quarta-feira, 23 de abril de 2014

RUMO AO XADREZ

23/04/2014
 às 18:44 - Reinaldo Azevedo na Veja


Lava Jato: Justiça aceita denúncia contra Youssef e outros seis

Na VEJA.com:
A Justiça Federal do Paraná aceitou nesta quarta-feira denúncia contra o doleiro Alberto Youssef e outras seis pessoas por crime financeiro e lavagem de dinheiro. Segundo a acusação do Ministério Público Federal, com base nas investigações da Operação Lava Jato feita pela Polícia Federal, eles mandaram para fora do Brasil de forma fraudulenta 444,6 milhões de reais entre os meses de julho de 2011 a março de 2014. Além de Youssef, foram acusados Leonardo Meirelles, Leandro Meirelles, Pedro Argese Junior, Esdra de Arantes Ferreira, Raphael Flores Rodriguez e Carlos Alberto Pereira da Costa.
As remessas ao exterior foram feitas com base em contratos de câmbio fraudulentos, para pagamentos de importações fictícias. Várias empresas foram utilizadas no esquema, entre elas a Labogen Química Fina e Biotecnologia, a Labogen SA e a Piroquímica Comercial. A Labogen, que o deputado federal André Vargas (PT-SP) é suspeito de favorecer, chegou a firmar convênio com o Ministério da Saúde em dezembro passado. O contrato só foi desfeito após o nome da empresa aparecer nas investigações da Operação Lava Jato.
O MPF afirma que Youssef é o chefe do grupo, mandante e executor dos crimes. Os demais, a mando do doleiro, atuaram em gestão de empresas e na execução dos crimes de evasão. De acordo com a denúncia, Pereira da Costa agia como gestor das empresas controladas por Youssef. Entre os elementos de prova da lavagem, o MP cita um apartamento na Vila Nova Conceição, bairro nobre de São Paulo, que Youssef comprou em 2009 com recursos de uma das empresas de fachada e que hoje vale 3.727.733,56 reais.
Petrobras
O MPF começou a apresentar na tarde desta quarta-feira as denúncias contra os demais suspeitos investigados na Operação Lava Jato, que desvendou um esquema de lavagem de dinheiro de mais de 10 bilhões de reais. O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi denunciado junto com as duas filhas (Arianna e Shanni Bachmann) e os genros (Márcio Lewkowicz e Humberto Mesquita). Ele é suspeito de ter cobrado propina de fornecedores da estatal e de ter se associado a Youssef para ocultar a origem de recursos ilícitos. Seus familiares foram formalmente acusados de “embaraço à investigação penal” por ocultar e destruir documentos que seriam apreendidos em escritório do ex-diretor da Petrobras. Depois da apresentação da denúncia, o advogado de Costa, Fernando Fernandes, voltou a requisitar à Justiça que seu cliente responda ao processo em liberdade. Ele está preso desde o dia 20 de março na carceragem da superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Por Reinaldo Azevedo
23/04/2014
 às 18:10

Se eu fosse o PT, tomaria cuidado com Vargas; se eu fosse Vargas, tomaria cuidado com o PT

“Sou persistente e vou continuar insistindo para ver se o convenço. O principal argumento é a preservação do partido e da vida do André para ele ter melhores condições de defesa para ele mesmo. O André, em benefício dele e do PT, deveria renunciar, mas é uma decisão personalíssima e o partido ou a bancada não podem impor a renúncia. É um pedido que temos feito a ele e reiterado”.
Nossa! As palavras acima são de Rui Falcão, do PT, e o “André” a que ele se refere é o deputado André Vargas, aquele que, ao saber que o doleiro Alberto Youssef havia alugado um jatinho, por R$ 100 mil, para que ele tivesse férias confortáveis, exclamou: “Isso é coisa de irmão!”. A fala  de Falcão está emreportagem de Laryssa Borges, na VEJA.com. 
Eu, hein! Se estivesse no lugar de Vargas e se Falcão dissesse uma coisa dessas, eu renunciaria correndo e ainda iria me benzer, né? Imaginem se, da minha renúncia, dependessem, como ele afirmou, “a preservação do partido e da vida”… Sim, claro!, entendi que esse “a vida” não é exatamente no sentido, digamos, biológico — aquela que Celso Daniel, por exemplo, perdeu —, mas existencial. Mesmo assim, eu daria no pé.
André Vargas está que é pura indignação! Sabe na ponta da língua os serviços que já prestou ao partido, e ninguém da cúpula aparece para defendê-lo. Vejam que curioso: cassado, ele será, isso é certo, e estará inelegível por oito anos a partir de 2015. Se renuncia, também estará inelegível pelos mesmos oito anos, mas o desgaste é menor, ainda que o processo no Conselho de Ética continue.
Então por que a resistência? Virou uma disputa lá da, digamos, “famiglia”. Ele já tinha dito que não aceitava ser enxotado. A interlocutores, tem sugerido que o ministro Paulo Bernardo e a senadora Gleisi Hoffmann — ambos, como ele, do PT do Paraná — seriam beneficiários de um esquema ilegal de distribuição de recursos na Petrobras que envolveria o grupo Schahin.
Padilha
Quem deve estar contente, dado o potencial de estrago, com o atual estágio do noticiário é Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. Afinal de contas, não foi só o avião fretado por Youssef que fez Vargas cair em desgraça, mas também o lobby que ele fez no Ministério da Saúde em favor do laboratório-fachada Labogen, uma estrovenga que, segundo à Polícia Federal, servia à lavagem de dinheiro.
O ministro da Saúde quando se celebrou o contrato era Padilha. O caso, curiosamente, sumiu do noticiário. Essa história, mais do que qualquer outra, evidencia tanto as relações de compadrio de Vargas com Youssef como o uso da máquina federal em benefício de um grupo criminoso. E isso se deu debaixo do guarda-chuva de Padilha, que também é alvo das mágoas de Vargas.
Nas hostes petistas, o ainda deputado é considerado um homem-bomba, um “pote até aqui de mágoa”, como diria o petista Chico Buarque. Por isso, é tratado com todo cuidado. Sabem como é… “Qualquer desatenção/ faça não!/ Pode ser a gota d’água.” Eu, se fosse o PT, tomaria cuidado com Vargas. Eu, se fosse Vargas, tomaria cuidado com o PT.
Por Reinaldo Azevedo

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