Reinaldo Azevedo
Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite,
enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que
entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem
por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando
encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles.
(Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
Ibope: Dilma venceria no 1º turno se eleição fosse hoje. Só que não é! Ou: Sinal amarelo para a petista!
O
Ibope divulgou uma nova pesquisa eleitoral nesta quinta-feira. A
presidente Dilma Rousseff, do PT, pode comemorar? Até pode. Mas com
muita cautela. Se a eleição fosse hoje, ela ainda venceria no primeiro
turno. Por que, então, há motivos para preocupação?
Bem, em
primeiro lugar, porque a eleição não é hoje; em segundo lugar, só que
mais importante, porque a pesquisa captou uma enorme insatisfação do
eleitorado com o governo. Vamos ver. No cenário mais provável da
disputa, Dilma aparece com 43% dos votos, contra apenas 15% de Aécio
Neves, do PSDB, e 7% de Eduardo Campos, do PSB. Se Marina Silva fosse a
candidata em lugar de Campos, a petista venceria no primeiro turno do
mesmo jeito: ficaria com 41%; o tucano teria 14%, e Marina, que já
chegou a marcar 21%, aparece agora com apenas 12%. Num eventual segundo
turno, Dilma venceria Aécio por 47% a 20%; Marina, por 45% a 21% e
Campos por 47% a 16% (veja quadro publicado pelo Estadão Online).
Até aqui,
como percebem os leitores, tudo parece um mar de rosas para Dilma
Rousseff. Ocorre que a presidente tem dois complicadores bastante sérios
pela frente, que podem encher de esperança os corações oposicionistas.
Prestem muita atenção ao primeiro.
Nada menos
de 64% dos que responderam a pesquisa dizem que o próximo presidente
tem de “mudar totalmente” ou “mudar muita caoisa” na gestão. E agora o
fator que deve deixar Dilma assustada: entre esses que querem mudanças,
só 27% esperam que elas aconteçam com a própria Dilma. Nada menos de 63%
querem mudar tanto o governo como a governante.
Então
vamos fazer uma continha: de cada 100 pessoas, 64 querem mudar tudo ou
muita coisa. Dessas 64, uma expressiva maioria de 63% — ou seja, 40,32%
do total — querem mudar também de presidente. Repararam, ouvintes? A
soma dos votos de Aécio e Campos, por enquanto, é de apenas 22 pontos
percentuais. Mas nada menos de 40,32% dos que responderam a pesquisa
revelaram que preferem Dilma fora da Presidência.
O que isso
significa? Nem Aécio nem Campos encarnaram ainda o necessário espírito
mudancista. E agora chego ao segundo fator que tira o sono de Dilma. O
Ibope listou os candidatos e quis saber, sobre cada um, se os eleitores
votariam naquela pessoa com certeza, se poderiam fazê-lo, se não fariam
isso de jeito nenhum ou se nem o conhecem. Os números são muito
interessantes. A rejeição é praticamente a mesma para os três: 38% se
recusam a votar em Dilma; 39%, em Campos, e 41% em Aécio.
Votam em
Dilma com certeza 36% — um índice sem dúvida muito bom —; em Aécio, 11%,
e em Campos, 5%. Até poderiam votar na petista 19%; em Aécio, 22%, e em
Campos, 21%. Onde é que o bicho pega para Dilma? Só 7% não a conhecem
ou não sabem quem é ela. Esse número chega a 27% com Aécio e a 35% com
Campos.
Há um
terceiro fator a ser considerado, que nada tem a ver com a pesquisa, mas
com as circunstâncias. Dilma está todo dia na televisão; a oposição mal
aparece. Quando começa a campanha, ainda que a petista vá ter um
latifúndio no horário eleitoral, as condições da disputa ficam um pouco
mais equilibradas.
Quando se
considera que 40,32% das pessoas que responderam a pesquisa gostariam
que Dilma deixasse a Presidência para que se pudesse ter um governo
totalmente ou muito diferente desse e quando se verifica que mais ou
menos um terço do eleitorado desconhece os candidatos da oposição, é
evidente que se deve supor que muito dificilmente a presidente vencerá a
disputa no primeiro turno.
Notem: 32%
dizem querer um governo igual ou quase igual ao que aí está. Entre os
64% que querem mudanças, 27% — ou 17,28% do total — acham que elas
poderiam ser feitas pela própria Dilma. Somando-se os dois grupos,
chega-se a 49,28% — até superior ao desempenho de Dilma no segundo turno
porque se deve supor que há pessoas que querem a continuidade, mas
prefeririam outro petista — Lula, por exemplo.
No fim das
contas, estes são os números que contam: os 40,32% que querem mudar
tudo, inclusive Dilma, contra os 49,2% que ou não querem mudar nada ou
aceitam mudanças, mas com a presidente. A diferença, como se vê, é muito
menor do que se verifica na pesquisa de intenção de votos. Quando se
contata que quase todo mudo conhece Dilma e que muita gente ainda
desconhece seus opositores, o que parecia um cenário tranquilo para a
petista esconde, na verdade, riscos nada desprezíveis.
Cartel – Aécio diz a coisa certa sobre o CADE, e Cardozo se irrita
Como
vocês sabem, o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
investiga a formação de cartel na compra de trens do metrô e da CPTM, em
São Paulo. Há pelo menos oito meses, a imprensa é quase diariamente
abastecida por informações vazadas por esse órgão. Durante um bom tempo,
parecia que as empresas que fornecem trens também para estatais
federais e para outros estados só recorriam a esse método em São Paulo —
governado pelo PSDB. Só agora o CADE anuncia que também está
investigando contratos feitos com o governo federal.
O
presidenciável Aécio Neves (PSDB) disse o óbvio: finalmente, o conselho
deixará de investigar apenas administrações da oposição, emendando que
seu partido não passa a mão na cabeça de malfeitores e pune quem tem de
punir. Na prática, o chefe do CADE é o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, já que o órgão é subordinado à sua pasta.
Cardozo se
abespinhou, chamou Aécio de mal informado e afirmou que sua crítica é
“desqualificada”. Disse: “Parece piada. O CADE investiga
independentemente de questões políticas ou partidárias. Não é que o CADE
mudou. É que os ingredientes para a investigação surgiram a partir da
busca e apreensão que foi feita e da própria representação do PSDB.
Ninguém investiga o que antes não tinha notícia de crime. A Siemens
revelou problemas ou indício de cartel em São Paulo e Brasília, mas não
falou de outras situações”.
Com a devida vênia, piada é a resposta do ministro. E vou dizer por quê:
1: eu, eu mesmo, Reinaldo Azevedo, publiquei uma reportagem no dia 13 de agosto do ano passado demonstrando que, nos metrôs de Porto Alegre e Belo Horizonte, apenas um consórcio se apresentou, formado pelas empresas CAF e Alstom.
1: eu, eu mesmo, Reinaldo Azevedo, publiquei uma reportagem no dia 13 de agosto do ano passado demonstrando que, nos metrôs de Porto Alegre e Belo Horizonte, apenas um consórcio se apresentou, formado pelas empresas CAF e Alstom.
2: No
metrô de Porto Alegre, sob o comando da estatal federal Trensurb, a
Alstom ficou com 93% do contrato, e a CAF, com 7%. No de Belo Horizonte,
comandado por outra estatal federal, a CBTU, as posições de inverteram:
a CAF ficou com 93%, e a Alstom com 7%.
3: Isso
foi publicado, insisto, há sete meses. Só agora o CADE sai da moita. O
ministro vem com a desculpa esfarrapada de que o CADE só investiga se
houver uma denúncia. No caso de São Paulo, ela teria sido feita pela
Siemens, com o tal “acordo de leniência”, que é uma espécie de delação
premiada.
4: O
ministro omite a ativa participação do deputado estadual Simão Pedro,
do PT — hoje secretário da gestão Haddad —, na denúncia contra o Metrô e
a CPTM, de São Paulo. Omite ainda que Vinicius Carvalho, presidente do
CADE, já foi funcionário de Simão Pedro, fato omitido de seu currículo.
5: Em
suma, não resta a menor dúvida de que o CADE direcionou, enquanto pôde,
a sua investigação para São Paulo. Também não resta a menor dúvida de
que houve uma verdadeira indústria de vazamentos contra as empresas do
estado administrado pelo PSDB. Agora, finalmente, o órgão teve de
admitir que existem indícios de formação de cartel também em empresas
estatais federais, cujo governo é comandado pelo PT.
Então
encerro. Aécio disse o quê? Que o CADE deixará de investigar apenas
administrações de oposição. José Eduardo Cardozo ficou bravo com o quê?
Com a verdade?
Traficantes atacam três UPPs no Rio; a de Manguinhos foi incendiada; quatro PMs ficam feridos
Na VEJA.com:
Pelo menos três Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro foram atacadas por traficantes nesta quinta-feira. Elas ficam localizadas em grandes complexos de favelas da capital, todos na Zona Norte: Manguinhos, Lins (Camarista Méier) e Alemão. O caso mais grave ocorreu em Manguinhos, onde os contêineres da unidade ficaram totalmente destruídos após um incêndio provocado pelos criminosos.
Pelo menos três Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro foram atacadas por traficantes nesta quinta-feira. Elas ficam localizadas em grandes complexos de favelas da capital, todos na Zona Norte: Manguinhos, Lins (Camarista Méier) e Alemão. O caso mais grave ocorreu em Manguinhos, onde os contêineres da unidade ficaram totalmente destruídos após um incêndio provocado pelos criminosos.
Quatro
policiais militares ficaram feridos – três a tiros e um a pedradas. Um
dos baleados é o comandante da unidade, capitão Gabriel Toledo. Atingido
na coxa direita, ele foi levado ao Hospital Geral de Bonsucesso e,
depois, transferido para o Hospital da Polícia Militar. Uma importante
veia da perna foi afetada e ele precisou ser submetido a uma cirurgia.
Seu quadro é considerado estável.
Manguinhos
Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, tudo começou quando agentes foram até um prédio abandonado que havia sido invadido com a intenção de cumprir uma ordem de desocupação. Ao chegarem, foram atacados pelos ocupantes, que lançaram pedras contra os policiais, ferindo um deles na cabeça. A confusão se ampliou e traficantes teriam aproveitado para atacar os policiais e a sede da UPP.
Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, tudo começou quando agentes foram até um prédio abandonado que havia sido invadido com a intenção de cumprir uma ordem de desocupação. Ao chegarem, foram atacados pelos ocupantes, que lançaram pedras contra os policiais, ferindo um deles na cabeça. A confusão se ampliou e traficantes teriam aproveitado para atacar os policiais e a sede da UPP.
Na
unidade, houve troca de tiros. O capitão e mais dois PMs acabaram
baleados nesse confronto. O Batalhão de Choque foi acionado para
reforçar a segurança no local e o carro blindado do Batalhão de
Operações Policiais Especiais (Bope) também subiu o morro. Por conta do
tumulto e da troca de tiros, a circulação de trens da Supervia pela
favela chegou a ser interrompida. Parte do complexo, composto por 13
favelas, ficou sem energia elétrica.
Governo
Desde o fim do ano passado, regiões consideradas pacificadas têm sido alvo de traficantes, especialmente o Complexo do Alemão e a favela da Rocinha. Na semana passada, quando um soldado era enterrado após outro ataque de bandidos, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame classificou os ataques a policiais como uma forma de “terrorismo contra o Estado”.
Desde o fim do ano passado, regiões consideradas pacificadas têm sido alvo de traficantes, especialmente o Complexo do Alemão e a favela da Rocinha. Na semana passada, quando um soldado era enterrado após outro ataque de bandidos, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame classificou os ataques a policiais como uma forma de “terrorismo contra o Estado”.
Logo após o
novo episódio, o governador Sérgio Cabral emitiu nota condenando os
ataques às UPPs: “Essa é mais uma tentativa da marginalidade de
enfraquecer a política vitoriosa da pacificação, que retomou territórios
historicamente ocupados pela bandidagem para o controle do Poder
Público”, disse, reiterando o “firme compromisso assumido com a
população do Rio de Janeiro de não sair, em hipótese alguma, desses
locais ocupados”.
“Independentes” querem que PGR apure papel de Dilma em compra de refinaria de Pasadena
Por Gabriela Guerreiro, na Folha:
Senadores do grupo dos chamados “independentes” vão apresentar representação contra a presidente Dilma Rousseff na PGR (Procuradoria-Geral da República) para que o órgão investigue sua participação na compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras, em 2006. Na época, Dilma era presidente do Conselho de Administração da estatal que avalizou o negócio. O grupo optou por recorrer ao Ministério Público ao invés de pedir abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado para investigar o episódio. Em ano eleitoral, os “independentes” consideram que a CPI não terá o mesmo “êxito” que a procuradoria para apurar a compra da refinaria. Embora procuradores investigam a compra desde o ano passado, os “independentes” querem que o papel de Dilma no episódio.
Senadores do grupo dos chamados “independentes” vão apresentar representação contra a presidente Dilma Rousseff na PGR (Procuradoria-Geral da República) para que o órgão investigue sua participação na compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras, em 2006. Na época, Dilma era presidente do Conselho de Administração da estatal que avalizou o negócio. O grupo optou por recorrer ao Ministério Público ao invés de pedir abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado para investigar o episódio. Em ano eleitoral, os “independentes” consideram que a CPI não terá o mesmo “êxito” que a procuradoria para apurar a compra da refinaria. Embora procuradores investigam a compra desde o ano passado, os “independentes” querem que o papel de Dilma no episódio.
“As CPIs
não têm boas passagens por aqui. Recolher assinaturas para que a
comissão seja instalada é a parte mais fácil. As conclusões da comissão
de inquérito vão ao Ministério Público, por isso decidimos ir direto a
ele”, disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Na representação
contra Dilma, os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Ana
Amélia Lemos (PP-RS) vão afirmar que a justificativa apresentada por
Dilma para ter aprovado a compra da refinaria precisa ser investigada.
(…)
Convocações
Além da representação, os “independentes” vão apresentar requerimentos para convocar a presidente da Petrobras, Graça Foster, a explicar a compra da refinaria em comissões do Senado. O grupo vai apresentar o pedido nas Comissões Fiscalização Financeira e Relações Exteriores do Senado.
(…)
Convocações
Além da representação, os “independentes” vão apresentar requerimentos para convocar a presidente da Petrobras, Graça Foster, a explicar a compra da refinaria em comissões do Senado. O grupo vai apresentar o pedido nas Comissões Fiscalização Financeira e Relações Exteriores do Senado.
O grupo
também vai tentar convocar o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão,
para falar sobre a Pasadena. Como a oposição é minoria no Senado, terá
que aproveitar um “cochilo” da base aliada de Dilma para aprovar os
requerimentos com poucos governistas presentes na comissão –ou conseguir
apoio de parte dos aliados do Palácio do Planalto. A Câmara articula
instalar CPI com o apoio da oposição e de parte dos governistas. Para
que a comissão seja criada com urgência, serão necessárias assinaturas
de 257 deputados. No Senado, é preciso reunir assinaturas de 27 dos 81
senadores para que a comissão saia do papel.
(…)
(…)
Ao vivo
Acompanhe aqui, ao vivo, mais um programa sobre o julgamento do mensalão, na VEJA.com: http://veja.abril.com.br/ao-vivo/
Ex-diretor da Petrobras que está preso é considerado a “caixa-preta” da estatal
Por Laryssa Borges e Silvio Navarro, na VEJA.com:
Preso na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa é considerado uma espécie de “caixa-preta” da estatal. Detido no Rio de Janeiro quando tentava destruir provas da chamada Operação Lava Jato, Costa construiu a carreira na Petrobras desde os anos 1970. Chegou à diretoria de Abastecimento da companhia em maio de 2004 pelas mãos do ex-presidente Lula. Na época, foi indicado pelo PP ao posto, ampliando sua influência política – já tinha respaldo de setores do PMDB e do grupo ligado ao deputado petista Cândido Vaccarezza (SP). “Ele era indicado do PP, mas depois virou [apadrinhado de] uma constelação de partidos”, diz um político ligado à estatal. Na campanha de 2010, doou 10.000 reais para o PT do Rio de Janeiro.
Preso na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa é considerado uma espécie de “caixa-preta” da estatal. Detido no Rio de Janeiro quando tentava destruir provas da chamada Operação Lava Jato, Costa construiu a carreira na Petrobras desde os anos 1970. Chegou à diretoria de Abastecimento da companhia em maio de 2004 pelas mãos do ex-presidente Lula. Na época, foi indicado pelo PP ao posto, ampliando sua influência política – já tinha respaldo de setores do PMDB e do grupo ligado ao deputado petista Cândido Vaccarezza (SP). “Ele era indicado do PP, mas depois virou [apadrinhado de] uma constelação de partidos”, diz um político ligado à estatal. Na campanha de 2010, doou 10.000 reais para o PT do Rio de Janeiro.
Costa tem
informações sigilosas, por exemplo, sobre a operação que levou a empresa
brasileira de petróleo a comprar 50% da refinaria de Pasadena, no
Texas, e depois, por meio de uma cláusula contratual denominada Put
Option, pagar pelas ações da belga Astra Oil. O negócio, consolidado sob
a gestão do petista José Sergio Gabrielli à frente da estatal, custou
mais de 1 bilhão de reais aos cofres da empresa.
Após anos
ocupando cargos na estatal – superintendência de produção da Bacia de
Campos, a gerência de exploração da Bacia de Santos e a gerência-geral
da logística da Unidade de Negócios Gás Natural da Petrobras –, Costa
decidiu montar há dois anos uma consultoria para as áreas de
combustível, engenharia e infraestrutura e se tornou uma espécie de
lobista do setor. A Costa Global Consultoria e Participações, com sede
no Rio, aliou-se a outra empresa do ex-diretor da Petrobras, a REF
Brasil, para atuar em um dos mais recentes projetos da companhia: a
instalação de uma refinaria em Carmópolis, principal bacia petrolífera
de Sergipe. O investimento previsto é de 120 milhões de reais, com
receita operacional de 480 milhões de reais.
Nesta
quinta-feira, foi preso na Operação Lava Jato da PF. Os policiais
cumpriram seis mandados de busca e apreensão em casas e endereços de
Costa no Rio de Janeiro. Segundo as investigações, ele ganhou um carro
de presente do doleiro Alberto Youssef, pivô do esquema de lavagem de
dinheiro que movimentou cerca de 10 bilhões de reais. Na casa do
ex-diretor da Petrobras foram apreendidos 700.000 reais e 200.000
dólares em espécie.
Petrobras: na melhor das hipóteses, o desemprego; na mais dura, a cadeia
O
senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato do PSDB à Presidência da
República, afirmou que o governo federal precisa decidir qual versão,
afinal de contas, é a oficial na lambança com a refinaria de Pasadena,
no Texas — aquela sucata comprada dos belgas por US$ 1,180 bilhão e pela
qual os vendedores haviam pagado míseros US$ 42,5 milhões. Sim, caros
leitores, nem a presidente Dilma, que autorizou a compra era apenas a
ministra Dilma, acha a operação defensável. Tanto é assim que, em nota
oficial, afirmou que só concordou porque ignorava os termos do contrato.
Vai mais longe: diz que, se soubesse, não teria aprovado.
Pois é…
Acontece que, ao dar essa desculpa, a presidente faz o óbvio: admite, de
forma não explícita, a irregularidade e joga uma sombra de suspeição
sobre o governo Lula e sobre José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da
Petrobras. Este, aliás, que hoje é secretário do governo Jaques Wagner
(outro conselheiro que disse “sim” à lambança), já andou afirmando a
jornalistas que não aceita ser bode expiatório. Ele, na verdade,
continua a defender a compra.
A
Petrobras, diga-se, procurada pela imprensa, também havia decidido
afirmar que tudo tinha sido regular e nos conformes. Dilma não gostou.
Reuniu seus “universitários” para elaborar a tal versão do “eu não
sabia”. Aí as coisas se enrolaram de vez: ela diz uma coisa, e a
empresa, outra.
Como se
sair dessa? Para defender que uma refinaria que valia US$ 42,5 milhões
tenha sido comprada por US$ 1,18 bilhão — e sem que tenha refinado uma
gota de óleo desde 2006, dando um prejuízo operacional permanente —, é
preciso ter uma cara de pau gigantesca. Não que o governo Dilma não
consiga. Essa gente faz coisa do arco da velha. É capaz até de contratar
mão de obra escrava e chamar isso de redenção humanista. Ocorre que o
governo está com receio da investigação conduzida pelo Ministério
Público e pelo TCU. Como justificar? A aritmética elementar não deixa.
Pasadena é
mais um capítulo do desastre que colheu a Petrobras na gestão lulista,
sob o comando de José Sérgio Gabrielli. Nem durante a ditadura militar a
empresa foi submetida a um comando que teve de arrogante o que teve
incompetente e politiqueiro. Como esquecer que este senhor, em plena
campanha eleitoral, em 2010, concedeu uma entrevista afirmando que FHC
tentara privatizar a Petrobras, o que é uma mentira tão escandalosa como
a compra da refinaria de Pasadena?
Não só
isso! Quando jornalistas tentavam saber dados sobre a empresa, suas
perguntas eram expostas num blog e submetidas ao ridículo, como se a
imprensa, ao cumprir a sua missão, estivesse cometendo alguma
impropriedade. Como esquecer que, no governo Lula e sob a gestão
Gabrielli, com a anuência de Dilma, chegou-se a declarar a
autossuficiência? Autossuficiência? O déficit da conta petróleo em 2013
foi de R$ 20 bilhões!!!
Mais:
impôs-se a uma Petrobras alquebrada o peso do regime de partilha na
exploração do pré-sal e se transformou a empresa na âncora de contenção
da inflação, o que a conduziu à beira do abismo. A incrível compra da
refinaria de Pasadena é só mais uma agressão ao bom senso, à prudência, à
boa gestão e, obviamente, à moralidade.
Num país
que respeita os acionistas, como os EUA, os gestores da Petrobras que
levaram a empresa a uma crise inédita estariam, na melhor das hipóteses,
sem emprego; na mais dura, na cadeia.
Vaias: Dilma na versão “Dilma Bolada”…
Por André Uzêda, na Folha:
A presidente Dilma Rousseff (PT) foi vaiada nesta quinta-feira (20) em Belém ao subir no púlpito para fazer um discurso sobre investimentos federais em projetos de mobilidade urbana na capital paraense. Devido ao protesto, Dilma abriu o discurso dizendo que “respeitava o direito de opinião dos brasileiros” e ressaltou que “o país vive na democracia”. O governador do Pará, Simão Jatene, e o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, ambos do PSDB, também receberam vaias.
A presidente Dilma Rousseff (PT) foi vaiada nesta quinta-feira (20) em Belém ao subir no púlpito para fazer um discurso sobre investimentos federais em projetos de mobilidade urbana na capital paraense. Devido ao protesto, Dilma abriu o discurso dizendo que “respeitava o direito de opinião dos brasileiros” e ressaltou que “o país vive na democracia”. O governador do Pará, Simão Jatene, e o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, ambos do PSDB, também receberam vaias.
Um grupo
composto por cerca de 45 manifestantes protestou porque não foi incluído
no programa federal de habitação Minha Casa, Minha Vida. No auditório,
havia cerca de 550 pessoas. De acordo com um dos manifestantes, Floriano
Vieira, 36, os moradores do bairro de Jurunas tiveram suas casas
desapropriadas para ampliação de uma pista em 2008. A promessa, segundo
ele, é que seriam incluídos agora no programa de habitação, o que Vieira
afirma não ter ocorrido. “Eles nos pagam R$ 450 como forma de compensar
o problema, mas é muito pouco. Só meu aluguel hoje é R$ 600″, diz
Vieira.
(…)
Durante o discurso, porém, a presidente cometeu uma gafe ao trocar o nome do Estado do Pará pelo Ceará. Ao perceber o incômodo da plateia, se desculpou prontamente. “Quis dizer Pará… Desculpa gente. É porque ontem vim do Ceará”, disse, em referência a viagem a Fortaleza e Sobral realizada ontem.
(…)
(…)
Durante o discurso, porém, a presidente cometeu uma gafe ao trocar o nome do Estado do Pará pelo Ceará. Ao perceber o incômodo da plateia, se desculpou prontamente. “Quis dizer Pará… Desculpa gente. É porque ontem vim do Ceará”, disse, em referência a viagem a Fortaleza e Sobral realizada ontem.
(…)
Por uma questão de isonomia, duas perguntas ao jornalismo da Globo
O
Jornal Nacional consagrou uma fórmula para tratar da suposta formação
de cartel em São Paulo: “Os contratos se deram nos governos Covas,
Alckmin e Serra, todos do PSDB”. Como, agora, os contratos celebrados
pelas estatais federais Trensurb e CBTU também estão sob investigação do
CADE, pergunto: vai se aplicar, de forma metódica, a fórmula: “Os contratos foram celebrados durante o governo Dilma, do PT”?
A propósito: o escândalo da Petrobras — que vale vários cartéis!!! — não merece a mesma fórmula: “A
primeira metade da refinaria foi comprada no governo Lula, e o
pagamento da segunda metade foi feita no governo Dilma, ambos do PT”?
E noto:
não me oponho a que se chame a atenção para o partido, não, ou a que se
evoque a responsabilidade do governante máximo da instância em que se
deu o caso DESDE QUE A REGRA VALHA PARA TODO MUNDO.
Afinal, uma justiça mal distribuída é, por si, injusta, ainda que justa em si.
Neste blog, nada menos de dezessete posts sobre a refinaria de Pasadena!
A
primeira reportagem sobre o escândalo da refinaria de Pasadena foi
publicada na revista VEJA. De lá pra cá, publiquei neste blog nada menos
de DEZESSETE POSTS A RESPEITO. Parecia-me
surpreendente que não se atentasse para o natural escândalo da operação.
Ao lado da foto deste gajo, há uma área de busca. Escrevam lá
“Pasadena” (sem aspas) e vejam o resultado.
Ah, então este blog estava certo, não é? O CADE vai investigar a formação de cartel de trens também em território petista! Haverá, nesse caso, vazamento diário de informações, por uma questão de isonomia partidária, ou não?
Ah,
bom! Então eu estava certo, né? Então esse negócio a que chamam
“cartel” não atuou só em São Paulo. Engraçado! Acompanhando o
noticiário, parecia que sim! Vai ver era alguma coisa na água — ou no
ar. Ou, quem sabe?, na índole dos paulistas. Eu achava tão
impressionante que as mesmas empresas que atuavam em São Paulo atuassem
no resto do Brasil, fazendo contratos com estatais federais e, nesse
caso, se comportassem como se fossem normalistas do Sacre Coeur de
Marie… Há quantos meses a imprensa está sendo cotidianamente pautada por
uma espécie de “bunker” político, com a produção quase diária de
vazamentos? Há quantos meses está fazendo campanha eleitoral gratuita
para o petismo?
Leiam o que vai na VEJA.com. Volto em seguida.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, abriu processo administrativo para apurar suspeitas de cartel em quatro Estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – e no Distrito Federal. A decisão foi publicada na edição desta quinta-feira do Diário Oficial da União, em portaria assinada pelo superintendente-geral do Cade, Carlos Emmanuel Joppert Ragazzo. O processo abrange licitações feitas entre 1998 e 2013, totalizando 18 empresas e 109 funcionários.
As provas colhidas durante operação de busca e apreensão realizada pelo Cade em julho passado demonstram que o suposto cartel teria atuado em quinze projetos licitados pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP), Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), Empresa de Trens Urbanos (Trensurb), Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, abriu processo administrativo para apurar suspeitas de cartel em quatro Estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – e no Distrito Federal. A decisão foi publicada na edição desta quinta-feira do Diário Oficial da União, em portaria assinada pelo superintendente-geral do Cade, Carlos Emmanuel Joppert Ragazzo. O processo abrange licitações feitas entre 1998 e 2013, totalizando 18 empresas e 109 funcionários.
As provas colhidas durante operação de busca e apreensão realizada pelo Cade em julho passado demonstram que o suposto cartel teria atuado em quinze projetos licitados pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP), Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), Empresa de Trens Urbanos (Trensurb), Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro.
As
empresas acusadas teriam adotado diversas estratégias anticompetitivas,
como a definição prévia de quais fariam parte de determinado consórcio e
quais participariam da licitação apenas para apresentar propostas de
cobertura, ou ainda a definição de que um único consórcio concorreria no
certame, mediante compensação às empresas que ficassem de fora. “Os
beneficiários confessaram a ocorrência de contatos entre concorrentes
com o objetivo de eliminar a competição em licitações públicas relativas
a projetos de metrô e/ou trens e sistemas auxiliares, desde, pelo
menos, 1998″, segundo documento do Cade.
(…)
(…)
Voltei
Será que eu não quero que se investigue nada já que há sinais de que a prática de Cartel não discrimina nem estado nem partido? AO CONTRÁRIO: EU QUERO É QUE SE INVESTIGUE TUDO. O que é inaceitável é que um órgão como o CADE sirva à propaganda político-eleitoreira. Pergunto: onde estão os vazamentos sobre as estatais federais? Cadê as reportagens sobre as estatais Trensurb e CBTU e a forma como atuaram, respectivamente, nos metrôs de Porto Alegre e Belo Horizonte? É bem difícil de encontrar.
Será que eu não quero que se investigue nada já que há sinais de que a prática de Cartel não discrimina nem estado nem partido? AO CONTRÁRIO: EU QUERO É QUE SE INVESTIGUE TUDO. O que é inaceitável é que um órgão como o CADE sirva à propaganda político-eleitoreira. Pergunto: onde estão os vazamentos sobre as estatais federais? Cadê as reportagens sobre as estatais Trensurb e CBTU e a forma como atuaram, respectivamente, nos metrôs de Porto Alegre e Belo Horizonte? É bem difícil de encontrar.
Já escrevi a respeito no dia 14.
Tenho tratado, praticamente sozinho, da forma como se deram os
contratos com estatais federais desde o dia 13 de agosto. Clicando aqui, vocês têm acesso ao grupo de reportagens. Relembro abaixo, com imagens, os exemplos de Porto Alegre e Belo Horizonte.
Vamos ver se, também nesses casos, haverá a produção diária de “vazamentos” ou se, agora, o CADE resolveu se comportar como um senhor sério e vetusto.
Vamos ver se, também nesses casos, haverá a produção diária de “vazamentos” ou se, agora, o CADE resolveu se comportar como um senhor sério e vetusto.
Oh, não me digam! Então o CADE (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica) concluiu, finalmente, que há
indícios de formação de cartel na compra de trens dos metrôs de Porto
Alegre e Belo Horizonte, ambos subordinados a estatais federais? Eu sei
disso desde o dia 13 de agosto do ano passado, quando escrevi uma série de textos a respeito.
O que baixou no CADE? Um mínimo de bom senso? Simancol? A velha e boa vergonha na cara? Vamos ver.
As empresas que fornecem equipamentos
para o metrô e para a CPTM, em São Paulo, são as mesmas que fornecem
para estatais do governo federal. Eu me perguntei, então, em agosto do
ano passado: “Será que elas só fizeram cartel em São Paulo? E com as
estatais federais?”.
Fui escarafunchar a história e encontrei
algo muito interessante na construção dos metrôs de Porto Alegre, que é
comandado pela Trensurb, e de Belo Horizonte, comandado pela CBTU. As
duas são estatais federais.
Em 2012, a Trensurb fez uma licitação
para a compra de 15 trens de quatro carros cada um, orçada em R$ 243,75
milhões. Quantos consórcios apareceram? APENAS UM, formado por quem?
Pela Alstom e pela CAF. A primeira empresa ficou com 93% do contrato, e a
segunda, com 7%.
Muito bem! 13 dias depois da assinatura
desse contrato, houve o anúncio para a licitação de Belo Horizonte, aí
orçada em R$ 171,9 milhões. Quantos consórcios apareceram? Apenas um de
novo. Formado por quem? Pelas mesmas Alstom e CAF. Desta vez, a Alstom,
que havia ficado com 93% do contrato de Porto Alegre, ficou com apenas
7%. E a CAF, que havia ficado com 7% no outro, ficou com 93%.
O amor não é lindo? Houve farta
propaganda das estatais federais sobre os dois contratos. Há, inclusive,
uma foto com a presidente Dilma Rousseff assinando a ordem de compra,
sempre na maior alegria.
Dei essa notícia no blog, reitero, há
seis meses. Só agora o CADE admite que existem indícios de formação de
cartel. Indícios? Vamos ver se, também nesse caso, que diz respeito ao
PT, haverá um festival de vazamentos de informações sigilosas como
acontece com a investigação feita sobre a compra de trens em São Paulo.
Que fique
claro mais uma vez: em São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Belo
Horizonte, em qualquer lugar, que os culpados paguem pelos seus erros. O
que não pode é o CADE, que é um órgão federal, conduzir apurações com
viés político. A demora para investigar as estatais federais é, em si,
vergonhosa. Vamos ficar de olho para ver como o órgão de comporta agora.
Operação Lava Jato prende um ex-diretor da Petrobras, também envolvido com lambança de Pasadena
Por Rodrigo Rangel e Laryssa Borges, na VEJA.com:
A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira, no âmbito da operação Lava Jato, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. De acordo com policiais, Costa foi preso após familiares terem tentado destruir provas e documentos na consultoria aberta por ele cinco meses após deixar a Petrobras. Costa também é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) no Estado do Rio de Janeiro por irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela estatal brasileira.
A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira, no âmbito da operação Lava Jato, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. De acordo com policiais, Costa foi preso após familiares terem tentado destruir provas e documentos na consultoria aberta por ele cinco meses após deixar a Petrobras. Costa também é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) no Estado do Rio de Janeiro por irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela estatal brasileira.
Ao lado da
presidente da Petrobras, Graça Foster e do ex-presidente da companhia
José Sergio Gabrielli, Paulo Roberto Costa e o ex-diretor da área
internacional, Nestor Cerveró, já haviam sido intimados a depor para
esclarecer os motivos pelos quais a estatal brasileira, em 2006, comprou
uma refinaria em Pasadena em um dos negócios mais malsucedidos da
história da empresa – o prejuízo aos cofres da Petrobras chegou a 1
bilhão de dólares. Todos eles estavam no comando da companhia na época
em que a transação foi realizada. Nesta semana, a presidente Dilma
Rousseff, presidente do Conselho de Administração da estatal na época do
negócio, afirmou, em nota, que a empresa foi induzida a erro.
Na
Operação Lava Jato, a Polícia Federal descobriu que Paulo Roberto Costa
ganhou um carro de presente do doleiro Alberto Youssef, o principal
personagem do esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca de 10
bilhões de reais. Na casa do ex-diretor da Petrobras foram apreendidos
700.000 reais e 200.000 dólares em espécie.
Youssef
foi um dos personagens da CPI do Banestado, em 2005, quando afirmou em
depoimento que pagava propina para os diretores do banco do Estado do
Paraná para ter facilidades na remessa de dinheiro para o exterior por
meio das extintas contas CC-5. Ele havia conseguido o benefício da
delação premiada e, por isso, estava em liberdade. Na última
segunda-feira, a PF havia desarticulado quatro grandes quadrilhas de
lavagem de dinheiro, prendendo os doleiros Alberto Youssef, Carlos Habib
Chater e Enivaldo Quadrado – este último condenado no julgamento do
mensalão.
LEIAM ABAIXO
— Aécio
cobra responsabilidade de Dilma por prejuízo bilionário da Petrobras;
oposição fala em CPI; hipótese virtuosa para a presidente é a
incompetência;
— Petrobras: a trapalhada de Dilma para tentar se livrar do rolo;
— Executivos da Petrobras rebatem versão de Dilma e dizem que ela tinha como saber de tudo;
— Filha de Marco Aurélio derrota profissionais mais experientes e é nomeada por Dilma para o TRF. Pois é…;
— Marco Civil: governo perde de novo e vai ceder; restrição de parlamentares sobre superpoderes presidenciais é pertinente!;
— Este vídeo explica por que a canalha bolivariana quer calar Maria Corina;
— Se a mulher não pensa como Dilma acha que deve pensar, ela não vê nada demais em que lhe chutem a cara, quebrem-lhe o nariz e lhe cassem o mandato. É tudo merecido!;
— Saneamento: Brasil ocupa 112ª posição em ranking de 200 países;
— Gleisi Hoffmann bate boca com líder do PSDB em comissão do Senado;
— Que vergonha! Dilma estava escondendo até agora que apoiou, sim, a compra, pela Petrobras, de refinaria-sucata nos EUA que gerou prejuízos à Petrobras de US$ 1,18 bilhão!;
— Lula associa Campos a Collor, o que é um despropósito! Isso evidencia que o PT está com medo e investe no discurso terrorista;
— Sob gritos de “fora Dilma”, Congresso adia para abril análise de 12 vetos presidenciais;
— Delúbio recebe advertência por mordomias na prisão;
— FHC como vice de Aécio? Não! Esta tem de ser uma disputa sobre o futuro, não sobre o passado;
— Os pais de Yorrally vão a Brasília em busca de Justiça, mas a imprensa os esconde
Por Reinaldo Azevedo
— Petrobras: a trapalhada de Dilma para tentar se livrar do rolo;
— Executivos da Petrobras rebatem versão de Dilma e dizem que ela tinha como saber de tudo;
— Filha de Marco Aurélio derrota profissionais mais experientes e é nomeada por Dilma para o TRF. Pois é…;
— Marco Civil: governo perde de novo e vai ceder; restrição de parlamentares sobre superpoderes presidenciais é pertinente!;
— Este vídeo explica por que a canalha bolivariana quer calar Maria Corina;
— Se a mulher não pensa como Dilma acha que deve pensar, ela não vê nada demais em que lhe chutem a cara, quebrem-lhe o nariz e lhe cassem o mandato. É tudo merecido!;
— Saneamento: Brasil ocupa 112ª posição em ranking de 200 países;
— Gleisi Hoffmann bate boca com líder do PSDB em comissão do Senado;
— Que vergonha! Dilma estava escondendo até agora que apoiou, sim, a compra, pela Petrobras, de refinaria-sucata nos EUA que gerou prejuízos à Petrobras de US$ 1,18 bilhão!;
— Lula associa Campos a Collor, o que é um despropósito! Isso evidencia que o PT está com medo e investe no discurso terrorista;
— Sob gritos de “fora Dilma”, Congresso adia para abril análise de 12 vetos presidenciais;
— Delúbio recebe advertência por mordomias na prisão;
— FHC como vice de Aécio? Não! Esta tem de ser uma disputa sobre o futuro, não sobre o passado;
— Os pais de Yorrally vão a Brasília em busca de Justiça, mas a imprensa os esconde
Aécio cobra responsabilidade de Dilma por prejuízo bilionário da Petrobras; oposição fala em CPI; hipótese virtuosa para a presidente é a incompetência
O
senador tucano Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da
República, cobrou explicações da presidente Dilma Rousseff no caso da
compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, pela Petrobras. Seria só
espuma eleitoral?
Ora, o
caso é um escândalo mesmo, e dos grandes! O fato de o senador tratar do
assunto é natural. Política é também um jogo — aliás, ninguém inventou
nada melhor para a organização das sociedades. E, como em todo jogo,
aproveita-se também o erro ou a má-fé dos adversários. Para sintetizar o
caso: em 2006, a Petrobras comprou de uma empresa belga 50% de uma
refinaria que fica em Pasadena, no Texas, nos EUA. Pagou US$ 360
milhões. Até aí, tudo bem! Poderia valer isso tudo. Ocorre que a Astra,
que é a empresa dos belgas, havia pagado pela refinaria inteira, menos
de um ano antes, apenas US$ 42,5 milhões. Ou seja: a Petrobras pagou US$
360 milhões por aquilo que valia… US$ 21,25 milhões. Um ágio de 1.590%.
Como num quadro daquele programa de humor bem antigo, “A Praça da
Alegria”, os belgas disseram: “Brasileiro é tão bonzinho”. O diabo é que
a turma da Petrobras foi boazinha, sim, mas com o nosso dinheiro. Como
sempre.
A coisa
não parou por aí. Cláusulas contratuais esdrúxulas e leoninas obrigavam a
Petrobras a fazer pesados investimentos na refinaria — US$ 750 milhões
na parte que lhe cabia — e a adquirir a metade dos belgas caso a
sociedade não desse certo. E não deu. No fim das contas, o assunto foi
parar na Justiça, e a empresa brasileira teve de comprar a outra metade
por US$ 820,5 milhões. Desembolso total da Petrobras: US$ 1,18 bilhão de
dólares. Aí o leitor pragmático pensa: “Fazer o quê, né, Reinaldo? O
negócio agora é botar a refinaria para funcionar!”. Ledo engano! Ela
está parada. É considerada obsoleta e não serve para refinar o petróleo
brasileiro. E Dilma com isso?
Ela diz
que não sabia da cláusula que obrigava a Petrobras a comprar os outros
50% dos belgas. Embora isso seja muito grave, a presidente não está
livre de responsabilidade, como lembrou Aécio. O que está claro agora é
que ela sabia, sim, da compra daquela primeira metade, em 2006. Sabia e
aprovou. Era chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de
Administração da Petrobras. Dilma achou normal pagar US$ 360 milhões por
aquilo que valia, um ano antes, US$ 21,25 milhões.
Em seu
pronunciamento no Senado, Aécio afirmou nem desconfiar da honradez
pessoal da presidente, mas criticou o que chamou de “terceirização de
responsabilidades”. É isso mesmo! Não dá para a presidente vir agora a
público, como fez, afirmar que ignorava as condições do contrato. De
resto, cabe uma pergunta: quando ela tomou ciência, então, da lambança
inteira, fez o quê? Até onde se sabe, nada!
Pior: o
homem que negociou em nome dos belgas era um velho conhecido da
Petrobras: Alberto Feilhaber, que havia trabalhado na empresa por longos
20 anos e se transferido, depois, para a iniciativa privada —
justamente a Astra. Pela Petrobras, preparou o papelório o sr. Nestor
Cerveró, que era diretor da Área Internacional da empresa brasileira.
Mudou de cargo. Hoje é diretor financeiro da BR Distribuidora. Subiu na
vida. O caso está sendo apurado pelo Ministério Público Federal e pelo
Tribunal de Contas da União.
O
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), acha desnecessário abrir
uma investigação no Congresso. Afirmou: “A investigação política só tem
sentido quando o fato não está sendo investigado pelas vias normais.
Quando está, nós precisamos fortalecer esse caminho e aguardar o
resultado. Se não estiver sendo esclarecido pelas vias normais, e não é o
caso, você faz uma investigação política”.
Dilma fica
feliz quando o PMDB se comporta como aliado, né? Fica devendo mais esse
favorzinho ao partido. Renan está errado, claro! Fosse assim, casos
apurados pelo MP ou pela PF jamais renderiam CPIs. Parlamentares da
oposição falam na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O
grupo de Eduardo Cunha (PMDB), líder do PMDB na Câmara, emite sinais de
que pode aderir à proposta. Vamos ver. Se esse não é caso para CPI, qual
seria?
Como a
gente percebe, a difícil situação em que se encontra a Petrobras não é
obra do acaso nem do improviso. As dificuldades foram meticulosamente
construídas. Não há hipótese virtuosa para o que aconteceu. A saída
moral da presidente é dizer: “Fui incompetente!” . Até porque, se não
foi um caso de incompetência, só resta uma alternativa. E é bem pior.
Texto atualizado às 5h29 desta quinta
Petrobras: a trapalhada de Dilma para tentar se livrar do rolo
Por Natuza Nery, Valdo Cruz e Andreia Sadi, na Folha:
Irritada com o texto de uma nota produzida pela cúpula da Petrobras para explicar a aprovação da compra de uma refinaria no Texas, Dilma Rousseff inutilizou o documento e escreveu, de próprio punho, a resposta oficial que acabou trazendo a polêmica para dentro do Planalto. Segundo a Folha apurou, a chefe da estatal, Graça Foster, havia proposto uma nota curta à imprensa. Nela, repetia a antiga versão da empresa, na qual a aquisição da refinaria, há oito anos, se dera com base em informações que indicavam um bom negócio.
Irritada com o texto de uma nota produzida pela cúpula da Petrobras para explicar a aprovação da compra de uma refinaria no Texas, Dilma Rousseff inutilizou o documento e escreveu, de próprio punho, a resposta oficial que acabou trazendo a polêmica para dentro do Planalto. Segundo a Folha apurou, a chefe da estatal, Graça Foster, havia proposto uma nota curta à imprensa. Nela, repetia a antiga versão da empresa, na qual a aquisição da refinaria, há oito anos, se dera com base em informações que indicavam um bom negócio.
Dilma,
porém, decidiu criar outro documento, no qual revela uma nova versão. A
nota foi decidida na noite de anteontem em reunião com os ministros
Aloizio Mercadante (Casa Civil), Thomas Traumann (Comunicação Social),
Luís Inácio Adams (advogado-geral da União) e o chefe de gabinete da
Presidência, Beto Vasconcelos.
Na
resposta ao jornal “O Estado de S. Paulo”, depois divulgada
publicamente, a presidente afirma, de forma categórica, que o colegiado
votou a favor da compra de 50% das ações da refinaria de Pasadena com
base em um relatório “técnica e juridicamente falho”, pois o parecer
disponível em 2006 “omitia qualquer referência” a cláusulas contratuais
que, “se conhecidas, seguramente não seriam aprovadas pelo Conselho” de
Administração.
Dilma diz
na nota só ter tomado conhecimento das cláusulas em 2008, quando a
Petrobras e sua sócia belga Astra Oil entraram em litígio. Ocorre que,
desde então, o Planalto e a Petrobras jamais reconheceram qualquer tipo
de “falha”, tampouco admitiram ter tomado uma decisão parcialmente no
escuro.
(…)
(…)
Executivos da Petrobras rebatem versão de Dilma e dizem que ela tinha como saber de tudo
Na Folha:
A presidente Dilma Rousseff e todos os demais membros do Conselho de Administração da Petrobras tinham à sua disposição o processo completo da proposta de compra da refinaria em Pasadena (EUA), segundo dois executivos da estatal ouvidos pela Folha. Na documentação integral constavam, segundo os relatos, cláusulas do contrato que a petista diz que, se fossem conhecidas à época, “seguramente não seriam aprovadas pelo conselho” da estatal. Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” trouxe ontem a informação de que Dilma, na época presidente do Conselho de Administração da Petrobras, votou a favor da compra de 50% da refinaria em 2006, pelo valor total de US$ 360 milhões. Em resposta ao jornal, ela justificou que só apoiou a medida porque recebeu “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”.
A presidente Dilma Rousseff e todos os demais membros do Conselho de Administração da Petrobras tinham à sua disposição o processo completo da proposta de compra da refinaria em Pasadena (EUA), segundo dois executivos da estatal ouvidos pela Folha. Na documentação integral constavam, segundo os relatos, cláusulas do contrato que a petista diz que, se fossem conhecidas à época, “seguramente não seriam aprovadas pelo conselho” da estatal. Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” trouxe ontem a informação de que Dilma, na época presidente do Conselho de Administração da Petrobras, votou a favor da compra de 50% da refinaria em 2006, pelo valor total de US$ 360 milhões. Em resposta ao jornal, ela justificou que só apoiou a medida porque recebeu “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”.
O episódio
gerou mal-estar na Petrobras, tensão no Executivo e corrida no
Congresso para a aprovação de uma CPI em pleno ano eleitoral para
investigar o caso. A compra da refinaria é investigada pelo Tribunal de
Contas da União, Ministério Público do Rio e pela Polícia Federal. A
principal polêmica é o preço do negócio: o valor que a Petrobras pagou
em 2006 à Astra Oil para a compra de 50% da refinaria é oito vezes maior
do que a empresa belga havia pago, no ano anterior, pela unidade
inteira. Além disso, a Petrobras ainda teve de gastar mais US$ 820,5
milhões no negócio, pois foi obrigada a comprar os outros 50% da
refinaria. Isso porque a estatal e a Astra Oil se desentenderam e havia
uma cláusula no contrato, chamada de “Put Option”, estabelecendo que, em
caso de litígio entre sócios, um deveria comprar a parte do outro. Na
nota divulgada por Dilma, a presidente afirma que o resumo executivo
analisado na reunião do conselho não citava essa e outra cláusula em
questão, que, se conhecidas, “seguramente não seriam aprovadas”.
Dois
executivos da Petrobras ouvidos pela Folha afirmam que o parecer
distribuído aos conselheiros não tratava especificamente das duas
cláusulas porque se limitava a fazer uma defesa do negócio em si,
considerado lucrativo em 2006 pelo governo e pela Petrobras.
(…)
(…)
Filha de Marco Aurélio derrota profissionais mais experientes e é nomeada por Dilma para o TRF. Pois é…
Por Mariana Haubert, na Folha. Volto em seguida:
A presidente Dilma Rousseff nomeou nesta quarta-feira (19) Letícia Mello para o cargo de desembargadora do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que abrange o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. Ela atuará na capital fluminense. Letícia é filha do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello e da desembargadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios Sandra de Santis. Aos 37 anos, é considerada nova para assumir o cargo.
A presidente Dilma Rousseff nomeou nesta quarta-feira (19) Letícia Mello para o cargo de desembargadora do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que abrange o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. Ela atuará na capital fluminense. Letícia é filha do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello e da desembargadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios Sandra de Santis. Aos 37 anos, é considerada nova para assumir o cargo.
Especialista
em Direito Tributário e Administrativo, Letícia foi a mais votada em
uma lista tríplice enviada pelo tribunal a Dilma. A nomeação foi
assinada na terça-feira e publicada no Diário Oficial da União desta
quarta-feira. Ela disputou o cargo com outros dois advogados mais
experientes: Luiz Henrique Alochio, 43, e Rosane Thomé, 52. No meio
jurídico, é tida uma advogada promissora, mas que dificilmente chegaria
tão cedo a uma lista tríplice se o pai não estivesse no STF.
(…)
Em entrevista à Folha no ano passado, Marco Aurélio saiu em defesa da filha: “Se ser novo apresenta algum defeito, o tempo corrige”. Ele procurou desembargadores para tratar da indicação da filha, mas nega ter pedido qualquer coisa. “Jamais pedi voto, só telefonei depois que ela os visitou para agradecer a atenção a ela”. Em 2013, o ministro do STF Luís Roberto Barroso enviou uma carta a desembargadores do TRF da 2ª Região exaltando as qualidades de Letícia. Os elogios foram feitos antes de ser indicado para compor a corte. Em retribuição, a advogada compareceu à posse do ministro, em junho do ano passado. Letícia não é a única filha de ministro do STF que galga uma vaga na magistratura. Mariana Fux, 32 anos, filha do ministro Luiz Fux, disputa uma vaga no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A lista da OAB ainda não foi enviada ao TJ.
(…)
Em entrevista à Folha no ano passado, Marco Aurélio saiu em defesa da filha: “Se ser novo apresenta algum defeito, o tempo corrige”. Ele procurou desembargadores para tratar da indicação da filha, mas nega ter pedido qualquer coisa. “Jamais pedi voto, só telefonei depois que ela os visitou para agradecer a atenção a ela”. Em 2013, o ministro do STF Luís Roberto Barroso enviou uma carta a desembargadores do TRF da 2ª Região exaltando as qualidades de Letícia. Os elogios foram feitos antes de ser indicado para compor a corte. Em retribuição, a advogada compareceu à posse do ministro, em junho do ano passado. Letícia não é a única filha de ministro do STF que galga uma vaga na magistratura. Mariana Fux, 32 anos, filha do ministro Luiz Fux, disputa uma vaga no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A lista da OAB ainda não foi enviada ao TJ.
Voltei
Já concordei muito com o ministro Marco Aurélio Mello e também já discordei muito dele. O mesmo vale para Luiz Fux. Acredito que as respectivas filhas sejam competentíssimas. Até por isso, dispensam, então, esse amor paternal que extrapola o ambiente doméstico e se estende à vida pública.
Já concordei muito com o ministro Marco Aurélio Mello e também já discordei muito dele. O mesmo vale para Luiz Fux. Acredito que as respectivas filhas sejam competentíssimas. Até por isso, dispensam, então, esse amor paternal que extrapola o ambiente doméstico e se estende à vida pública.
Com a
devida vênia, ministro, um telefonema de agradecimento de um Marco
Aurélio Mello tem peso distinto do de um outro, feito por J. Pinto
Fernandes. Quem é este? Aquela personagem de um poema de Drummond “que
não tinha entrado na história”, um qualquer.
Se há
Poder que tem de ser e de parecer mais republicano do que os outros,
esse é o Judiciário. Até porque é uma espécie de Poder dos Poderes, né? É
um “metapoder”, que disciplina a si mesmo e aos outros.
Dilma é
obrigada a nomear a primeira da lista? Não! Só o faz se quiser. Fica
tudo meio incômodo. Restam duas suspeitas: a de que pesou a influência
do pai e a de que a presidente decidiu fazer uma deferência a um
ministro do STF. O conjunto da obra não é bom.
Marco Civil: governo perde de novo e vai ceder; restrição de parlamentares sobre superpoderes presidenciais é pertinente!
O
governo, mais uma vez, roncou papo, afirmando que votaria o marco civil
da Internet ainda nesta quarta. Não deu de novo! Esse negócio do “faço e
aconteço” não tem funcionado. Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB, e
Henrique Eduardo Alves (RN), presidente da Câmara, previram que a
votação aconteceria só na semana que vem. Acertaram, como se vê.
O PMDB,
por exemplo, está dividido entre os que querem derrubar o texto inteiro e
os que cobram mudanças. O governo já cedeu num ponto que considerava
inegociável: o fim da obrigatoriedade da instalação de data centers no
Brasil. Agora exige apenas que as empresas que abrigam dados obedeçam à
legislação brasileira. Até aí… Qual não obedece?
A segunda
questão diz respeito à tal neutralidade da rede. Também esse ponto,
antes inegociável, já é negociável. A neutralidade pura e simples
impediria que as operadoras fizessem distinção de tráfego entre clientes
ou privilegiassem determinados pacotes de dados. O busílis hoje está no
Artigo 9º do projeto. Leiam o trecho polêmico. Está escrito lá:
Art. 9º O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicativo.
§ 1º A discriminação ou degradação do tráfego será regulamentada por Decreto e somente poderá decorrer de:
I – requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços e aplicações, e
II – priorização a serviços de emergência.
Art. 9º O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicativo.
§ 1º A discriminação ou degradação do tráfego será regulamentada por Decreto e somente poderá decorrer de:
I – requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços e aplicações, e
II – priorização a serviços de emergência.
Onde é que
o bicho está pegando agora? Nesse §1º: ele confere à Presidência da
República superpoderes para decidir o que lhe der na telha. Ora, decreto
é decreto — e o Congresso é simplesmente alijado de qualquer decisão.
Sim, é
verdade, as empresas de telefonia não gostam do texto. Ao pé da letra,
pode impedir a criação de produtos. É um debate pertinente, e há bons
argumentos dos dois lados. Uma coisa, no entanto, é certa: não dá para
transferir ao governo todo o poder. Uma parte dos parlamentares quer que
a lei discipline a interferência do Poder Executivo com mais precisão.
E, sinceramente, acho essa uma medida prudencial. Se for o caso, que se
crie uma espécie de agência reguladora ou um comitê permanente de
supervisão do Congresso.
Os
fanáticos da neutralidade gostam de comparar a questão com o
fornecimento de energia elétrica, que não obedeceria a nenhum crivo.
Pois é… Quem disse que não? As empresas não pagam as mesmas tarifas dos
consumidores comuns; estão submetidas, em muitos casos, a legislação
especial e podem até recorrer ao mercado livre de energia. Mas que o
mérito fique para outra hora.
Se, mais
uma vez, a tal rebeldia do PMDB tirar do Poder Executivo os superpoderes
para decidir sobre algo tão importante quanto a Internet, então, viva,
de novo!, a rebelião peemedebista.
O problema
é que tem gente que acha que o Congresso atrapalha a democracia. Eu
acho que ajuda. “Ah, mas a gente queria um Congresso melhor!” Eu já sou
diferente: querer mesmo, eu quero é um Congresso perfeito! Enquanto ele
não chega, um Parlamento que exerce as suas prerrogativas é sempre
melhor do que um que se omite.
Este vídeo explica por que a canalha bolivariana quer calar Maria Corina
No
post anterior, falo do esforço da canalha bolivariana para calar a
deputada Maria Corina Machado. É compreensível. No vídeo abaixo, vemos a
deputada tomar a palavra na Assembleia Nacional e declinar, um a um, os
nomes dos mortos pelo regime de Nicolás Maduro. Assistam. Volto em
seguida.
Como
viram, declina os nomes, exibe as fotografias e acusa o governo de
torturar os presos. E convida seus pares deputados a visitar com ela as
prisões. O que fazem os fascistoides de Maduro? Começam a gritar para
tentar abafar a sua voz.
Esse é o
país em que Lula, então presidente, afirmou ver “democracia até demais”.
Esse é o governo que, segundo Dilma, está fazendo esforços em favor da
paz.
Se a mulher não pensa como Dilma acha que deve pensar, ela não vê nada demais em que lhe chutem a cara, quebrem-lhe o nariz e lhe cassem o mandato. É tudo merecido!
Vejam esta foto.
É do
começo de maio do ano passado. Essa é a deputada oposicionista Maria
Corina Machado. Parlamentares chavistas quebraram o nariz dela a chutes,
enquanto estava caída, dentro da Assembleia Nacional. Já volto ao
ponto. Antes, outras considerações.
Lembram-se
daquela reunião de chanceleres da América do Sul, realizada no Chile,
para discutir a crise da Venezuela? Deu em quê? Ela só volta a se reunir
em abril. Enquanto isso, os mortos na Venezuela já chegam a 29, e o
governo agora resolveu mobilizar seus cães de guarda na Assembleia para
tentar suspender a imunidade da deputada Maria Corina, uma das mais
duras críticas do chavismo e do presidente Nicolás Maduro.
Miguel
Rodríguez, ministro do Interior, veio a público nesta terça para
anunciar que um informante do governo, escalado para espionar os
movimentos da oposição — ele o chamou de “A1” —, lhe contou que Leopoldo
López, o líder oposicionista preso, e a deputada tramaram os atos de
violência. Numa manobra evidente para dividir o movimento de oposição,
Rodríguez procurou isentar de qualquer responsabilidade Henrique
Capriles, outro conhecido rosto da oposição venezuelana.
Segundo o
ministro, Capriles teria sido chamado pela dupla para conspirar — “para
incendiar o país” —, mas teria se recusado. É um truque sujo, coisa de
vigaristas. Todo mundo sabe que, de fato, o homem que concorreu à
Presidência pela oposição não era inicialmente simpático às
manifestações de rua e à pressão pela renúncia de Maduro, mas as
divergências ficaram para trás.
Deputados
chavistas passaram a acusar López e Corina de responsáveis por aquilo
que chamam “assassinatos”. É de um cinismo espantoso mesmo para os
padrões bolivarianos. As vítimas, na sua quase totalidade, foram
alvejadas por motoqueiros armados, que são uma das divisões das milícias
bolivarianas.
Agora à
foto. O ódio a Maria Corina é antigo. No dia 30 de abril do ano passado,
o presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, decidiu cassar o direito
de voz dos oposicionistas até que não reconhecessem Maduro como o
presidente eleito — uma eleição escancaradamente fraudada. Não só isso:
os parlamentares chavistas partiram para cima dos seus adversários,
conforme se vê neste vídeo:
O
resultado foi o que se vê na foto lá no alto. Caída no chão, Maria
Corina recebeu cinco chutes, teve o nariz fraturado e precisou se
submeter a uma cirurgia dois dias depois.
Virão
outros mortos na Venezuela. Maduro, em vez de negociar, radicaliza.
Nesta quarta, o jornal El Nacional denunciou que o governo simplesmente
não liberou a cota de papel a que a publicação tem direito, buscando
impedi-lo de circular. Jornais de outras partes do mundo, inclusive do
Brasil, se dispuseram a ajudar.
Segundo informa o site do
El Nacional, a comissão de Direitos Humanos da União Interparlamentar,
com sede em Genebra, decidiu visitar a Venezuela para apurar as ameaças
feitas pelo governo e por milícias armadas contra os deputados
oposicionistas Richard Mardo, Julio Borges, María Mercedes Aranguren,
William Dávila e a própria Maria Corina.
A nossa
soberana, não obstante, segue no apoio incondicional a Maduro, o
assassino. Mesmo quando brutamontes chavistas chutam a cara de uma
mulher, a mulher Dilma Rousseff se cala. Afinal, Maria Corina não é uma
“companheira”. Nesse caso, é muito justo que apanhe, certo?
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