quarta-feira, 9 de abril de 2014

Camamu Terra Minha

BA: manguezais de Camamu e Acupe são povoados com caranguejos



Imagens

Foto: Divulgação / Bahia Pesca




Camamu/BA
Aproximadamente um milhão de filhotes de caranguejo (megalopas) foram lançados nos manguezais dos municípios de Santo Amaro (distrito de Acupe) e Camamu, a 71 e 335 quilômetros de Salvador, respectivamente, para repovoamento marinho nessas regiões. Em Acupe foram distribuídos 800 mil megalopas e outros 200 mil em Camamu, que estarão na fase adulta, prontos para captura, nos próximos seis anos.

O trabalho faz parte da Secretaria da Agricultura, através da parceria entre a Bahia Pesca e a ONG Grupo Integrado de Aqüicultura e Meio Ambiente (GIA), e Universidade Federal do Estado do Paraná, que há 10 anos realiza trabalho dessa natureza no Brasil e desde o ano passado trabalha em parceria com o Governo do Estado da Bahia.

Em Camamu foi feita a última etapa do povoamento este ano na Bahia e conforme explicou o coordenador do Projeto Puçá, o diretor-técnico da Bahia Pesca, Marcos Rocha, nas duas regiões os filhotes de caranguejo deverão se desenvolver nos próximos seis anos, mas longe da ação predadora do homem, que não deverá capturá-los. “É preciso que esse repovoamento siga o seu curso normal, para que os megalopas atinjam a maturidade e continuem, então, o ciclo reprodutivo, permitindo a recomposição da fauna nos manguezais onde foram colocados”, disse.

Parceria
Para o diretor-técnico da Bahia Pesca, todo o trabalho só terá resultados positivos se houver uma conscientização da população local e uma fiscalização dos órgãos de proteção ambiental. “É importante esse trabalho, pois os caranguejos que estão sendo colocados agora nos manguezais, só podem ser capturados quando suas carapaças tiverem em torno de seis centímetros de espessura, que é o que a legislação do Ibama permite”, disse.

O trabalho de parceria com a Bahia Pesca foi iniciado no ano passado, e além do repovoamento dos manguezais com caranguejo-Uçá, realiza ações de conscientização ambiental junto às marisqueiras, catadores, pescadores e comerciantes nessas regiões. Todo o trabalho de pesquisa, criação e reprodução das larvas de caranguejo, até a sua fase megalope, é feito na Fazenda Experimental Oruabo, administrada pela Bahia Pesca, no município de Santo Amaro, a 71 quilômetros de Salvador.

Na Oruabo, as fêmeas com ovos e as larvas do caranguejo são preservadas em tanques especiais, com a assistência de biólogos, para assegurar a reprodução e o repovoamento da espécie, com a liberação, posterior, em ambiente natural. Nas ações de repovoamento, as ações de valorização cultural, educação ambiental, de estímulo à melhoria da qualidade dos produtos gerados e busca de novas formas de agregação de valor às cadeias produtivas locais, são feitas paralelamente em escolas e associações de pescadores e marisqueiras dessas regiões.

Caranguejo- Uçá
O caranguejo- Uçá (Ucides cordatus) é da família dos ocipodídeos. Tal espécie possui coloração dorsal verde-azulada e pernas vermelhas, sendo encontrada na maioria dos manguezais brasileiros. O animal tem como caracteríostica as patas carnudas, peludas e arroxeadas. Costuma viver em locais escavados nos manguezais e só pode ser visto quando a maré está baixa, quando sai em busca de alimentos. Na época do acasalamento e reprodução, a fêma do Uçá costuma sair da toca e caminhar vagarosamente pela área próxima ao manguezal, tornando-se presa fácil dos marisqueiros.

A captura do caranguejo-Uçá é regulamentada pela portaria do IBAMA, nº 1.208, de 22 de novembro de 1989, que estabelece tamanhos mínimos para a largura de carapaça na região Nordeste (4,5cm). A Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, Lei de Crimes Ambientais, prevê, em seus artigos de 30 a 40, multas e penas de prisão de até três anos para quem destruir ou danificar áreas de preservação permanente, categoria em que o habitat do caranguejo-uçá, o mangue, está incluído.

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