terça-feira, 11 de março de 2014

Tema de Hoje: Doenças do Coração

Problemas no casamento, doenças no coração

Mulheres infelizes com o parceiro têm a saúde mais fragilizada

Briga de casal
(Stockbyte)
Mulheres com casamento problemático têm mais chances de sofrer problemas de saúde como obesidade, hipertensão e colesterol alto - sintomas que levam a doenças cardíacas, diabetes e derrames. O estudo é da Universidade de Utah que mostra ainda serem os homens os menos afetados por estes sintomas. Eles, porém, têm os mesmos riscos que as mulheres de sofrer estresse e depressão.

Dos 276 casais entrevistados, com idades entre 40 e 70 anos, a maioria estava casada em média há 20 anos. Os estudiosos descobriram que as mulheres estavam mais sujeitas à depressão e a doenças cardíacas provenientes de brigas e discussões no relacionamento. Comprovou-se que as mulheres são mais sensíveis a esses problemas do que os homens.

Risco de doenças do coração é maior no inverno

Estudos mostram que o clima frio aumenta a probabilidade de infartos e outros problemas cardíacos

inverno
Mudanças na dieta e na fisiologia que acontecem durante os meses de inverno podem piorar a saúde cardíaca da população (Thinkstock)
Dois estudos apresentados neste final de semana durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, ocorrido em Amsterdã, na Holanda, mostraram que o inverno é a época mais perigosa do ano para quem sofre de problemas no coração. Em uma das pesquisas, os cientistas relacionaram diretamente o clima frio a um maior risco de ataques cardíacos. No outro estudo, os pesquisadores concluíram que os fatores de risco para problemas do coração — como pressão alta e nível de colesterol — eram maiores durante os meses frios do ano.
A primeira pesquisa foi conduzida por Marc Claeys, pesquisador do Hospital Universitário da Antuérpia, na Bélgica. Ele estudou como os fatores meteorológicos — e sua variação anual — poderiam afetar a saúde cardíaca da população. “Conhecer melhor os impactos do ambiente sobre os infartos do miocárdio poderá ajudar os médicos e os políticos a criarem estratégias de prevenção para a população de risco", diz o cientista.
Para isso, ele realizou uma contagem semanal dos pacientes que haviam sofrido infarto agudo do miocárdio e foram submetidos a uma intervenção cirúrgica em 32 centros cardíacos da Bélgica, entre 2006 e 2009. Foram analisados, ao todo, 15.964 pacientes.

Saiba mais

INFARTO DO MIOCÁRDIO
Popularmente conhecido como ataque cardíaco, acontece quando algo interrompe o fluxo de sangue no interior do coração, levando à morte de células do órgão. A principal causa do infarto é a formação de coágulos de gordura nas artérias coronárias
O pesquisador comparou a taxa de internação dos pacientes com dados obtidos em 73 estações meteorológicas espalhadas pelo país. Foi analisada uma série de informações — como poluição do ar, temperatura e umidade —, mas a que apresentou uma relação direta com a taxa de ataques cardíacos foi o frio. Segundo o estudo, a cada 10 graus Celsius de diminuição na temperatura mínima, o risco de infartos do miocárdio aumentou 7%.
Os cientistas ainda não sabem exatamente por que isso acontece, mas Marc Claeys cita algumas hipóteses que já foram levantadas: “Um potencial mecanismo para explicar a relação entre a diminuição na temperatura e o aumento do número de infartos é o estímulo dos receptores de frio na pele e, por consequência, do sistema nervoso central. Além disso, o aumento da agregação de plaquetas e da viscosidade do sangue durante a exposição ao frio promove a formação de coágulos.”
Rigores do inverno — O segundo estudo analisou como os fatores de risco para problemas do coração variavam na população europeia conforme a estação do ano. Para isso, os cientistas estudaram dados coletados em 10 pesquisas conduzidas com 107.090 indivíduos de sete países europeus. Cada paciente teve medidos seus níveis de pressão arterial, lipídios, glicemia, índice de massa corporal e circunferência da cintura.
Como resultado, os pesquisadores descobriram que os níveis da pressão arterial, circunferência da cintura e colesterol total foram maiores entre janeiro e fevereiro — meses de inverno no hemisfério norte — em comparação com a média anual.
Segundo o estudo, os níveis de pressão arterial sistólica foram, em média, 3,5 milímetros de mercúrio (mmHg, unidade padrão de medida da pressão arterial) menores no verão do que no inverno. "Embora esta diferença seja quase irrelevante para um indivíduo, ela é considerável quando analisamos a população como um todo, pois todos os níveis de pressão arterial são deslocados para valores mais altos nessa época do ano, aumentando o risco cardiovascular”, afirma Pedro Marques-Vidal, pesquisador da Universidade de Lausanne, na Suíça, responsável pelo estudo.
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Além disso, a circunferência da cintura foi, em média, um centímetro menor no verão do que no inverno, o que pode ser explicado pela diferença nos hábitos alimentares adotados nesses dois períodos. "Alguns fatores de risco cardiovasculares parecem tirar férias durante o verão. Isto pode explicar porque as mortes por doenças cardiovasculares costumam ser maiores no inverno. Nessa época, as pessoas precisam de um esforço extra para fazer exercício e comer de forma saudável para proteger a sua saúde", diz o pesquisador.

Saiba se você está no novo grupo de risco para doenças do coração

Reportagem de VEJA mostra que a mudança de parâmetros pode dobrar o consumo de Sinvastatina, os remédios usados para reduzir o colesterol ruim


Distúrbios cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo
Distúrbios cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo (iStock)
Desenvolvidas para o tratamento do colesterol alto, as estatinas estão entre os remédios mais consumidos no mundo. Só nos Estados Unidos há 36 milhões de pacientes. No Brasil, 8 milhões. Dá-se como certo que o número de pessoas em tratamento com estatinas deve dobrar a partir da divulgação, na semana passada, da nova cartilha para a prevenção de problemas cardiovasculares, elaborada pela Associação Americana do Coração e pelo Colégio Americano de Cardiologia. Entre as principais mudanças em relação às orientações anteriores, lançadas em 2002, estão, além da ampliação da prescrição de estatinas, a extinção de metas específicas para a redução de LDL, o colesterol ruim, tão firmemente acompanhada pelos médicos, e a criação de um teste rigoroso para o cálculo do risco cardiovascular. Diz o cardiologista Raul Dias dos Santos, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo: “As mudanças propostas abrem a possibilidade de tratamento para pessoas que se encontravam sob ameaça, mas que, até agora, não estavam em grupos de risco”.
Os distúrbios cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, com 17 milhões de óbitos todos os anos (300 000 deles no Brasil). O aumento nos casos de infarto e derrame está diretamente associado aos piores hábitos da vida moderna: obesidade, tabagismo, dietas desequilibradas (abundantes em sal, açúcar e gorduras) e sedentarismo. Esses fatores contribuem para deixar as artérias entupidas, enrijecidas e inflamadas. Não bastasse a dificuldade de mudanças no estilo de vida, uma minoria de pacientes segue o tratamento à risca. Entre os brasileiros, eles não passam de 20%. Não é à toa, portanto, que se dá o cerco agora anunciado. As diretrizes americanas dividem em quatro grupos os candidatos a tratamento com estatinas. Precisam receber tratamento medicamentoso todas as vítimas de doenças cardiovasculares; quem apresenta taxas de LDL acima de 190 miligramas por decilitro de sangue; os diabéticos acima de 40 anos; e aqueles que têm uma probabilidade de 7,5% ou mais de desenvolver infarto ou derrame nos próximos dez anos. Pela nova matemática, uma mulher de 65 anos, fumante, com bons níveis de colesterol total, colesterol bom (HDL) alto e pressão arterial dentro da normalidade precisa ser medicada. Até agora, ela não estava no radar dos cardiologistas. De acordo com as novas orientações, essa mesma senhora receberia a prescrição de doses de estatinas de moderadas a altas, conforme a avaliação médica.
A agressividade de uma terapia à base de estatinas não se define apenas pela quantidade de doses recomendada. Há pelo menos seis tipos desses medicamentos anticolesterol no mercado, cada um com uma potência específica. A atorvastatina (princípio ativo do famoso Lipitor, entre outros) e a rosuvastatina (do Crestor) estão no arsenal das terapias mais agressivas. A meta nesse tipo de abordagem é a redução de 50% ou mais nos níveis de LDL. No rol dos tratamentos moderados, quando se pretende baixar as taxas de colesterol ruim entre 30% e 50%, estão a sinvastatina (do Zocor) e a pravastatina (do Pravacol). Aqui, um parêntese: no Brasil, os doentes tendem a receber doses inferiores às ideais. Já está comprovado que, a cada redução de 80 miligramas de LDL, diminui em 52% o risco de infarto e em 42% o de derrame.
Para quem está acostumado a acompanhar os níveis de colesterol, em sucessivos exames de laboratório, pode soar estranho não ter sido feita até aqui, nesta reportagem, nenhuma referência aos patamares ótimos de LDL. Eis aí outra grande mudança proposta pelas novas diretrizes — e um de seus pontos mais controversos. Esqueça as taxas ideais de LDL, que deixam de ser a meta crucial de correção cardiovascular. Até então, se o colesterol ruim de uma pessoa sem nenhum fator de risco estivesse em 220, ela seria orientada a baixar o LDL para 160 — ou 60 miligramas a menos. Agora, nas mesmas condições, o estímulo será para cortar o LDL em 50% — 110 miligramas a menos. “Não há evidências científicas fortes o suficiente para basearmos o tratamento do LDL em metas específicas”, disse a VEJA o cardiologista americano Robert Eckel, professor da Universidade do Colorado e um dos coordenadores das orientações recém-divulgadas. “Temos, sim, a certeza científica de que o benefício cardiovascular está diretamente relacionado às doses de estatinas prescritas e, repito, não a esse ou àquele parâmetro.” Os especialistas acreditam que essa reviravolta encontrará resistência no cotidiano dos consultórios médicos. “Aqui no Brasil, sabemos que ter metas é crucial tanto para os médicos quanto para os pacientes”, diz Hermes Toros Xavier, presidente do departamento de aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. “Aumenta a adesão ao tratamento.”
As propostas contidas na cartilha das entidades de cardiologia americanas têm como base um teste para o cálculo do risco cardiovascular. Ele substitui a avaliação feita a partir do estudo de Framingham, o maior e o mais longo levantamento sobre a saúde do coração, em andamento desde 1948. O método antigo avaliava o risco de uma pessoa vir a sofrer uma doença do coração nos próximos dez anos. A partir da compilação dos quatro maiores estudos epidemiológicos realizados desde o lançamento da primeira estatina, a lovastatina, em 1987, os autores das novas diretrizes desenvolveram um questionário mais preciso do que o de Framingham. O teste de agora não dimensiona apenas o perigo das doenças cardíacas, mas também o de derrame. Além disso, são levadas em consideração as particularidades de diferentes raças (veja o quadro abaixo). O resultado avalia se a probabilidade de desenvolvimento de doenças cardiovasculares nos próximos dez anos é igual, maior ou menor que 7,5%. Esse é o único número, segundo as orientações americanas, ao qual devemos estar atentos. Ele é um dos parâmetros para usar e de que modo usar a estatina, tida como a aspirina do século XXI.

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