Pressão alta na juventude eleva risco de doença cardíaca mais tarde
Modelos clínicos atuais levam em conta o nível de pressão arterial a partir da meia idade. Avaliar as mudanças desde cedo pode evitar enfermidades
Intervenção precoce no estilo de vida pode prevenir ataques do coração e derrames
(Thinkstock)
"Modelos atuais levam em conta o nível de pressão arterial somente quando o risco [de doenças cardiovasculares] se manifesta, em geral na meia idade ou mais tarde, e não consideram os potenciais efeitos da pressão sanguínea na juventude ou suas mudanças ao longo da vida", informa o artigo.
Na pesquisa da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, foram analisados dados de 4.681 jovens com 18 a 25 anos no início do estudo, em 1985 e 1986, que tiveram sua pressão sanguínea medida pelos 25 anos seguintes.
Cinco grupos — Os cientistas identificaram cinco perfis dos participantes: 22% mantiveram a pressão sanguínea baixa ao longo do estudo; 42% mantiveram níveis moderados; 12% começaram com níveis moderados e sofreram uma elevação aos 35 anos, em média; 19% mantiveram a pressão relativamente elevada; 5% tinham pressão alta no começo e índices ainda maiores com o passar dos anos.
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A pesquisa mediu como a pressão arterial influenciou o risco de calcificação arterial — depósitos de cálcio podem estreitar as artérias e aumentar o risco de ataque cardíaco. A variação foi de 4% no grupo que manteve a pressão baixa do início ao fim da pesquisa, o menor índice, e 25% no grupo que começou com pressão alta e sofreu ainda mais elevação com o tempo, a maior taxa.
A hipertensão afeta 24,3% dos brasileiros adultos, segundo o Ministério da Saúde. Avaliar as mudanças na pressão arterial desde a juventude pode ajudar a prevenir doenças cardiovasculares e detectá-las mais cedo. "O estudo revela que não podemos esperar até a meia idade para enfrentar o risco de doença cardíaca. Se evitarmos o aumento da pressão arterial na juventude, podemos reduzir a incidência de ataques do coração e derrames", afirma Norrina Allen, líder do estudo.
"Em pessoas com pressão alta, uma intervenção precoce no estilo de vida e na prescrição de medicamentos, quando necessária, é importante", afirma Donald Lloyd-Jones, coautor do estudo. "Embora a pressão seja rapidamente reduzida com remédios, os danos causados pela pressão elevada no coração e nos vasos sanguíneos tendem a se manter."
Pressão alta acelera o envelhecimento cerebral
Segundo pesquisa americana, pressão arterial elevada reduz volume de regiões do cérebro envolvidas na cognição
Hipertensão: fatores de risco incluem tabagismo, consumo
de bebida alcoólica, obesidade, stress, alta ingestão de sal, colesterol
alto e sedentarismo
(Thinkstock)
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HIPERTENSÃOA condição é caracterizada por um aumento anormal da pressão nas artérias. Pode não apresentar sintomas durante anos, o que a torna ainda mais perigosa, sendo capaz de provocar doenças como acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, infartos do miocárdio e lesões nos rins. Segundo o Ministério da Saúde, a hipertensão acontece quando a pressão sanguínea se mantém com frequência acima de 140 por 90 milímetros de mercúrio (mmHg). Os fatores de risco para o problema incluem tabagismo, consumo de bebida alcoólica, obesidade, stress, alta ingestão de sal, colesterol alto e sedentarismo. Evitar hábitos como esses é uma maneira de tratar a hipertensão, que não tem cura. Homens de até 50 anos e mulheres acima de 50 anos são os mais acometidos.
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Hipertensão atinge 22,7% dos brasileiros
O estudo selecionou 579 pessoas com uma idade média de 39 anos. Quando a pesquisa começou, em 2009, os pesquisadores mediram a pressão arterial dos participantes e os dividiram em três grupos: os que tinham pressão arterial normal, os pré-hipertensos e os hipertensos. Depois, os indivíduos foram submetidos a uma ressonância magnética para que a equipe pudesse analisar detalhadamente o cérebro de cada um.
'Cérebro velho' — De acordo com os resultados, os cérebros dos participantes com pressão arterial elevada pareciam estar mais envelhecidos do que os das pessoas com pressão normal, já que apresentavam menores volumes de massas branca e cinzenta. Por exemplo, os pesquisadores observaram que o cérebro de um paciente de 33 anos com pressão alta era semelhante ao de um indivíduo acima de 40 anos e com pressão arterial normal.
No artigo, porém, os autores do estudo não souberam explicar de que forma a pressão sanguínea é capaz de acelerar o envelhecimento cerebral. No entanto, eles acreditam que isso tenha relação com o fato de que a hipertensão torna as artérias mais rígidas, o que dificulta o fluxo do sangue ao cérebro e, assim, fornece menos oxigênio e nutrientes ao órgão.
Clique nas perguntas abaixo para saber mais sobre a hipertensão:
Pimenta pode reduzir pressão alta
(Getty Images)
A substância que torna a pimenta picante ajuda a proteger os vasos sanguíneos
O cientista Zhiming Zhu, chefe da pesquisa feita pela Terceira Universidade Militar Médica da China, alimentou ratos hipertensos com uma dieta rica nessa substância, a capsaicina, e verificou a redução da pressão arterial com o passar do tempo. Pesquisas anteriores já haviam relacionado a capsaicina à redução do quadro de hipertensão, mas a diferença da abordagem chinesa foi a avaliação a longo prazo.
Conforme os pesquisadores, ainda é cedo para afirmar se o tratamento em humanos será tão satisfatório quanto se observou em roedores. Também não se pode determinar, ainda, a quantidade de pimenta de deveria ser ingerida para um resultado positivo.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, pelo menos 17 milhões de brasileiros apresentam sintomas de pressão alta. O estudo chinês foi publicado na edição do mês de agosto do periódico americano Cell Metabolism.
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