jânio Bosco Gandra.
O movimento envolve policiais civis, federais e rodoviários – os militares são proibidos, pelos códigos militares, de fazer greve, apesar de haver algumas mobilizações isoladas. Gandra afirma que em alguns Estados podem ser mantidos de 30% a 70% dos agentes trabalhando. “Vai depender do nível de violência e da demanda de cada lugar”, explica. A medida, de acordo com ele, é para evitar que se repita em escala nacional o caos das ruas de Recife na semana passada, em razão da paralisação da Polícia Militar. “Já fizemos um pedido especial para que os movimentos pernambucano e baiano não envolvam a PM. Não podemos causar o resultado inverso, queremos que realmente melhore a segurança pública no país”, reforçou o presidente da Cobrapol.
O  objeto da paralisação é pressionar o governo federal a criar uma política de segurança pública que se preocupe também em melhorar as condições de trabalho da força policial. “Não existe uma gestão nacional nem investimento adequado. Nesse jogo de empurra, a população fica com a sensação de impunidade. Em alguns Estados, o índice de crimes solucionados não passa de 8%, é baixíssimo”, diz Gandra, acrescentando que não houve sequer treinamento adequado de policiais para a Copa do Mundo. “Esperamos que o governo reagisse, mas ele decidiu treinar só 300 agentes da Força Nacional. Esse número é insuficiente para dar conta de todas as sedes. A gente teme por isso. Pode ser um fiasco”.
Mobilizações
Em Brasília, os agentes farão uma passeata que pode terminar no Ministério da Justiça ou na Praça dos Três Poderes. No Rio, o grupo se encontra às 14h na Cidade da Polícia, Zona Norte da capital, e caminha até o bairro da Tijuca. “Às 19h, faremos uma assembleia para definir os rumos da categoria”, acrescenta Francisco Chao, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sindpol).
A categoria paulista programa uma passeata para o sábado, no Centro da capital. O acordo oferecido pelo governo estadual não foi aceito. “Nós pleiteamos uma restruturação de carreira que possa entrar em vigor em 2016, mas o governo nos oferece apenas ajuste salarial e não garante anistia aos grevistas. Por isso, a greve está mantida”, afirmou Alexandre Sally, presidente do sindicato de policiais civis federais do Estado de São Paulo.
Por Reinaldo Azevedo

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